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Escrito por Magno de Aguiar Maranhao   
Seg, 30 de Julho de 2007 21:00
Sinal multicolorido
Magno de Aguiar Maranhão


O ministro da Educação afirmou dia desses , nessas andanças que tem feito por aí, que os cursos que tiveram notas ruins e, conseqüentemente, foram mal avaliados no Exame Nacional de Desempenho - Enade, que substituiu o Provão, estão com o sinal vermelho aceso. Há quanto tempo os governos federais vêm realizando avaliações - já fizemos aqui mesmo, neste espaço, diversas críticas à quantidade de avaliações criadas pelos governos -, vêm fazendo ameaças cobrando qualidade e nada aconteceu até hoje? E não vai acontecer. Quem vai querer pagar o ônus de fechar este ou aquele curso, esta ou aquela instituição? E utilizando ferramentas inadequadas, porque o Enade, por exemplo, é, na minha opinião, no mínimo incompleto.

Não há como considerar essas dados enquanto não houver o real comprometimento dos estudantes. Por enquanto, ele só é obrigado a comparecer, mas pode entregar a prova em branco. É quase um boicote. No Governo passado, a estudantada chegou a fazer piquete para que alguns alunos não pudessem entrar nas salas para fazer o Provão. Então, como avaliar aquele curso naquela instituição? Será preciso comprometer o aluno, fazer com o Enade alguma coisa que faça com que o estudante preste o exame como se fosse para valer nota para ele, como se fosse para tirar o diploma ou passar num exame de Ordem. Sem isso, nada feito.

O ministro da Educação disse, ainda, que o MEC está montando um banco de avaliadores, doutores da rede federal de educação superior, que estão sendo capacitados para aplicar instrumentos elaborados pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior - Conaes, para que sejam feitas avaliações in loco. Quem é da área pode se lembrar que as universidades, no Governo FHC, receberam as visitas de avaliadores enviados pelo MEC. Foi uma vergonha, porque aconteceu de tudo. De gente incompetente ditando regra nas instituições de ensino superior até quem não sabia o que estava fazendo lá. Chegaram a pedir às universidades para cumprir algumas exigências que não tinham o menor sentido.

É claro que os governos, em todos os níveis, devem se preocupar com a qualidade do ensino, mas como cobrar das universidades particulares uma qualidade que eles mesmos, governos, não conseguem dar em suas instituições? Nos casos dos ensinos fundamental e médio, na quase totalidade responsabilidade dos governos municipais e estaduais, o caos é quase total: faltam estruturas físicas - prédios, salas, carteiras - e faltam professores. Pois esses alunos vão, um dia, com aprovação automática ou não, mais cedo ou mais tarde, chegar aos bancos das universidades. E, aí, eles vão prestar o Enade para avaliar a instituição de ensino superior. Será que essa avaliação vai mostrar quantas aulas deixam de ser dadas nas universidades públicas porque os professores estão em greve, porque eles foram para um congresso, porque sei lá o por quê?

É preciso ter muito cuidado com as avaliações propostas e com as afirmações. É necessário saber delimitar as responsabilidades e o que pode e o que não pode ser feito, o que deve e o que não deve ser feito. Mister se faz que atitudes sejam tomadas pelo governo, mas, primeiro, é melhor consertar a própria casa. Como é possível exigir dos outros se você não faz a sua parte? Então, sinal vermelho ou multicolorido não importa. Alguma coisa tem de acontecer para que a qualidade do ensino como um todo, em todos os níveis, melhore e muito, mas cautela não faz mal a ninguém. O ideal seria que o governo cuidasse para que as universidades públicas atendessem a todas as regrinhas que ele quer implantar fora da rede oficial de ensino superior. Até porque, neste setor, mais do que nunca, não dá para relaxar e gozar.


PESQUISA RÁPIDA - Ainda nessas andanças do ministro da Educação, fiquei sabendo que ele fez uma rápida pesquisa, que deve tê-lo deixado, no mínimo, muito sem graça. Palestrando para a nata do PIB brasileiro, empresários que geram as riquezas deste país continental, o ministro quis saber quem dali, daqueles empresários, colocaria os filhos em escolas públicas. O resultado não surpreende a ninguém. Nada mais nada menos do que 96% (noventa e seis por cento) não colocariam seus filhos em escolas públicas. Que me desculpem os estatísticos, mas ou outros 4% restantes foram otimistas às últimas conseqüências ou sequer se arriscam a ter filhos.


* Educador e Presidente da Associação de Ensino Superior do Rio de Janeiro

 
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