Pesquisadores criam sardinha em cativeiro no litoral de SC Imprimir
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Escrito por Revista Gestão Universitária   
Seg, 12 de Agosto de 2013 14:08

Espécies serão transferidas e utilizadas, pela primeira vez, para atuneiros

 

Penha/SC – Pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) preparam-se para transferir, de forma inédita, sardinhas-verdadeiras (Sardinella brasiliensis) criadas em cativeiro, no litoral norte de Santa Catarina, para barcos atuneiros, onde serão utilizadas como isca-viva na pesca de atuns. A atividade ocorre após a passagem de cerca de 8 mil juvenis da espécie, originárias de larviculturas produzidas pelo Laboratório de Piscicultura Marinha (Lapmar) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), para um tanque rede, onde estão se desenvolvendo, na área de cultivo da Univali, na enseada do Itapocorói, no município de Penha.

 

“O sucesso dessa ação, que deve acontecer, ainda em agosto, coroa oito anos de pesquisas na área da produção de iscas-vivas”, aponta Gilberto Caetano Manzoni, pesquisador da Univali e um dos responsáveis pelo projeto. A pesquisa para a produção da isca-viva teve inicio em 2005 quando pesquisadores do Cepsul/ICMBio e do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar/Univali) iniciaram estudos inéditos para a reprodução de sardinhas em cativeiro.

 

O projeto ganhou força, em 2010, com o aporte de recursos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), por meio do estabelecimento de parceria com o Lapmar/UFSC, que passou a dedicar-se ao estudo e desenvolveu, com sucesso, a metodologia para a reprodução de sardinha em laboratório.

 

Gilberto conta que a pesquisa nasceu da necessidade de diminuir a pressão da pesca sobre os estoques naturais de sardinha, que apresentam flutuações na quantidade capturada por causa da sobrepesca, mas diz que os benefícios decorrentes do estudo vão além da preservação e recuperação dos estoques naturais de sardinha: “Com a possibilidade da produção da espécie em cativeiro as embarcações não precisarão mais ir para o mar em busca das sardinhas para iscar seus barcos para a pesca do atum, gerando economia de tempo e de combustível”, explica o professor.

 

Nesse caso, ao invés dos barcos capturarem isca nas baias e enseadas para depois zarparem para alto-mar, o processo ficaria bem mais simples. Fazendas de iscas-vivas poderiam abastecer atuneiros antes da partida, reduzindo assim o tempo de procura por isca e, consequentemente, o custo de produção.

 

Esse estudo representa a busca pela sustentabilidade econômica e ecológica da pesca de atum e sardinha, colabora com o crescimento na produção pesqueira e redução de conflitos entre os setores artesanais e industriais. Além disso, o desenvolvimento da técnica de cultivo de isca-viva fortalece a cadeia produtiva de pescados enlatados, gerando emprego e renda no litoral sudeste e sul do país.

 

Números sobre o projeto

O recurso sardinha-verdadeira é o responsável pela manutenção de duas importantes cadeias de processo industrial de pescado, as conservas (enlatados) de atum e de sardinha. A primeira envolve a utilização de juvenis desta espécie como fonte de isca para a captura do atum e a segunda direciona-se sobre indivíduos adultos e a tem como espécie alvo.

 

A pesca de tunídeos é feita com vara e isca-viva, e desenvolve-se em duas etapas distintas: a captura de juvenis de iscas-viva, sardinhas e manjubas, e pela pesca do atum propriamente dito. O sucesso da pescaria depende da relação positiva entre a captura de isca-viva e a captura do atum. Atualmente, essa modalidade de pesca encontra-se ameaçada, não pela limitação do estoque de atum, mas sim pela captura de juvenis de outras espécies como isca-viva.

 

A principal espécie de isca-viva utilizada é a sardinha-verdadeira, entretanto outras sardinhas e as manjubas também podem ser utilizadas. Atualmente são utilizadas cerca de 1,2 mil toneladas de isca-viva por ano, sendo que dessas, 800 toneladas são de sardinha e 400 toneladas de boqueirão.

 

Estima-se que, por viagem, cada barco captura em torno de duas toneladas de isca. Se considerarmos que o peso médio dos juvenis de isca é em torno de 2,3g, pode-se dizer que, por viagem, cada atuneiro utiliza um milhão de sardinhas/manjubas juvenis.

 

Mais informações: (47) 3345-5980/9989-5316, com Gilberto Caetano Manzoni, pesquisador da Univali.

 

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