Como Promover a Dimensão Ética na Gestão das Instituições |
Escrito por Jose Claudio Rocha |
Ter, 09 de Abril de 2013 00:00 |
José Cláudio Rocha[1]
A ética se manifesta para nós, de maneira imperativa, como exigência moral. O seu imperativo origina-se no interior ao indivíduo, que o sente no espírito como a injunção de um dever. Mas, ele provém também de uma fonte externa, ou seja, a cultura, as crenças, as normas da comunidade. Há também uma fonte anterior, que ele diz ser originária do organismo vivo, transmitida geneticamente, geração a geração. Essas três dimensões são interligadas como se tivessem um eixo subterrâneo comum. As 03 instâncias indivíduo-sociedade-espécie formam uma tríade que Morin (2005) diz ser inseparável. Para este autor, o ser humano, mesmo em sua autonomia, é 100% biológico e 100% cultural. Contém o todo mesmo sendo irremediavelmente singular. Carrega a herança genética e, ao mesmo tempo, o imprinting e a norma da cultura.
Com a globalização econômica neoliberal a riqueza cresce em escala global, mas o fosso que separa as nações ricas das mais pobres só aumenta. Há no mundo uma crise distributiva na economia, isto é, concentração de riqueza, com um efeito cumulativo, também chamado de efeito aspirador. Os últimos relatórios divulgados pelo PNUD e o Banco Mundial comprovam o que estamos dizendo e apresentam indicadores surpreendentes:
Neste contexto as iniqüidades do sistema capitalista atingem proporções quase obscenas.
Assim enquanto muitos festejam o “êxito” do capitalismo, em relação a outros modelos sociais, tem-se um dos índices mais altos de mortalidade infantil, AIDS, acidentes automobilísticos, consumo de pesticidas, homicídios, prisões, detritos tóxicos do mundo industrializado, trabalho infantil, trabalho escravo. Esse modelo de globalização que se baseia no darwinismo social e no desmantelamento do Estado de bem estar social vem demonstrando sinais de crise: crise de mercado com o empobrecimento da população mundial e queda na demanda: crise ética, política e governabilidade (não oferece opção aos setores excluídos de integração).
Diante desse cenário percebemos que é preciso religar o homem ao meio ambiente e a cultura e vice-versa como forma de promover uma nova ética em nossas instituições que levem em consideração o todo e a interligação entre as partes. Isto passa, em primeiro lugar, em combater a idéia do pensamento único ou efeito TINA (There is no Alternative). Passa também pela discussão de soluções na perspectiva dos inéditos viáveis, futuros possíveis e historicamente viáveis, como defendida pelo educador brasileiro Paulo Freire. Passa ainda pela adoção de uma economia da diversidade baseada no respeito a diferença.
Nesse sentido, o único meio eficaz e emancipatório de enfrentar a globalização neoliberal é contrapor-lhe uma globalização alternativa. Globalização conta-hegemônica é resignificar o público e a ética em nossas instituições, centrado em escolhas políticas que qualifiquem a inserção do país em um modelo de desenvolvimento que leve em consideração as especificidades locais, o respeito a diferença e a inclusão dos diversos grupos sociais.
BIBLIOGRAFIA
MORIN, Edgar. O Método: Ética. Volume 06. Editora Sulina, Porto Alegre, 2005.
ROCHA, J. C. A Reinvenção Solidária e Participativa da Universidade. Eduneb, Salvador, 2008.
ROCHA, J.C. Teoria do Estado Democrático. Eduneb, Salvador, 2009.
[1] O autor é advogado, economista e professor universitário com especialização em gestão pública e pós-graduação em ética, capital social e desenvolvimento, É mestre e doutor em educação. |
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