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Colunas Roberta Muriel Cardoso Rocha A necessidade de um novo modelo de gestão para as Instituições de Ensino Superior

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A necessidade de um novo modelo de gestão para as Instituições de Ensino Superior PDF Imprimir E-mail
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Ter, 10 de Fevereiro de 2004 21:00


As Instituições de Ensino Superior no país, em virtude do crescimento acelerado da oferta educacional, estão passando por um momento em que precisam planejar suas ações de forma minuciosa e eficaz para estarem aptas a lidar com a concorrência - até então desconhecida para o setor -, colocando-se diante do mercado de maneira competitiva, obviamente, sem perder de vista a missão maior da educação, que é cuidar da formação do indivíduo, que ali coloca suas esperanças, seus sonhos, seus

Diante desse grande desafio, o setor educacional não pode mais utilizar práticas de atuação arcaicas e totalmente alheias à questão do planejamento, e muito menos ignorar a necessidade de priorizar a gestão de sua Instituição de Ensino.

Embora velhos procedimentos não estejam mais adequados, não seria o caso de copiar modelos bem-sucedidos de outros setores porém totalmente inadequados para a educação, que tem uma missão particular, da qual não pode arredar-se.

Qualquer atuação em uma Instituição de Ensino que não considere o equilíbrio da especificidade do setor educacional com as técnicas de gestão que poderiam ser utilizadas tendo como referência algo que seja especialmente desenvolvido para a educação tende a ser um fracasso, não passando de um amontoado de procedimentos que só servirão para atender a algumas exigências "relâmpago" do MEC, pois dificilmente teriam algo de aproveitável ou eficiente.

Vale, nesse sentido, observar como algumas empresas de consultoria que entendem mais de administração do que de educação têm atuado nas Instituições de Ensino. É o que poderia ser chamado de "Administração Passa Régua". Quando percebem que o trabalho para mudar uma concepção é algo muito mais difícil do que imaginam, que terão inúmeros obstáculos a superar, como intervir na cultura institucional, modificar comportamentos, realocar pessoas, reinventar, criar, organizar, num passo a passo complicado, demorado, preferem desconsiderar tudo que foi feito e começar do zero, como se isso fosse resolver o problema da Instituição. Passa a régua: "Mandamos todos, ou aqueles mais entendidos, embora e contratamos elementos que, embora não tenham nenhuma identificação com a Instituição, viriam sem vícios e aborrecimentos. Ufa!! Tiramos os obstáculos da frente. Agora podemos trabalhar em paz." Esquecem-se, porém, de um detalhe: os antigos funcionários da Instituição, mesmo com vícios e alguns comportamentos que não mais condizem com o cenário atual, são, normalmente, aqueles que mais entendem do assunto.

Obviamente, com algum investimento, e desde que bem treinados, poderão contribuir imensamente com sua experiência, revelando o "caminho das pedras". Em uma Instituição de Ensino, se forem eliminados determinados indivíduos antes que se realize uma transição do que foi desenvolvido até então, pode-se estar dispensando um valioso conhecimento, que seria irrecuperável, levado para sempre com aqueles funcionários. E a experiência acumulada? E a cultura institucional? E a vocação institucional? E a história? E o histórico? Não é o caso de afirmar que não se pode demitir, mas, normalmente, são demitidos aqueles que mais sabem sobre a Instituição, embora apresentem dificuldades para aceitar mudanças. Eles trabalharam durante anos de uma determinada maneira, e agora precisam de um tempo de adaptação para, de novo, desenvolver um novo comportamento profissional. Para a Instituição, é conhecimento jogado na lata do lixo. E para onde vão esses "descartados"? Provavelmente para uma Instituição concorrente com atitude mais inteligente ou vão, com o conhecimento que adquiriram ao longo de tantos anos, montar suas próprias Instituições e tornar-se um novo concorrente. O que a Instituição ganhou, afinal? Cabe pensar nessa pergunta! Aliás, é preciso pensar em cada detalhe! Se fosse fácil...

