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Escrito por Luís Sérgio Lico   
Qua, 17 de Outubro de 2007 21:00
Quando Começa o Futuro?
Luís Sérgio Lico

A duração, na qual estamos imersos é a mobilidade pura. Está além de nossa expressão analítica. Mas, podemos identificar a sucessão dos acontecimentos entre uma consciência em fluxo e o mundo externo. Intuímos a presença de padrões e conexões lógicas e necessárias. Assentimos uma relação imediatamente dada desta consciência consigo mesma e com a exterioridade, mas dentro deste incessante vir-a-ser, somente entendemos este continuum criando divisões.

Ontem, hoje e amanhã são nomes dados aos recortes que efetuamos, espacializando o tempo. Esta é a maneira pela qual uma parte de nossa racionalidade, a inteligência opera: em função da utilidade. Nada mais útil do que poder controlar um fenômeno. Estas técnicas nos permitem um determinado grau acerto ao analisar, prever e controlar como se dão estas relações e interações que nos atingem. Também permite validar ou não juízos e opiniões, estratégias e pensamentos, atravessamos, deste modo nossa condição especial de existência social (biopsicosocial?) que chamamos mundo.

ntos que pode ser observado é: Sempre que alguém quer atenção para seu discurso, o relaciona a uma série de fontes de dados. Em alguns casos, para fazer a devida referência ou buscar subsídios para o debate. Mas, na esmagadora maioria dos casos se faz isso apenas para apoio de plataformas próprias. Nada mais natural, o ser humano médio é assim mesmo e sempre busca o apelo à autoridade, que está vigente desde a idade média, a despeito de todo esforço de Descartes.

O mesmo se dá em relação a opiniões, chancelas, análises e levantamentos encomendados para mensurar sociedades, as chamadas pesquisas e verificações: apresentamos sintomas de uma endêmica necessidade de confirmações, de "opiniões" autorizadas, a nos apontar qual seve ser a interpretação do real.

Mas, pesquisas dependem da metodologia e, como se sabe, elas a priori não são isentas. Cabe verificação empírica. Mesmo porque o que se recolhe é fruto de questionários e estratificações planejadas e raciocínio indutivo. Ou seja: não se levantam dados da realidade, mas apenas se busca confirmar conjecturas ou caminhos para estratégias já previamente traçadas.

Um exemplo clássico são os levantamentos sociais: O ethos ultrautilitarista dá o tom da política atual. Mas dificilmente se apontam rumos ou soluções. Seria cômico se não fosse trágico este apontar, este delimitar de indicadores e nenhuma ação. Quando avançaremos rumo ao bem comum?

Temos a tendência de "confiar" em números. Coisas bonitas que adquirem substância e realidade quando apresentadas em gráficos e planilhas? Como chegamos a isto? Difícil resumir aqui, mas digamos que temos um bom caminho já andado e a ignorância anda de mãos dadas com a ilusão.
Há muito já se fez a denúncia: Ciência não é pura, no entanto busca-se a fundamentação na razão e no "esclarecimento. Esta é uma crença perigosa. A política se vale de meios e entremeios que fariam corar Maquiavel. Poucos se dão conta de que suas opiniões são, mormente, vazias e superficiais, só valem para expressar sua própria frustração. Uma vez extrapoladas para o contexto, se perdem, vazias e, sem fundamento ou inaplicáveis, portanto, descartáveis e descartadas pelos mandatários. Exemplos não faltam: já tivemos escândalos e manipulação de dados e veiculação suspeita na mídia e no governo antes. Os indicadores não são melhores hoje.

A ordem do discurso ainda impera. No campo das "verdades" estatísticas, a crença é xiita: saiu a tabulação têm-se a "verdade". No entanto, metodologias a priori não são isentas, assim cabe verificação empírica das chamadas "tendências". O niilismo midiático reforça o senso oportunista de uma população sem cultura: aposta-se no que tem mais pontos. Tudo é jogo e interesse. Definimos no Brasil um novo estágio do utilitarismo preferencial e os filósofos ainda não chegaram a perceber a capacidade da perversidade instalada. Quando avançaremos? Tudo deve ser levado em conta de "interesses de mercado", "estratégia e gestão". Até que ponto os cânones da administração devem nortear o humano? Todos caminhamos rumo às conceituações e esquecemos que a espacialização do tempo nos lega apenas os substratos teóricos que inundam este país de "papers". Ações são tímidas. A prática encarnada mata o espírito. Resultado: Todos amam com parcimônia e gozam com tibieza, sonegando muito neste percurso.

