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Os cuidados na elaboração de materiais escritos para projetos e programas de educação a distância PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Nadia Riche   
Qua, 22 de Novembro de 2006 21:00

Resumo
Este artigo relata os cuidados na elaboração de materiais escritos para um curso de graduação a distância, a partir da minha experiência pessoal como professora-conteudista, e tem como objetivo fazer uma crítica reflexiva sobre o desenvolvimento da estrutura textual daqueles materiais. Este trabalho exigiu o envolvimento até de minha alma, pois eu precisava ter, em mente e em minha estratégia de trabalho, um total respeito ao meu processo de ensinar e ao tempo de aprender do outro (alteridade). Além disso, precisava ficar atenta às características da realidade local e as pessoas inseridas, no processo de ensino-aprendizagem, mesmo a distância, para o qual se dirigiria o material escrito. A expansão da cognição de quem lê esse artigo provocará reflexão sobre os cuidados e os passos a passos exigidos à elaboração de material escrito, se compromissado. Num primeiro momento destaquei alguns problemas vinculados à elaboração e desenvolvimento escrito do material relacionado a minha experiência no programa de graduação a distância. São eles: (a) inter-relação entre educando, material didático e cognição; (b) resoluções criativas, conduzidas à escrita e a leitura com/na criatividade e versatilidade exigidas pelo cotidiano acadêmico e (c) reflexão sobre o desenvolvimento da produção textual (estilo, concordâncias, ortografia, formação de palavras etc.) de forma a mediar e articular realidade e aprendizagem. O desafio constante de escrever, produzir, tornar visível o pensamento e a cognição, criando estratégias e planejamentos na forma de aprender. E, num segundo momento, a ênfase será em relação à fundamentação teórica que originou e sustentou esse meu primeiro momento como conteudista em um curso de graduação a distância. No primeiro tópico abordei elementos importantes aos materiais escritos, como: modos de pensar, discurso dialógico e conteúdo. E, por conseguinte, construí a possibilidade de enredar diferentes elementos e categorias sobre a ação de escrever o material didático e gerar conhecimento: é o estudo de caso.


Introdução
Desde 2004, trabalho como tutora em cursos de graduação a distância. Minha função, basicamente, prevê o constante suporte aos alunos em seu desenvolvimento cognitivo e/ou em sua produção acadêmica junto ao material didático. Essa atividade me apresenta, constantemente, realidades em mudança acelerada e a exigência de novas propostas de inter-relação entre educando, material didático e cognição.

Em 2006, assumi a responsabilidade (primeira experiência) de elaborar material impresso e didático para cursos de graduação a distância. Essa experiência me causou uma série de profundos questionamentos e inquietações sobre como implementar, a distância, resoluções criativas, adequadas e reconhecidas pela comunidade científica, em projetos e programas de EAD, em meio às atividades selecionadas para fixação do conteúdo do caderno de estudos, no caso, de Didática.

Desde a educação básica até a superior, recebi a cultura da oralidade (presencial, face a face) como o melhor empreendimento quando se quer conhecer e saber (aprender). Mesmo assim, sinto que as gerações não são conduzidas à escrita e a leitura com/na criatividade e versatilidade exigidas pelo cotidiano acadêmico.

Logo, baseada em minha experiência profissional e, trabalhando na área de Educação, em aulas presenciais com todo o seu elenco de especificidades, numa relação direta com os alunos (o outro), percebi que a Didática foi e é um instrumento que sempre se apresentou como espaço para o encontro com diferentes soluções e com a reflexão sobre o desenvolvimento da produção textual (estilo, concordâncias, ortografia, formação de palavras etc.) de forma a mediar e articular realidade e aprendizagem. Consequentemente, a Didática também foi e é um instrumento para um melhor direcionamento dos conteúdos à realidade dos alunos, sobretudo ao incorporar, na produção científica acadêmica, o desafio constante de escrever, produzir, tornar visível o pensamento e a cognição. A Didática surge, então, como mediadora-mor das estratégias e planejamentos elaborados pelos educadores em sua intenção de promover avanços nas formas de aprender a aprender. Sendo assim, a elaboração do material escrito para graduação, além de permitir a diminuição das demandas sociais quanto a continuidade do aprendizado, mesmo a distância, me permitiu analisar questões inseridas entre a relação da Educação com a Comunicação (tipos de imagem, linguagem, ruídos, símbolos, diálogos), como espaços possíveis às sugestões de atividades de aprendizagem.

