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Edições Anteriores 160 A saga dos calouros universitários
A saga dos calouros universitários PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Eurípides Silva   
Qua, 14 de Maio de 2008 21:00
Sempre que convidado a falar para calouros dou preferência a temas de conscientização sobre o significado e a importância da vida acadêmica. Começo lembrando que a universidade pode proporcionar-lhes uma das mais ricas experiências de suas vidas, pelo que representam os valores intrínsecos à sua missão e seu papel de locus do saber, de fonte da cultura e de alternativa para o enriquecimento da vida cívica. Entre exemplos, chistes e curiosidades - para manter o clima de interesse ao longo da palestra -, procuro contrapor as oportunidades dos alunos aos paradoxos educacionais do país, desnudando algumas estatísticas cruéis, como as que descrevem nossas taxas de analfabetismo urbano, de 11% (muito superior à de países como Argentina, Paraguai e Uruguai), e de acesso à universidade, de apenas 10%, na faixa etária dos 18 aos 24 anos (a média mundial é de 30%; a dos países desenvolvidos, 70%!).

Nesta perspectiva, faço vir à tona temas como democratização do acesso à educação de qualidade, tecnologia e educação, diploma e profissão, profissões do futuro e profissões de futuro até chegar a um tema que os deixa de olhos brilhando: como ser bem sucedido na universidade! Neste momento, falo de uma das mais universais virtudes, cujo cultivo, mostro-lhes, é essencial para o sucesso: a perseverança. Forneço-lhes uma profusão de exemplos, a começar pela minha humilde história, iniciada no longínquo ano de 1967 ao deixar Nhandeara rumo ao CAASO, curso pré-vestibular da USP de São Carlos. Falo ligeiramente de minha vivência acadêmica e administrativa (de quase 40 anos de renúncia e trabalho) e faço breve alusão à experiência universitária e profissional de meus próprios filhos.

Ao tratar da perseverança, começo reconhecendo que a vida dos calouros não é fácil. Que bom seria se tudo se resumisse em abrir mão do clube, do cinema, das novelas, do futebol, do shopping...! Falo do estresse (comparável ao do vestibular) das provas e dos trabalhos, do choque de culturas, das dificuldades de adaptação e das saudades da família. Falo da superlotação das salas de aula, da precariedade dos laboratórios e bibliotecas, dos problemas financeiros e, por fim, das poucas e ineficazes políticas institucionais de apoio acadêmico (ainda que preconizadas pelo MEC), com ênfase às deficiências de formação trazidas da educação básica e grandemente responsáveis pela evasão dos calouros.

Neste contexto entram a perseverança e suas múltiplas significações (determinação, constância, tenacidade e obstinação, entre outras), atributos indispensáveis para o êxito universitário. Nesta hora faço-os ver que os melhores alunos, os mais produtivos ou os mais eficientes, não se encontram necessariamente entre os mais inteligentes, mas, por via de regra, entre os mais perseverantes. Poucas deficiências, de natureza intelectiva, psicológica ou moral, parecem tão prejudiciais aos alunos, sobretudo aos ingressantes, quanto a falta de perseverança. A inconstância, além de anular a energia e os esforços despendidos no dia-a-dia, leva a um contínuo e nocivo sentimento de insatisfação e de culpa, potencializando os malefícios e os malogros decorrentes das oportunidades malversadas.

Bem a propósito, quando já os percebo cansados, lembro-lhes que todo sacrifício vale a pena. Inclusive assistir a palestras como a minha. Enquanto caem na risada, encerro com os exemplos de perseverança que foram Aleijadinho, Beethoven, Henry Ford, Michael Faraday e Thomas Edson, entre uma infinidade de outras celebridades.

Eurípides A. Silva, doutor em Matemática pela USP e aposentado pelo IBILCE/UNESP, do qual foi diretor ( Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. ).


Sobre Eurípides A. Silva
Formação:
Eurípides Alves da Silva é graduado em Matemática pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São José do Rio Preto - SP (atualmente Instituto de Biociências, letras e Ciências Exatas - IBILCE, campus da Universidade Estadual Paulista - UNESP). Possui mestrado e doutorado em Matemática, obtido pela USP de São Carlos junto ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - ICMC/USP.
Histórico:
Foi diretor do Instituto de Biociências, letras e Ciências Exatas de São José do Rio Preto - IBILCE/UNESP, onde se aposentou pelo Departamento de Matemática, e diretor-presidente da Fundação VUNESP. Sua produção acadêmica desenvolveu-se na área de Matemática Pura e, depois de aposentado, na Educação Matemática (sua obra mais recente, nessa área, produzida em co-autoria com o Prof. Marcos Luiz Lourenço, trata-se do livro "Geometria das Coordenadas - Atividades com o Cabri-Géomètre II"). Nos últimos anos tem atuado na gestão universitária como consultor e assessor acadêmico de instituições privadas (sua produção mais recente nessa área encontra-se no prelo e leva o título "Da Constituição Federal ao 1º. Ciclo do SINAES 2007-2009", desenvolvida em co-autoria com o Prof. Wilson Maurício Tadini).

 
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