A pergunta que não quer calar é atualmente múltipla: Porque o desemprego estrutural, com ou sem Marx? Porque ainda a voz do cidadão não encontra meios de coerção contra o Estado? Porque a Justiça é cega, surda e lerda? Porque se morre nas filas dos hospitais e, depois de dada a notícia o âncora sorri e passa a falar de futebol e tudo bem? Porque desviamos o olhar dos que estão caídos nas ruas? A resposta não está pairando no vento, está escrita nos códigos empoeirados, no marketing aético, nas autarquias e nas associações.

Estamos longe de uma república calcada na paidéia, na meritocracia, na equidade concorrencial ou sequer desenvolvimento. Mas esta é a parte fácil, já que lutamos contra um tributarismo feroz. Mentalidade opressora que distorce e, não raro, inviabiliza a vida das pessoas e empresas. O difícil é delimitar o alcance de uma vontade de potência que constrangeria até os homens do porvir, embora dirigida aos mais ferozes instintos hedonisticamente atuais. Tempos e costumes? Faça seu comentário num blog para ninguém ver!

Dionisio está solto! Voltando ao assunto, se manipular está no vade mecum das ações, porque não das informações e dados? O que impede os subterfúgios, as interpretações dolosas, as chicanas jurídicas e estatísticas? A possibilidade de usar o avião em campanha é remotamente ética. Presidentes do senado enroscados em modelos crônicos de corrupção, logo serão substituídos por outros tantos lobbies e jabás. Tudo vai mal, esganiçava-se Robertão Rei, mas o pior é saber que poucos terão coragem ou inteligência para ousar ações impeditivas do mal. Já os sectários das disciplinas ditatoriais florescem a cada calourada nas universidades públicas e após invadirem reitorias e cantarem Vandré, vão embora com o pequeno butim para o boteco. Mas estes são apenas anacrônicos imbecis, malvados mesmos são os que dão usinas para terroristas e fazem ameaças tributárias, dizendo que se cortarem impostos haverá menos feno para o gado.

Mas, para os que cultivam a idolatria dos indicadores não posso deixar de contribuir com algumas estimativas: Enquanto finalizo estas mal traçadas linhas, 5 ou 6 pessoas morreram assassinadas no estado e outras 15, talvez menos, de fome e doenças parasitárias. 10 empresas fecharam e milhares foram despedidos. Umas tantas enlouqueceram e mataram a amante, enquanto outros cometeram latrocínio, concussão ou foram para a cama com crianças. Traficantes se reúnem toda noite embaixo de minha janela, que tranco cuidadosamente pois não posso contar com uma polícia investigativa e firme. Se eu denunciar me identificando, estarei com os dias contados.

Amanhã tento engulir isto, de novo, com um café preto (sem racismo) e um pão na chapa. E o espetáculo da vida continua! Até que a ingrata das gentes me surpreenda nas mandíbulas de um cachorro ou naquela bala perdida. Se tiver sorte, viverei para contemplar a extinção dos últimos ecossistemas e me abrigarei nas marquises sem chuva do pesadelo de Loyolla Brandão, após o fim das economias de mercado. Cruz credo! Nem sei o que é pior.

Contudo é isto o que nos espera e o que estamos acostumados a aceitar - calados e sem meios de gritar -, mesmo que quiséssemos. Faltam instrumentos eficazes e a própria liberdade de expressão e de agir é um controle imposto a todos: digam o que quiserem, ninguém ouvirá. O atendimento foi terceirizado, as leis e o dinheiro também. Fugir ou lutar também é complicado: marxismos são ignorantes, míopes e antidemocráticos, mas poderios econômicos são devastadores, sombrios e acachapantes. A questão, entre outras é: O que será de nós agora, que o tempo já chegou? Mas, também podemos perguntar: Quando começa o futuro? Alcançará o bicho homem o seu destino? Quando avançaremos para o bem comum? Quando viverei e morrerei como homem e cidadão? Acabou o texto e falta ainda tanto a dizer...



Luís Sérgio Lico é Filósofo e Conferencista. Especialista em Treinamentos, Palestras & Workshops de Alto Impacto Motivacional. Professor, Articulista e Autor do Livro: O Profissional Invisível. Contatos: E-mail: Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. Visite o hotsite : http://palestras.consultivelabs.com.br



 

Autor deste artigo: Luís Sérgio Lico - participante desde Qua, 26 de Setembro de 2007.

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