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Edições Anteriores 129 O desenvolvimento sustentável
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Escrito por Magno de Aguiar Maranhao   
Qua, 28 de Fevereiro de 2007 21:00

Nesse início de milênio, poucos temas têm sido tão discutidos quanto a urgência de se adotar um modelo de "desenvolvimento sustentável" - ''aquele que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer as necessidades das gerações futuras", segundo definição da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Isso significa dar um basta à degradação do meio ambiente e tudo o que ela provoca, como escassez dos recursos naturais não renováveis, mais fome e pobreza. Já que isso só é possível se a juventude for preparada para o enfrentamento, em toda sua amplitude, da questão ecológica, centenas de países firmaram o compromisso conjunto de, o quanto antes, nortear por ela os currículos escolares. Mas ainda não sabemos onde realmente isso está sendo feito, e onde a educação ambiental continua tão desintegrada e inconsistente quanto no Brasil.

Isso não supreende. Nossa civilização ignorou solenemente o fato de que o ser humano pertence ao ambiente que o cerca, e que cedo ou tarde sofreria as conseqüências de suas ações sobre ele (poluição, proliferação de doenças, desastres naturais, desgaste do solo). Algo semelhante aconteceu com a escola, que alimentou a ilusão de que não pertencia ao mundo lá fora. Hoje, todos concordam que uma das mais gritantes falhas da educação escolar é seu distanciamento da vida real. Duas distorções que a reforma do ensino iniciada com a Lei de Diretrizes e Bases (1996) promete corrigir simultaneamente. Como? Fazendo a escola adotar postura mais participativa e responsável diante dos problemas da comunidade - sobretudo, o ambiental. Mas isso será impossível com a educação ambiental sendo tratada como disciplina isolada e dispensável, parecendo ter sido criada apenas para outras nações não dizerem que não estamos fazendo nada a respeito.

Não é novidade que providências visando a proteção ao meio ambiente no Brasil só foram tomadas depois de pressões internacionais e do boom das organizações não governamentais de cunho ambientalista. Talvez ainda seja preciso suar por uma política nacional voltada para a educação ambiental. Mas ela é indispensável. Deixar só por conta das escolas a responsabilidade pela abordagem de questão tão grave é um erro. E a realidade atual é que ela não norteia os currículos nem quando aprender a lidar com o ambiente é crucial para a sobrevivência da comunidade em que a escola se insere.

A disciplina educação ambiental foi incluída na parte diversificada do currículo do ensino fundamental, voltada para a "vida cidadã", que pode preencher até 25 por cento das atividades escolares. A decisão sobre como isso será feito é de cada estabelecimento. Infelizmente, grande parte das escolas da rede pública, enfrentando mil problemas relativos à sua infra-estrutura, formação precária dos docentes e baixos salários, acaba encarando as disciplinas não incluídas na base nacional comum e obrigatória como artigos de segunda. Nada a ver, enfim, com os compromissos firmados em nível internacional, que prevêem a reorientação de todo o sistema de ensino visando a adoção do desenvolvimento sustentável e, portanto, a incorporação da educação ambiental como parte essencial do aprendizado, devendo ela permear as disciplinas obrigatórias. Isso exige, naturalmente, investimento do governo na capacitação de todo o corpo docente e das autoridades escolares.

Porém, não está havendo nenhuma capacitação em massa de professores com vistas à educação ambiental. Existem somente ações isoladas e informais de ONGs, universidades e empresas. Quando elas por acaso conseguem o apoio de órgãos públicos para seus projetos, ele acaba no momento em que mudam os governantes ou ao surgimento dos primeiros obstáculos. Essas instituições não têm condições de, sozinhas, desenvolver um trabalho de peso, que leve a sociedade a uma mudança de atitudes na relação entre o homem e seu ambiente.
Sem um paciente trabalho de esclarecimento, a começar por cada sala de aula, é provável que a própria população continue encarando a questão ambiental como coisa menor, quando na verdade ela abarca todos os setores de nossas vidas. Além disso, a educação ambiental permite contextualizar o conteúdo de qualquer disciplina, estimulando a aprendizagem ao mesmo tempo em que exercita a cidadania. Ela desafia os alunos e suas comunidades a lidar com (e resolver) questões como saneamento básico, prevenção de doenças, aproveitamento racional dos recursos naturais para que se evite escassez e alta de preços, conservação dos bens públicos e muito mais.

Questões cujas soluções dependem de atitudes de cooperação e solidariedade, e de uma tomada de consciência da importância da ação individual para o bem coletivo, e da ação local para o resultado global. O MEC não ignora isso. Mas de nada adiantarão as belas palavras usadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais para explicar o porquê da relevância da educação ambiental, se elas não se traduzirem em investimentos em projetos educacionais sérios que alertem as novas gerações para o real significado de desenvolvimento sustentável.


 
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