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Escrito por Jorge da Silva   
Qua, 16 de Junho de 2004 21:00

INTRODUÇÃO:
A Lei n.º 9394 / 96 - LDB criou a recuperação paralela, a progressão parcial e a obrigatoriedade dos docentes participarem da elaboração da proposta pedagógica da escola .

A Proposta Política Pedagógica provoca um novo redimensionamento nos diversos aspectos da ação educativa .

Diante desses novos princípios educativos, a função da escola se modifica e a prática pedagógica passa a considerar professor e aluno como parceiros no processo ensino-aprendizagem.

Assim sendo, torna-se necessário que os orientadores pedagógicos compreendam ser de fundamental importância , a mudança de paradigma dos professores no que concerne à APRENDIZAGEM e à AVALIAÇÃO.

Desse modo, torna-se necessário também que os orientadores pedagógicos visualizem a aprendizagem como um processo contínuo de construção de conhecimentos , que envolve várias dimensões.


I - CONTEXTUALIZAÇÃO

Avaliação é o tipo de procedimento tão difícil de ser bem executado nas escolas brasileiras, que até para iniciar a redação desse nosso pensamento sobre avaliação, questionamos por onde começar.

Achamos melhor iniciar pela definição de avaliação apresentada por Luckesi ( 1995 ) , diz que quando fala em avaliação da aprendizagem, prefere defini-la como sendo um juízo de qualidade sobre dados relevantes para uma tomada de decisão. A concepção de avaliação que marca a relação de professores e alunos , segundo Hoffmann ( 1996 ) , é a que define essa ação como julgamento de valor de resultados alcançados.

Contudo, atualmente a avaliação na maioria das escolas, encontra-se centrada no professor e se caracteriza pelo autoritarismo , onde avaliar é classificar , é aprovar ou reprovar .
Estes equívocos e contradições que acontecem na prática da avaliação tem como responsável a dicotomia entre educação e avaliação.

Hoffmann ( 1996 ) , diz que os professores percebem a ação de educar e avaliar como momentos distintos e não relacionados. Deste modo, por não dar a importância necessária que a AVALIAÇÃO deve possuir dentro do processo de aprendizagem, os professores exercem as ações acima citadas, de forma diferenciada. Assim sendo, mesmo procurando inovar, o professor " dá " matéria , aplica prova escrita , atribui nota e encerra o ato da AVALIAÇÃO.

Ao utilizar a nota como fim absoluto, o docente demonstra não ter idéia que a avaliação é um dos vários momentos de coleta de dados a ser realizado dentro do processo ensino - aprendizagem, capaz de lhe proporcionar um subsídios para um juízo de valor , que permita a tomada de uma decisão sobre o trabalho pedagógico que vem sendo desenvolvido e o conseqüente progresso ou não do aluno.

Souza (1992 ) , ao se referir ao assunto diz que a avaliação exerce um poderoso controle sobre o conhecimento, porque o aluno " estuda " para fazer prova, responde corretamente aquilo que nem mesmo compreendeu, sem esquecer que as questões são mal formuladas e permitem várias interpretações. Desta maneira professor e aluno não interagem, fazendo-se sujeitos do processo educativo. O processo de construção do conhecimento, através da aquisição gradual de saberes , não é levado em consideração. O professor trabalha com situações fechadas e orientadas para a memorização e o condicionamento, cabendo ao aluno a função de obedecer normas pré - estabelecidas e repetir no momento exato o conteúdo determinado e narrado por este docente, através de respostas que serão consideradas certas ou erradas, conforme critérios por ele estabelecidos. Essa é a avaliação da aprendizagem que a escola realiza.

Precisa o professor acabar com a prática equivocada de avaliação como julgamento de resultados de provas e testes. È preciso que o educador entenda que a função seletiva e discriminatória das notas e conceitos, provocam sérios prejuízos ao aluno, que muitas vezes o carregam para o resto da vida, com rótulos recebidos no período escolar de : aluno " fraco " , "incapaz " e pejorativamente " burro " .

Ainda esta mesma função seletiva das notas e conceitos, causam discriminação e sérios prejuízos sociais decorrentes da reprovação de estudantes das classes populares.

Portanto, a avaliação é essencial ao processo ensino - aprendizagem, sendo a ele inerente quando concebido como problematização, questionamento e reflexão sobre a ação.


" Educar é fazer ato de sujeito, é problematizar o mundo
em que vivemos para superar as contradições, compro-
metendo -se com esse mundo para recriá-lo constante-
mente " ( Gadotti , 1984 ) .

Logo, avaliação é a reflexão transformada em ação, que impulsiona a novas reflexões. Cabe ao educador uma reflexão permanente sobre a sua realidade, um acompanhamento contínuo do educando, na trajetória da construção do conhecimento.
O professor precisa ver a avaliação na escola, numa perspectiva de construção do conhecimento. Hoffmann ( 1996 ) , propõe para a realização da avaliação , na perspectiva de construção, duas premissas básicas:

a) confiança na possibilidade do aluno construir as suas próprias verdades;
b) valorização de suas manifestações e interesses.

A avaliação, na perspectiva de construção do conhecimento, abandona a idéia de que o ERRO demonstra fracasso e DÚVIDA signifique falta de conhecimento. Mas, que o aparecimento de erros e dúvidas dos alunos, numa dimensão educativa é um elemento altamente significativo ao desenvolvimento da ação educacional, pois permitirá ao docente a observação e investigação de como o aluno se posiciona diante do mundo ao construir suas verdades.