Uma das indagações mais latentes que me ocorreram foi: como transmitir o meu modo de pensar, meu discurso dialógico e os conteúdos de uma disciplina no papel? Como dar conta da complexidade do conhecer aos alunos sem a constância do face a face? Como será a construção do conhecimento sem o contato direto com os alunos? Como elaborar um material escrito que, ora a metodologia se dá através de uma exposição extremamente oral, ora através da produção escrita? Como transmitir o meu saber aqui e agora, se a todo instante as realidades, os recursos, as pessoas mudam? Como ter o cuidado ao escrever qualquer material didático, levando em consideração as capacidades e possibilidades dos alunos para a compreensão cognitiva, a distância? Estas reflexões estão relacionadas a alguns paradigmas educacionais, como metodologia, objetivo, etc., em função da minha experiência a partir de levantamento bibliográfico na área da Educação e da Comunicação, e a partir das contribuições de leituras teóricas proporcionadas pelos cursos de graduação a distância.

Num primeiro momento iremos apresentar alguns problemas vinculados à elaboração e desenvolvimento escrito do material e relacionados a minha experiência no programa de graduação a distância. E, num segundo momento, daremos ênfase as leituras de textos de Marlene M. Blois, W. Laaser e Angeles Soletic, para a fundamentação teórica que deu origem e sustento ao meu primeiro momento como conteudista de cursos de graduação a distância.

Como as realidades com as quais deparamos são múltiplas, ficamos obrigados, muitas das vezes, a pensar e agir de forma variada e estratégica. Essa atitude exige um diálogo constante com o contexto e com nossos objetivos em relação à aprendizagem de nossos alunos. Não há previsibilidades, criamos procedimentos que invistam sobremaneira no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Como podemos perceber, tais questões dizem respeito, por um lado, à preocupação de encontrar maneiras originais de estabelecer comunicações didáticas valiosas para a construção do conhecimento e, por outro lado, a uma nova reflexão sobre como gerar propostas que reconheçam o valor das interações mediatizadas na construção do conhecimento.

Nas bases das questões levantadas, além das vias tradicionais, o material escrito e didático está a Educação a distância com suas inúmeras possibilidades, principalmente no Brasil onde as carências são enormes e que podem se expandir numa rede cultural de relacionamento com o saber.


I - Materiais Escritos: modos de pensar, discurso dialógico e conteúdo
Uma vez estabelecidos os fins e concretizados os objetivos de qualquer curso em EAD, é necessário articular o desenvolvimento daqueles que atravessarão consistentemente todo o projeto: o material escrito. Este tem a missão de facilitar a realização das tarefas estabelecidas, se adequada às metas educacionais previstas. É preciso atentar às maneiras como o material escrito intervirá na cognição aliada aos conteúdos.

Pela sincronia dos tempos, percebemos que as características da abordagem tradicional inspirada nos modelos da Idade Média, e trazida para o ocidente, cuja ênfase é dada às situações de sala de aula, onde os alunos são instruídos, ensinados pelo professor, precisam ser revisitadas e revistas, na medida em que, em EAD, está eliminada a visibilidade entre educador e educando. Nesta abordagem, sabemos, os conteúdos e as informações são adquiridos a partir de modelos anteriores vinculados à imitação, cuja preocupação está na variedade e na quantidade de noções e conceitos apresentados, relacionados e reproduzidos. Não há pensamento reflexivo, há treinamento e repetição. A expressão oral do professor ainda prevalece. O aluno torna-se um mero memorizador. A sistematização dos conteúdos acontece de forma acabada. E as tarefas são padronizadas.

Podemos observar que muitos materiais escritos ainda "empregam unidades conceituais de ordem superior, mudam permanentemente os planos de abstração, não deixam claras as explicações ou cadeias causais nas seqüências de informação que organizam, saltam de um tema a outro sem se deter nos passos intermediários - embora seja precisamente através desses passos que o aluno aprende-, dão por conhecidas muitas formas de uso da linguagem que para o estudante são bastante complexas ou ignoradas (Angeles, p. 79)".
E isto leva-nos a duvidar sobre a compreensão efetiva dos educandos.

É preciso entender que a aprendizagem organizada não se transforma automaticamente em desenvolvimento mental, mas põe em ação processos evolutivos que favorecem o salto qualitativo e assim garante a internalização dos conteúdos (informação) nos sujeitos. Para que a aprendizagem impulsione o desenvolvimento, as atividades didáticas devem se situar na zona de desenvolvimento proximal (Vygotsky), oposta à zona de desenvolvimento real, que é o âmbito das funções superiores que o sujeito já domina. Logo, escrever o material didático em EAD deve representar objetivamente formas de codificação da informação, agora em linguagem textual combinadas com representações icônicas e agilidade nas dinâmicas e atividades.