Na verdade, não é fácil, e não será por muito tempo ainda, planejar e pensar o empreendimento educacional, bem assim executar as ações propostas pelo planejamento quando se esbarra no substantivo desse processo: as pessoas envolvidas. Nada para a educação será facilmente adaptável, pois trabalha-se com um segmento muito especial, e deve-se pensar em um modelo também muito especial, adequado para o setor, já que os atuais não seriam mesmo adequados.
Para ilustrar, considere-se o seguinte exemplo, que revela uma enorme distorção dentro de uma Instituição de Ensino. Quando se chama, em uma loja de varejo, uma pessoa de cliente, nada está ocorrendo de diferente ou que não esteja dentro do esperado. Quando se chama um aluno de "cliente", cria-se um "mal-estar" geral, como se uma gafe tremenda estivesse sendo cometida - e estamos. Quem conhece o setor sabe que o termo não é adequado, ainda que não saiba explicar o motivo. O aluno é, enfim, um cliente? Em determinado sentido, sim, mas um cliente muito especial e diferente dos outros. E por quê? O que é que o aluno compra numa Instituição de Ensino? O produto que ele deseja está pronto quando ele chega para comprar, assim como um par de sapatos, cuja cor, tamanho ou modelo pode escolher, assim como a forma de pagamento, tendo, inclusive, o direito de trocá-lo ou devolvê-lo? Não, e daí o "mal-estar" na aplicação do mesmo conceito. O aluno constrói, juntamente com a Instituição de Ensino, aquilo que ele deseja adquirir. Seria, então, o caso de dizer que se ele não foi bem em uma determinada disciplina existiu um defeito na fabricação do produto que ele adquiriu? Deveria, por essa razão, ser ressarcido pelo prejuízo? E se o aluno não teve um bom desempenho depois de formado, tal como ocorre com um carro que apresenta defeito em alguma peça? Seria o caso de chamá-lo para um "recall", como fazem as montadoras. e oferecer para ele um ajuste em determinadas disciplinas oferecidas?
Dito dessa maneira, este conceito que pode causar inúmeras distorções. Mas o exagero em algumas colocações é somente para alertar sobre o desastre que a simples aplicação de um conceito inadequado pode causar para o setor.
É necessário pensar na criação de um modelo de gestão específico para as Instituições de Ensino Superior, de forma ampla, mesmo que seja uma adaptação criativa de algum modelo próximo, mas que possa funcionar, ser aplicável, viável, que promova uma reestruturação de conceitos e que esteja totalmente voltado para a realidade do setor educacional. Deve-se buscar reconstruir o conhecimento, voltando o olhar da gestão para o setor educacional, visualizando-o como é - especialíssimo -, sabendo que nem sempre se consegue acertar logo na primeira tentativa.

Qualquer planejamento para a gestão de um empreendimento não é mesmo algo estático. É claro que se trabalha, e se deve trabalhar, com previsões. No entanto, à medida que o projeto vai sendo implantado, a necessidade de adaptações vai se tornando evidente. O processo flui, então, como um organismo. Pode-se até dizer que um organismo vivo sofre todo tipo de influência e vai se adaptando, moldando-se conforme a necessidade que se apresenta.

Assim, a gestão de um empreendimento no setor educacional também virá de um planejamento. Certamente, no momento da implantação, sofrerá alterações, que serão absolutamente necessárias. Um simples parecer homologado pelo ministro da Educação pode mudar todo o rumo do projeto. Uma nova Instituição que se instalou ao lado pode mudar todo o planejamento.

No entanto, não existe no momento um modelo de gestão apropriado para as Instituições de Ensino Superior, mas é preciso que exista. O que existe são tentativas: a maioria delas bem-intencionadas, algumas razoáveis, algumas boas, outras ousadas e inteligentes, algumas desastradas, outras desastrosas para a Instituição de Ensino, algumas não adequadas ao desafio que possuem, outras pouco dispostas a enfrentar esse desafio, embora conscientes... Enfim, propostas, tentativas...

O certo é que se pratica um exercício de erros e acertos, como não poderia deixar de ser, e com algum sucesso. Se não é tão grande assim, pelo menos a situação é melhor do que há cinco anos. O setor educacional não está habituado a avaliação, planejamento, concorrência, enfim, a gerir o próprio negócio. Acostumou-se a deixar o barco correr" conforme a corredeira durante muitos e muitos anos. Agora, é pegar o leme e seguir em frente.

 
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