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Escrito por Adna Sousa de Oliveira   
Qua, 15 de Agosto de 2007 21:00
Mídia Televisiva e Práticas Pedagógicas: Alguma Relação?
Adna Sousa de Oliveira

É indiscutível a influência da TV na vida das pessoas, isto abrange crianças, adolescentes, jovens, adultos e até mesmo idosos. É impressionante como a televisão, através das programações destinadas ao público em geral, conseguem atrair tantos telespectadores, já que é uma raridade uma pessoa não está em frente a um desses aparelhos em alguma hora do dia ou da noite, "apreciando" seus programas favoritos, a exemplo da telenovela, que há décadas, dita a moda, o comportamento e paixões dos telespectadores de todas as idades.

Percebe-se que nesses últimos tempos, as novelas destinadas ao publico jovem, estão influenciando cada vez mais esses telespectadores, ao ponto de "educá-los", em conformidade com os ideais da cultura exaltada pelos meios de comunicação. Silva (2004), observa que o poder da TV sobre os adolescentes, reside na forma como são manipulados pela possibilidade de uma vida fácil e de um futuro promissor.

A novela Rebeldes (2006), por exemplo, virou mania entre os adolescentes, moldando seus comportamentos, atitudes, idéias e pensamentos. Segundo Cereja (2002, p. 230), "O único valor coerente que essa cultura apresenta é o narcisismo". O autor faz uma crítica ao estabelecer uma relação entre telespectador e "narcisismo ", no intuito de explicar a ânsia que se têm pela beleza, vaidade, fama e posição social, sendo motivada pelo potencial midiático, através das variadas programações televisivas. Isto implica, sobretudo, o voltar-se exclusivamente para uma beleza frenética, de um padrão extremo, que trás como resultado, a apropriação em massa, de uma cultura "inventada" pelos empresários da mídia.

Concordamos com Belloni, (2001, p. 57), quando afirma que, "As crianças e adolescentes nas sociedades contemporâneas aprendem mais com a televisão do que com os pais e professores". Nesse sentido, indagamos se os educadores do presente século estão conscientes da realidade que envolve o poder da mídia sobre os educandos?

O que se têm feito, em termos de contribuição para o exercício de uma postura critica entre os jovens telespectadores, a começar na sala de aula?

Miranda (2003) destaca em linhas gerais que, diante da ausência dos pais no lar e a pouca participação da escola no processo de formação pessoal, a televisão acaba cumprindo papel de agente socializador e modelador do jovem de hoje. A pesquisadora destaca que, se o adolescente não sabe o que deve fazer, por falta de uma orientação, vai encontrar na televisão um espelho para sua vida. Vai partir da imagem para desempenhar os seus papéis, agindo de acordo com a novela.

Nessa perspectiva, deve-se analisar os inúmeros conteúdos ou elementos que podem ser explorados pelos educadores ao longo de suas práticas pedagógicas, no intuito de promover a reflexão entre os educandos, principalmente os de uma faixa etária jovem, que se constitui o "alvo", das sutilezas existentes nessas programações televisivas. Dentre os conteúdos a serem trabalhados, podemos evidenciar: sexualidade, violência, racismo, consumismo e, porque não dizer o narcisismo, mesmo que de uma forma discreta.

A revista Nova Escola na edição de maio de 2006, destaca com muita ênfase a importância da reflexão sobre o modismo no cotidiano escolar, considera-se que, " Professores e pais podem lidar de modo proveitoso com essas manias periódicas e ganhar experiências para quando vier a próxima". Dentre as estratégias apontadas pela revista, em torno de "Como usar o modismo a favor da Educação", evidenciamos a busca pela compreensão do que está "fazendo a cabeça dos alunos", bem como a utilização de trechos de programas para estimular a reflexão sobre os modismos.

De fato, não se pode negar o quanto a criança, principalmente a que pertence a uma classe social desfavorecida, se diverte diante de um programa televisivo. O problema maior é: como essas crianças estão absorvendo esses conteúdos? Será que o professor tem, ao longo de suas práticas pedagógicas, refletido sobre o tipo de "educação" que é oferecida cotidianamente pela mídia televisiva?

Acredita-se que, na sociedade atual, o professor deve ter autonomia para utilizar estratégias, a partir do uso das tecnologias disponíveis, encarando-as como um recurso didático, capaz de subsidiá-lo no ensino sobre determinados fenômenos sociais ou conteúdos de ordem educacional.

Nesta perspectiva, indagamos: após tantos investimentos por parte das políticas educacionais, em introduzir aparelhos televisivos nas escolas públicas, será que, de fato, se têm procurado enriquecer o processo de ensino-aprendizagem, mediante a disponibilidade de tais recursos? Fazemos este questionamento a partir da compreensão que temos sobre a importância da participação do educador neste processo.

Neste sentido, a mediação pedagógica é fundamental no processo de conscientização, quanto ás informações "jogadas" pelos meios de comunicação. Somos sujeitos midiáticos. Nesta perspectiva, estamos certos de que, as crianças de hoje estão penetradas, desde muito cedo, no mundo da informação, já que os apelos da televisão e outros meios de comunicação, influenciam e modificam suas formas de pensar e agir.

Belloni destaca a "Autodidaxia" como um novo modo de aprender. Na verdade, a autora associa este termo aos novos métodos e estratégias de ensino, considerando duas razoes necessárias para a compreensão do processo de aquisição de conhecimentos na sociedade informatizada, que seriam: "entender como funciona esta autodidaxia para adequar métodos e estratégias de ensino; e assegurar que não se percam de vista as finalidades maiores da educação". (2001, p. 5).

Acredita-se na urgência da diversificação didática para a prática educacional dos nossos dias, pois a televisão tem viciado as crianças a absorverem, precocemente, determinadas informações, que se não forem trabalhadas no contexto das práticas pedagógicas, é possível que haja prejuízos comprometedores para o futuro desses educandos. Podemos evidenciar os comportamentos que são moldados a partir das ficções televisivas, a exemplo das novelas ou outros programas destinados ao público jovem. Diante dessa realidade, perguntamos se as escolas e suas propostas pedagógicas estão se preocupando com a formação do aluno telespectador, em outras palavras, se estão exercitando a capacidade de crítica dos alunos com ralação as mídias televisivas.


1-Rebeldes: novela Mexicana exibida (2006), de segunda a sábado pelo SBT, às 18h45.
2-Termo que provém da mitologia grega: "o mito de Narciso", que significa "homem vaidoso" (Aurélio 2001) - expressão utilizada pelo autor para designar o fanatismo pela estética, motivado pela mídia televisiva.


REFERÊNCIAS
BELLONI, Maria Luiza. O que é mídia-educação? - Campinas, SP: Autores associados, 2001
CEREJA, William Roberto (org). Português: Linguagem, 7ª série: 2ª ed. - São Paulo: Atual, 2002.
MIRANDA, Adriana. A Novela dos 'Sarados'. Jornal da Unicamp, ano XV, n° 161 -Abril de 2001. Site www.unicamp.com.br
REVISTA Nova Escola, ( Maio 2006).
SILVA, Gerson Abarca. O poder da TV no mundo da criança e do adolescente - 3. ed. - São Paulo : Paulus, 2004.
 

Autor deste artigo: Adna Sousa de Oliveira - participante desde Qua, 01 de Agosto de 2007.

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