"Os programas de educação a distância caracterizam-se pela flexibilidade que propõem em relação à organização do estudo e á administração do tempo" (Angeles, p 80). Diante disso, senti, então, ser importante ter em mãos o planejamento e a organização do estudo de meus alunos, elementos que ajudam, tanto o aluno, quanto o professor, a acompanhar o tempo de estudo proposto, as etapas alcançadas por essa aprendizagem autônoma, e comparar em tempo real quais seriam os elementos interferidores da leitura e da resolução de diferentes atividades. Nesse caso a análise do número e nível de/das dúvidas e a quantidade de e-mails questionadores, são feedbacks excelentes e produtivos. Mais importante de tudo é saber se o aluno compreendeu o processo interativo através da leitura do texto (caderno de estudos).

Segundo Leon, 1997; Sánchez Miguel, 1995: IN Angeles, p. 80: "A leitura de um texto e sua compreensão constitui um processo complexo e interativo, através do qual as pessoas vão construindo uma representação organizada, coerente e ordenada do significado de um texto". Esse processo, de acordo com estudos recentes de especialistas em EAD, e relacionado à escrita do material didático, é chamado de "verbalização do conhecimento", uma expressão que põe em relevância o problema da compreensão das estratégias dos especialistas e das formas de revelar o conhecimento em meio à escrita do material contextualizado com o ambiente para o qual o material será direcionado. As estratégias discursivas e retóricas envolvidas nos processos de composição dos especialistas não são apreendidas com facilidade pela forma linear com que são elaboradas. Isso implica, em muitos casos, em mudança na estratégia de leitura dos educandos. E é aí, onde encontramos dificuldades para estabelecer com clareza a organização do texto, os critérios de ordem e a hierarquia a partir dos quais se organiza toda a estrutura do material escrito.

A elaboração do material escrito deve procurar projetar meios que mantenham potencializados as diferentes maneiras de aprender e de pensar o conteúdo. O estabelecimento entre as idéias principais e as idéias acessórias que cotejam cada página escrita, deve comunicar com eficiência mensagens instrutivas. Toda a aposta do material escrito está no incentivo à emancipação e a autonomia dos educandos junto aos seus próprios processos de ensino-aprendizagem (cognição).

A idéia da aprendizagem sistemática, surgiu no século XIX. Diacronicamente, observamos, de antemão, que a principal característica dessa nova modalidade de ensino (EAD) está na impossibilidade de estabelecer uma relação direta e constante entre seus principais atores: educador e educando. Essa impossibilidade também é a negação de uma recepção imediata das preocupações, dificuldades e perguntas que poderiam surgir nos educandos no processo da leitura. Então, diante dessas especificidades da EAD, como era escrever para ensinar? E hoje, como é escrever ensinamentos?

Há um distanciamento entre os pensamentos de ontem e de agora. Como iniciar a elaboração de possíveis respostas a esses questionamentos? Acreditamos que recolhendo todas as anotações escritas e trabalhos realizados em aulas presenciais, e revendo e relendo, se for o caso, chats e fóruns cujos comentários pontuem níveis de aprendizagem e/ou de leitura do material. Essas e outras possibilidades ajudam na elaboração dos conteúdos considerados relevantes para o ensino da disciplina como, por exemplo, pesquisas em campo, projetos interdisciplinares e exercícios, de maneira que possam ser incorporadas ao desenvolvimento da própria disciplina. Sem um levantamento prévio de quem e como estaria sendo lido o conteúdo do material didático, só nos preocupamos com a atualização constante do conteúdo, deixando à reboque a transformação do conhecimento, ação que acontece a cada instante.

Enfim inicia-se a escrita do caderno de estudos (material escrito).


II - Ação de escrever o material didático: estudo de caso
Se o primeiro critério de elaboração é o conhecimento do contexto para o qual o material está destinado, o segundo elemento importante nesse processo é a tentativa de eliminação de possíveis problemas de leitura através da concepção de links (atividades, filmografia, atenção, indicação bibliográfica, imagens de autores, emoticons divertidos indicando pausas para reflexões, pedidos de revisão, lembranças de leituras anteriores, etc.) que irão hipertextualizar a folha de papel, estimular a concentração, promover novas dinâmicas de leitura e escrita, etc. Em meio ao desenvolvimento do conteúdo é preciso chamar a atenção de nossos alunos para a rede de informações que tornarão possíveis a potencialização da aprendizagem a distância. Um professor-conteudista deve, além de apresentar um conteúdo objetivo e claro, gerenciar a aprendizagem de seu aluno lendo, compreendendo e trabalhando "as habilidades, as estratégias e as aptidões postas em jogo postas por uns e outros [alunos] no momento de entender o que um texto quer dizer" (Angeles, p. 81).

