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Para onde soprarão os ventos na Educação Superior? |
Escrito por Gislaine Moreno |
Qua, 16 de Junho de 2004 21:00 |
Na última sexta-feira, a Rede Globo exibiu, no Globo Repórter, um programa inteiro dedicado a analisar a educação superior em nosso paÃs. Coincidência ou não, o governo federal vem discutindo a reforma universitária, neste momento, com muita intensidade. Reforma polêmica, já que a comunidade acadêmica se sente excluÃda das discussões, tão necessárias para o êxito de qualquer mudança. O programa exibido na TV mostrou o caos em que se encontra boa parcela da educação superior no Brasil. O caso mais marcante talvez seja o do curso de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, que já bem próximo de formar a primeira turma de médicos, não tem nenhum laboratório e no quadro docente, conta com professores voluntários, assumidamente despreparados para atividades pedagógicas. Os formandos lidarão com vidas, sem terem obtido a base mÃnima necessária. Quem de nós se arriscaria a marcar uma simples consulta com aqueles que obtiveram tão precária formação? Em outro extremo, está uma universidade no interior de São Paulo, que forma Pedagogos e Artistas Plásticos que freqüentam as aulas apenas dois dias no mês, quando a legislação em vigor exige 200 dias letivos por ano. Pior, pagam caro e sabem da ilegalidade da instituição que oferece a "picaretagem". Não são, portanto, vÃtimas, mas cúmplices de uma grande farsa. Bom, mas a maior rede de televisão do paÃs expôs abertamente esses problemas em horário nobre e entrevistou o ministro da Educação Tarso Genro e o Secretário da Educação Superior, Prof. Nelson Maculan. DaÃ, vem-nos a mente uma questão: o governo fala, na proposta da reforma universitária, em cotas que favoreçam a inclusão social, em criação de um núcleo comum para o ensino superior, loteria para custear as instituições federais etc; será que o momento é de escolher os "acessórios" ou de "remendar a roupa puÃda e gasta" que revela a pobreza da educação no paÃs? Com a repercussão do noticiário global, quem sabe os ventos da discussão soprarão para outros lados e conduzirão a prometida reforma, à busca pela decência acadêmica das instituições que, infelizmente, maculam a imagem da educação superior brasileira? Já é um começo. Comemoremos! |
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