Considerando esse aluno como um indivíduo livre para tomar suas próprias decisões, crítico, inventivo , descobridor , observador e participativo, agindo com cooperação e reciprocidade, isto é transformando -se em um CIDADÃO .

Desta maneira , avaliar é criar oportunidades de ação/ reflexão, num constante acompanhamento pelo professor, que estimulará o aluno à novas questões - problemas, a partir das respostas apresentadas.

Nesta perspectiva a avaliação deixa de ser momento terminal do processo ensino - aprendizagem, para se transformar em momentos constantes de busca da compreensão das dificuldades do educando e no oferecimento de novas oportunidades de aquisição de conhecimento.

De acordo com Hoffmann ( 1996 ) , para o desenvolvimento dessa prática avaliativa, exige-se do docente uma visão ampla e detalhada de sua disciplina, de modo que lhe permita estabelecer relações entre as hipóteses formuladas pelo aluno e a cientificidade do conhecimento.


II - A FUNÇÃO DA AVALIAÇÃO ESCOLAR
Considerando que a ação educativa é intencional e , que o corolário dessa intenção é o planejamento, isto é , previsão e organização das ações .

Considerando que o desenvolvimento dessas ações ao longo do ano letivo, constitui -se em um processo, e que este é um conjunto de objetivos a serem alcançados.

Considerando que este processo precisa de informações contínuas no que se refere ao seu desenvolvimento ( Feedback ) , visando à correção de possíveis distorções e ao encaminhamento dos objetivos previstos .

Assim sendo, podemos dizer que a avaliação como parte integrante do Planejamento do Processo de Ensino - Aprendizagem, apresenta três funções:


1 - Função Diagnóstica
Tem por finalidade realizar uma sondagem de conhecimentos e experiências já disponíveis no aluno, bem como a existência de pré - requisitos necessários à aquisição de um novo saber. Permite ainda identificar progressos e dificuldades de alunos e professores diante do objetivo proposto.

2 - Função Formativa
Tem por finalidade proporcionar o feedback ( retroalimentação ) para o professor e para o aluno, durante o desenvolvimento do processo ensino - aprendizagem . Propicia aos envolvidos ( professor / aluno ) no processo ensino - aprendizagem, a correção de falhas, esclarecimentos de dúvidas e estímulo a continuação do trabalho para alcance do objetivo. Proporciona também ao docente informações sobre o desenvolvimento do trabalho , adequação de métodos e materiais , comunicação com o aluno e adequabilidade da linguagem ( ESTRATÉGIAS ) .

3 - Função Somativa
Tem o propósito de oferecer subsídios para o registro das informações relativas ao desempenho do aluno . Considerando que a função somativa da avaliação visa proporcionar uma medida que poderá ser expressa em uma nota ou conceito sobre o desempenho do aluno , entendemos que a mesma acontecerá ao final de cada unidade de ensino ou ao final de cada bimestre ou ainda no final do ano letivo, por ocasião do Conselho de Classe , visto que esta avaliação é que proporcionará um diálogo mais objetivo entre os professores.

A Avaliação Somativa contemplará em seu interior também , tudo aquilo que foi visualizado na função diagnóstica e formativa. Portanto, é preciso que fique bem claro que provas , testes , trabalhos e pesquisas são instrumentos utilizados na avaliação para colher informações e estabelecer medidas não podendo ser identificados como PROCESSO DE AVALIAÇÃO. Aconselhamos até que o docente utilize durante o processo de avaliação, nas suas diversas funções , instrumentos diferentes , porque existem alunos que apresentam uma maior dificuldade com este ou aquele instrumento.

Podemos , então concluir que a avaliação escolar é um componente do processo ensino - aprendizagem, cujo propósito é recolher informações que possibilitem estabelecer uma correspondência entre os dados obtidos e os objetivos propostos, a fim de que o professor possa verificar o desenvolvimento do aluno em relação ao trabalho executado , orientando - o assim para uma tomada de decisões em relação às atividades seguintes.

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* Palestra proferida para professores da rede municipal de D. de Caxias em abril de 1998.


BIBLIOGRAFIA
GADOTTI, Moacir. Educação e Poder - Introdução à Pedagogia do Conflito. 8ª Ed. São Paulo : Cortez ,1988.
GANDIN , Danilo. Escola e Transformação Social. 2ª Ed. Petrópolis: Vozes1991 .
HOFFMANN, Jussara. Avaliação : Mito e Desafio - Uma Perspectiva Construtivista. 18ª Ed. P. Alegre: Mediação , 1996.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática . São Paulo : Cortez , 1992.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo: Cortez,1995.
MASETTO, Marcos . Didática : A aula como centro. São Paulo , FTD . 1995.
NIDELCOFF, María Teresa .Uma Escola Para o Povo. Tradução de João Silvério Trevisan . 33ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 1992.
WERNECK, Hamilton . Prova, Provão , Camisa de Força da Educação. Petrópolis: Vozes ,1995.
SOUZA, Angela Maria Calazans de. A avaliação no processo de construção do Conhecimento. Revista Amae - Educando. Belo Horizonte,( 226 ) 9:11 ,1992.

 
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