Para tal é de suma importância uma pesquisa e separação das mídias que farão parte desse processo. Programas de TV, rádio, cinema, musica, jornais, revistas e livros participam da rede textual que insere e integra os alunos em meio à verbalização do conhecimento. Nada de academicismo! O tempero do material escrito exige uma linguagem adequada, principalmente a qualquer localidade e qualquer leitor que tiver acesso ao material.

Nesse momento de elaboração do material ficou claro para mim que quem escreve o conteúdo impresso não conhece um aspecto importante: a resposta do leitor no momento da leitura; e, conseqüentemente, não conhece sua necessidade de formular perguntas ou levantar dúvidas, seu desejo e interesse de participar da construção de certos saberes ou de certas habilidades e a forma como os conteúdos ensinados estão relacionados com seus interesses ou com sua formação prévia. Esse aspecto apresenta uma realidade: o professor-conteudista não consegue dar conta das necessidades prementes nas individualidades de seus alunos no momento em que, cada um, se matricula nos diferentes cursos em EAD. Logo, a construção da estrutura (caminhos) pelos quais o educando vai passar para alcançar sucessos em seus estudos é prevista dentro de limites muito gerais.

Um bom exemplo: dentro do contexto carioca, eu tive que organizar o material escrito de acordo com minha experiência como professora presencial e imaginando as ansiedades decorrentes de uma sociedade que, por diversas razões, leva milhares de pessoas a escolherem cursos em EAD: "(...) os professores imaginam que a proposta de atividades [elencada no material escrito] contribuirá para gerar capacidades de análise independente, de argumentação ou de reconhecimento de problemas ou posições controversas" (Angeles, p. 87). Porém, durante o curso, e através da correção das atividades on-line, percebi que havia diferenças gritantes de entendimento da leitura do caderno de estudos entre os núcleos do Rio de Janeiro e de Macaé. Os limites pelos quais é estruturado, organizado e escrito o material didático nem de longe dão pistas sobre a contextualização social desses alunos, a mistura de níveis profissionais, os múltiplos objetivos de cada individualidade etc. A complexidade dessa produção didática exclui alguns critérios de leitura sobre o leitor a quem o material se destina porque estavam de fora elementos importantes do próprio indivíduo: interesse, razão, desejo e objetivo.

O professor-conteudista trabalha sob a égide das adequações e/ou adaptações gerais, mas pertinentes ao projeto do curso e ao leitor imaginado dentro de um contexto específico. Minhas ações iniciais foram as seguintes: primeiro eu precisei entender e elencar como e o que escrever; segundo, em meio à trajetória da escrita, saber para quem escrever; terceiro, diante de diferentes leituras, escolher as que melhor se apresentariam ao curso; quarto, condicionar minha escrita de forma que cada etapa introduzisse uma progressão da aprendizagem a partir de temas e problemas demarcados no campo particular, no meu caso, da Didática; e, por fim enredar cada conteúdo (conceito, atividade e exemplos) com elementos que fizessem o aluno sentir curiosidade de empreender leituras (pesquisas) complementares.

Educar a distância é oferecer novas maneiras de ensinar e aprender através de (e, com) recursos diferenciados conjugados a questão da potencialização do conhecimento. Essa potencialização está ligada à necessidade de se resolver os problemas produzidos pela ausência de uma relação face a face entre docentes e alunos. Mas como viabilizar a construção do conhecimento, da compreensão e da troca do saber, a distância, onde o processo de ensinar e aprender não acontecem simultaneamente, nem têm lugar em um único espaço compartilhado por alunos e docentes? Através do planejamento, espaço onde deverão estar cotejados clara e pontualmente, desde os objetivos até os critérios de avaliação, a distância, do curso. O planejamento é a melhor ferramenta para introduzir, desenvolver e contextualizar a cognição do aluno, material escrito e propostas pedagógicas.

