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Escrito por Samuel José Casarin   
Qui, 17 de Janeiro de 2008 21:00
Alguns termos parecem viciados em aparecer na mídia. Aparecem tanto que cansa. Cansa porque são por demais conhecidos e nada se faz para alterar a situação em questão. Os termos que me refiro são aqueles do tipo “falta qualificação no mercado”, “os cursos precisam diversificar”, “professores não são qualificados”, “nosso ensino fundamental e médio é fraco”, “o país é tecnologicamente atrasado”, “falta integração entre empresas e universidades”, “o que se ensina é diferente do que o mercado de trabalho quer” e vai por aí afora.

Nas últimas semanas pude ler alguns artigos de vários articulistas de jornais e revistas que discorrem sobre assuntos que por mais que sejam de conhecimento geral, não são solucionados, mesmo com todos o sistema de regulamentação implementado pelo Ministério da Educação (MEC).

O economista Roberto Macedo, que tem um espaço no jornal O Estado de São Paulo, escreveu em um artigo recente (28-10-207) que os cursos precisam diversificar. Segundo seu artigo, é uma pena que os diversos cursos superiores no Brasil sejam ministrados tão segregados uns dos outros, em escolas, faculdades e departamentos muito específicos naquilo em que ensinam. Segue dizendo que, de modo geral, isso retira dos estudantes a possibilidade de compor seus currículos com disciplinas de outros. Conclui que a segregação dos estudantes em cursos estanques é uma praga do sistema educacional brasileiro, e de difícil erradicação.

Hélio Rangel Terra que preside a Manager Assessoria em Recursos Humanos também escreveu em artigo recente no jornal Estado de São Paulo (04-11-207) que “Falta Qualificação no Mercado”. Segundo o presidente da Manager o PIB brasileiro cresceu nos últimos anos mas a taxa de desemprego não diminuiu, porque faltam profissionais qualificados para as vagas oferecidas. Segundo o artigo, há setores da economia que estão crescendo muito rápido e não estão conseguindo suprir a demanda de profissionais. Indústrias como a de álcool e açúcar, petróleo, construção civil e mercado financeiro estão oferecendo quase um milhão de vagas e não conseguem preenche-las.

Sugere como solução uma mudança estrutural e cultural nas instituições de ensino superior, embora deixe claro que para resolver tal problema há a necessidade de três setores participarem ativamente: universidades, empresas e profissionais.

A Folha de São Paulo do dia 28-10-2007 trouxe um artigo com a receita da Consultoria McKinsey sobre o que funciona na educação. Segundo sua receita as escolas precisam fazer três coisas: contratar os melhores professores, extrair o máximo deles e intervir quando os alunos começarem a ficar para trás. Segundo a Mckinsey, a qualidade dos professores exerce a maior influência sobre o desempenho dos alunos. A pesquisa da McKinsey envolveu países como Finlândia, Coréia, Japão, Cingapura, Alemanha, Espanha, Suíça e EUA.

Para se ter uma idéia dos resultados dessa pesquisa, quando se fala em contratar os melhores professores, pensa-se logo em salários. Segundo a McKinsey, se dinheiro fosse tão importante, os países com os melhores salários para professores (Alemanha, Espanha e Suíça) teriam os melhores sistemas de ensino, mas isso não acontece. Na prática, conclui a McKinsey, os países com melhor desempenho pagam salários não superiores a média.

O fato interessante na pesquisa da McKinsey é que Cingapura, por exemplo, provê cem horas de treinamento aos seus professores a cada ano. No Japão e na Finlândia, grupos de professores visitam as classes de colegas e planejam aulas juntos. Na Finlândia, ainda, os professores tem uma tarde de folga semanal com esse objetivo.

Em resumo, as conclusões da Consultoria McKinsey para se ter um ótimo desempenho das escolas reside em contratar os melhores professores, fato que depende de como a escola seleciona e treina estes. Lecionar pode ser uma ótima carreira mesmo sem salários milionários.

A revista Veja (ed. 2033 de 07 de novembro de 2007) trás na seção de educação um dado assustador: o brasileiro não sabe ler um mapa mundi. Para alguns desinformados de plantão, entre 1.000 pessoas pesquisadas, 2% dessa amostra, ou seja, 20 pessoas achavam que o Brasil ficava localizado na África, mais precisamente no Chade ou na República Democrática do Congo. Só pode ser brincadeira! Infelizmente não é. A revista conclui que a péssima qualidade dos professores brasileiros está na base dessa vergonha. Recentemente publiquei na Revista Gestão Universitária um artigo intitulado “Saudades da Dona Marly”, onde mostro a percepção (e decepção) que tenho hoje dos professores do ensino fundamental e médio da rede pública e comparo-os a minha saudosa professora do primeiro ano primário. Aqui volto a reforçar: que saudades da dona Marly.

Na mesma revista Veja, Gustavo Iochpe assina o artigo “Preocupe-se. Seu filho é mal educado”. A visão dele casa muito bem com a minha no artigo da dona Marly, embora ele faça um paralelo entre a escola pública e a particular. Neste mesmo artigo destaca que o ator fundamental do processo de ensino é o professor.

A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo está implementando uma espécie de remuneração complementar, por resultado, para os professores do ensino médio da rede estadual. Será que isso resolve o problema do ensino? Se o processo de formação e capacitação dos docentes continuar tão ruim como está isso de nada vai adiantar.

Acorda Brasil!!
 

Autor deste artigo: Samuel José Casarin - participante desde Qui, 16 de Junho de 2005.

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