Um relato de quem aprendeu na modalidade EAD Imprimir
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Escrito por Wille Muriel   
Qua, 23 de Fevereiro de 2005 21:00


No texto menciono os aspectos técnicos, humanos e de aprendizagem, envolvidos no curso de capacitação de tutores para educação a distância. Retrata uma avaliação pessoal do período em que pude vivenciar, como e-aluno, a experiência de aprender na modalidade não-presencial, especificamente, pelo sistema e-learning.

Ao final, revelo os resultados práticos desta experiência e minhas intenções para o futuro como e-aluno.


ASPECTOS DIVERSOS
Sob a ótica técnica o curso seguiu em bom termo em todas as fases. A solução de informática funcionou como deveria e serviu como um guia de aulas, com os conteúdos disponibilizados permanentemente na plataforma e-learning.

Pude acessar por vários computadores, em regiões diferentes, lugares diferentes, configurações e horários distintos.

A navegabilidade do sistema é de simples entendimento e rapidamente já estava habituado com o sistema. Não sou da geração cybernética, mas não me incluo na mesma classificação dos "analfabytes".

Um fato que deve ser ressaltado é a questão da utilidade do sistema também para a educação presencial. Sabemos que um Professor não controla o aluno no momento em que ele entra e sai da sala no sistema presencial. No meio virtual, o sistema pode proceder a auditoria, emitindo relatório parcial ou conclusivo sobre todas as atividades discentes - inclusive da freqüência e mais, do tempo de freqüência. Isto significa que pode avaliar o nível de entendimento do aluno utilizando-se de vários indicadores, como o tempo de resposta, de estudo, as páginas mais acessadas etc. São indicadores importantes para a avaliação da coordenação acadêmica, pois constituirão um rol de variáveis capazes de legitimar conclusões para a gestão do curso, como por exemplo, o envolvimento do aluno, a dedicação individual à leitura e realização de exercícios, dentre outras atividades.

Mas o maior desafio estava em minha crença pessoal, de que não se constrói conhecimento via Internet, que trabalharíamos apenas com a transmissão de informações. Neste caso foi diferente, pois tivemos que pesquisar e em muitos momentos, aprender por nós mesmos, construir glossários, procurar artigos sobre os temas, reunirmos em Chat, participar de fóruns de discussão, dentre inúmeras outras atividades. O mais interessante é que puder reconstruir todas as informações que aprendi para a realidade da minha atividade. Penso que as dificuldades impostas pelo distanciamento fizeram com que a aula calcada nos conteúdos, no que o professor sabia, perdera o status de "centro das atenções", pois estávamos muito preocupados com o nosso aprendizado. Neste aspecto, existiu, diria que, uma paranóia em relação aos resultados da metodologia - e a nossa atuação foi importantíssima para que pudéssemos atingir os objetivos do programa.

Os sistemas e-learning são dependentes dos seres humanos - na ponta da utilização das soluções tecnológicas -, tudo depende do ser humano. Os sistemas são apenas um meio e não podem ser tratados como prima-donas. O aluno é que estabelece o relacionamento com a plataforma, construindo sentimentos de repulsa ou simpatia. Neste caso, valeu a simplicidade e a objetividade do sistema. A sofisticação deve observar o conceito de eficiência para que se obtenha os resultados desejados. O e-aluno não tem tempo para decifrar códigos, aprender a forma - ele quer o conteúdo! Portanto, a maneira, o meio, a ferramenta devem ser simples - o que exige, paradoxalmente, um alto nível de sofisticação da programação.

A socialização com o método foi um dos pontos mais importantes. O cuidado com a linguagem escrita, sem perder a capacidade de expressão e interpretação, diante das limitações impostas pelo modelo, exige certo esforço e principalmente, ações educadas, pois o meio virtual não se constrange facilmente, por não agir com os olhos nos olhos do "outro", fato que muda toda a estória... É preciso ser educado e paciente, para tentar compreender intenções, responder as questões e aprender em conjunto. Em certos momentos, precisamos quebrar os tais paradigmas, livrarmo-nos de nossas prisões psíquicas para deixar-nos não saber, para poder aprender, enfim, relaxar um pouco na frente do micro, pois a EAD pode ser também, uma atividade muito prazerosa.

A disciplina é outro ponto muito importante a ser ressaltado. É preciso ser organizado e perseverante para não desistir. Um micro conectado é um concorrente atroz e incoerente. Ele nos coloca e nos retira do estudo, pois ao mesmo tempo em que nos mostra o conteúdo, recebe outras mensagens que chegam por todos os lados e às vezes, é preciso bancar o guarda de trânsito informacional. Por outras, a prioridade não é o estudo, mas o trabalho e só a disciplina pode "abrir o sinal" para que a informação útil ao aprendizado chegue ao seu verdadeiro destino. Hábitos disciplinados também auxiliam na leitura do manual do aluno, no cumprimento do cronograma e na recuperação, diante de tantas dificuldades, deve-se encarar o tempo do micro como se encara o tempo da sala de aula, ou seja, é preciso criar a consciência de que o e-aluno aprende tanto quando o aluno presencial e que para isso, deve concentrar-se em suas atividades de aprendizado da mesma forma, ou de maneira ainda mais contundente e disciplinada.

Ressalto aqui, o esforço dos cinestésicos, aqueles que aprendem melhor com papel e caneta nas mãos, pela sensibilidade, apenas, de querer e mais, de decidir mudar, tentando aprender de uma outra maneira, e por me encaixar nesta categoria em reconhecimento próprio, leonino mas legítimo. Sei que aprendi coisas de que me falavam, mas que não sabia exatamente como funcionavam. E valeu a pena também sob esta perspectiva.

EXPECTATIVAS E ANSIEDADES
Senti que o meio virtual nos aproxima da espiritualidade, pois nesta modalidade a matéria não representa muito. Estamos no campo das idéias e estas são furtivas, chegam e saem de nossas mentes, de nossos microcomputadores - daí o valor da boa metodologia -, justamente, para que possamos lidar melhor com este comportamento.

A experiência de aprender pelo meio virtual também é furtiva, quando se sabe, já se aprendeu, mas se não observarmos a questão da boa metodologia, muito se informa, mas nada se aprende.
Portanto, é preciso ocorrer uma junção de variáveis, como que em uma conspiração universal, sinergia em prol do aprendizado. Seu resultado é o saber, mas antes, temos que contar com uma metodologia adequada.

Por fim, cabe-me o bom sentimento, pela sorte de ter-me iniciado na estrada que conduzirá a humanidade ao futuro da aprendizagem, pela crença no método na tecnologia e no ser humano, com seu talento, expectativas e ansiedades.



 

Autor deste artigo: Wille Muriel - participante desde Ter, 28 de Outubro de 2003.

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