O ato de pegar um papel e lápis ou caneta causa um turbilhão de idéias na mente. A relação entre quem escreve com o papel causa uma tensão muito grande porque a escrita animará, em ordem e hierarquicamente, os registros mentais de todas as informações adquiridas até mesmo antecipadamente à leitura do caderno. E preceitos da Educação presencial serão rompidos, a saber: "a) as presenças físicas de quem ensina e dos que aprendem frente a frente (educação presencial); b) o espaço físico definido e específico para que o contato entre ambos se dê (sala de aula); c) a estrutura organizacional básica (escola); d) o grupo de aprendizagem o mais homogêneo possível (turma); e) o discurso oral como meio predominante de passar mensagens/conhecimentos (magister dixit); f) o tempo de aprendizagem imposto pelos especialistas em educação (ano/semestre letivo, carga horária) (Blois, p. 47)".
Numa visão geral, a educação a distância está estabelecida pela ausência de contato entre professor e aluno, e isso vem de encontro com as necessidades funcionais e econômicas de diversos ambientes e indivíduos. Os sistemas de educação a distância variam em organização estrutural e conteúdo composto por diferenças e alguns fatores em comum. Segundo Laaser, os cursos em EAD permitem acesso a oportunidades educacionais às pessoas que não podem ir à escola, desde a pós-alfabetização a pós-escola secundária e até estudos de pós graduação.

Historicamente, sabe-se que a educação a distância ainda não produziu teorias completamente novas que possam ser oficialmente chamadas de teorias da educação a distância por si próprias. Em lugar disso, têm sido adotadas as teorias de ensino e aprendizagem já desenvolvidas (Laaser, 1997:24).

Observe abaixo o quadro do processo ensino aprendizagem e suas abordagens tradicionais e teóricas para educação a distância, baseado na Psicologia, com intenção de despertar no leitor uma nova leitura e uma linguagem para a elaboração do material escrito:


Fonte: LAASER, W. (org.). Manual de criação e elaboração de materiais para educação a distância, Unidade1. LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação, Capítulo 3.

Dentro desse aspecto, os materiais escritos foram considerados, nos projetos a distância, como o principal instrumento de que dispõe o docente para construir sua proposta de ensino. O texto impresso constitui um meio. A centralidade dos materiais escritos não é, contudo, exclusiva dessa modalidade. Como assinala Manuel Moreira, também nos sistemas presenciais tradicionais. eles desempenham um papel hegemônico nos processos de ensino e de aprendizagem, na medida em que "se caracterizam por codificar a informação mediante a utilização da linguagem textual, o sistema simbólico dominante" (Moreira, 1994: IN Angeles Soletic, p.74).

A centralidade dos materiais escritos expressa uma concepção da cognição em que o pensamento e o conhecer estão limitados a formas de atividade mental exclusivamente discursiva. "O conhecimento legítimo identifica-se com aquilo que aprendemos na escola e nos livros. A habilidade para ler e escrever proporciona a via de acesso a esse conhecimento" (Olson, 1988). Sendo assim, aprendi que, produzir material escrito para cursos em EAD, são excelentes momentos de percepção do patamar a que todo professor-conteudista chega como profissional de ensino; momentos em que o desenvolvimento cultural se dá na interatividade com as atividades do caderno; e momentos para restabelecer e sanar preconceitos arraigados sobre maneiras de escrever e pesquisar.


Considerações finais
A experiência aqui contada foi exposta de forma sucinta. Cada característica apresentada é produto e expressa uma parte de criatividade e representação do conteúdo para o outro. Embora tenha sido apresentada em um tríade: educando, material didático e cognição, é importante lembrar que elas coexistem no processo ensino aprendizagem mesmo que a distância. Além de promover a valorização do saber do educando e instrumentalizá-lo para transformação de sua realidade e de si mesmo e, de certa forma, possibilitou a efetivação dessas informações para que exerça um trabalho mais conectado com o mundo. O aprendizado desse material escrito foi a forma de participação mais ativa e integradora que se possa imaginar na tentativa de preencher um espaço vazio na escrita e mais próximo do aluno.

Referências:
BLOIS, Marlene M Educação a distância via rádio e tv educativas: questionamentos e inquietações. Caderno Aberto de Educação a distância. INEP. Brasília, ano 16, n.70, abr./jun., p.42 a 50, 1996.

LAASER, Wolfram (org). Manual de criação e elaboração de materiais para educação a distância. Editora: EdUnb.CEAD.Brasília, p.24 a 27, 1997.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, Capítulo 3, 1994.

SOLETIC, Angeles. A Produção de materiais escritos nos programas de educação a distância: Problemas e desafios. p.74 a 92.


 

Autor deste artigo: Nadia Riche - participante desde Seg, 20 de Novembro de 2006.

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