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Edições Anteriores 121 A leitura como método de estudo e base para redação de trabalhos acadêmicos
A leitura como método de estudo e base para redação de trabalhos acadêmicos PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Maria Salete Genovez   
Qui, 16 de Novembro de 2006 21:00

Uma das grandes reclamações dos professores universitários refere-se à dificuldade que seus alunos têm de ler e conseqüentemente, de estudar corretamente.

A leitura não é uma atividade simples. Ela implica uma série de atitudes que inclui, além da decodificação das letras e palavras, atenção, empenho, interpretação, compreensão, postura crítica.

Segundo Andrade (2003), a leitura pode ter como finalidade a informação, com a aquisição ou não de conhecimentos (destaca-se que há distinção entre a leitura informativa, relacionada à cultura geral e a formativa, preocupada com aquisição e/ou ampliação de conhecimentos); uma outra finalidade é a distração ou entretenimento.

A leitura informativa, também denominada de estudo, tem por objetivo a coleta de elementos, dados, informações, portanto é fundamental no desenvolvimento e na elaboração de trabalhos acadêmicos.

Cervo e Bervian (2002, p. 96) expõem fases cronológica e lógica - ao mesmo tempo - da leitura informativa que devem "suceder-se uma após a outra e nessa sucessão temporal o pensamento reflexivo percorre as etapas no termo das quais surge o conhecimento científico: visão global (sincrética), visão analítica, visão sintética." São elas:

- a fase da pré-leitura - que permitirá ao estudante uma visão global do assunto a ser tratado, além de permitir-lhe selecionar documentos que apresentam dados ou informações importantes que poderão ser aproveitadas na fundamentação teórica de seu trabalho. A pré-leitura ou leitura de reconhecimento pode ser feita, no caso de livros, através de um exame prévio da folha de rosto, dos índices, da bibliografia, do prefácio, da introdução e conclusão. Artigos científicos exigem uma leitura integral para que haja compreensão do assunto.

- leitura seletiva - momento em que se separa efetivamente o que é essencial do que é dispensável. Não se trata ainda de uma leitura minuciosa, mas já é o primeiro passo. Para que haja uma seleção correta do material coletado é importante estabelecer alguns critérios vinculados aos propósitos do trabalho: problema, questões investigativas, enfim os objetivos do estudo que se propõe realizar. Somente deverão ser selecionados os dados que efetivamente poderão luzes ao tema proposto.

- leitura crítica ou reflexiva - é uma fase de estudos mais profundos que inclui processos reflexão (aprendizagem) e percepção deliberada dos significados (apreensão). Envolve operações complexas como: análise, comparação, diferenciação, síntese e julgamento. Ao estudar um texto passa-se pelas mesmas fases do pensamento reflexivo: visão global e análise das partes para se chegar à síntese.

Esse tipo de leitura pressupõe a passagem de uma visão global, difusa do texto para uma operação de análise. Ela exige do leitor capacidade de identificação das idéias principais e secundárias e diferenciação entre elas.

Em síntese, a análise de documentos está vinculada a algumas operações:

" identificação das idéias principais e secundárias;
" diferenciação /comparação entre elas, estabelecimento da importância de cada uma no contexto das idéias;
" compreensão do significado de cada termo/conceito
" julgamento do material por meio de análise (leitura interpretativa)

- leitura interpretativa - essa fase implica em um tríplice julgamento:
" o leitor procura saber o que o autor realmente afirma, quais dados oferece e que informações transmite. Qual o problema abordado, quais são suas hipóteses, suas conclusões. O pesquisador deve cuidar para não incorporar conclusões que não possam ser comprovadas;
" nesta etapa o pesquisador correlaciona afirmações do autor com os problemas que ele está investigando e para os quais está buscando soluções;
" finalmente, o julgamento do material ocorre em função do "critério verdade". O pesquisador deve se valer da dúvida metódica, pois uma afirmação sem provas somente serve domo ponto de referência; tem apenas valor provisório.

Feita a análise e o julgamento, efetua-se a operação de síntese que é a integração e organização dos dados ou o plano de assunto. Esse plano surgiu provisoriamente no início da pesquisa e agora, ao final da leitura informativa, surge definitivo como sistema orgânico e científico. "O plano definitivo é o ponto de chegada do processo reflexivo, armadura da doutrina ou teoria que dê respostas a todos os problemas que o assunto envolve". (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 99)

A leitura com método de estudo A leitura envolve múltiplas habilidades que envolvem, além da decodificação de palavras, a interpretação e a compreensão do texto.

O bom leitor se constrói através da superação de dificuldades e deficiências que muitas vezes remontam aos primeiros anos de escolarização.

Salomon (1977, p. 45-48) descreve características do bom e do mau leitor, a partir de hábitos adquiridos, que podem ser assim esquematizadas:


Algumas técnicas de leitura poderão servir para um bom aproveitamento nos estudos. A primeira delas é a sublinha - que consiste em destacar as idéias principais e as palavras-chave.

Aconselha-se não sublinhar logo na primeira leitura, a não ser que se tenha conhecimento prévio do assunto. Deve-se ter o cuidado de sublinhar apenas o que é importante. É bom destacar que as idéias secundárias servem de complemento à idéia principal, ilustrando-a, completando-a, explicando-a. Se bem utilizada, essa técnica facilitará a releitura do texto com economia de tempo.

Para melhor fixação da leitura o aluno deve elaborar, a partir das palavras-chave, um esquema que é um esboço ou radiografia do texto lido. O esquema é um tipo de trabalho que antecede a elaboração de resumos. Na elaboração do esquema usam-se linhas, setas, colchetes, chaves e outros símbolos; pode ser construído tanto na linha vertical quanto na horizontal, conforme preferência do autor.

As leituras realizadas pelo aluno devem ser documentadas em forma de "anotações" que se forem bem feitas, serão excelente recurso para o aluno nos processos de leitura e pesquisa. Uma sugestão é usar a técnica de fichamento. Fichar é fazer anotações em fichas - de papel (encontradas em papelarias, nos mais diversos tamanhos) ou virtuais que poderão ser digitadas e arquivadas em pastas específicas.

Segundo Andrade (2003, p. 61),

a vantagem de se utilizar o de fichamento para a documentação dos dados está na possibilidade de obter-se a informação exata na hora necessária. Além disso, pela facilidade do manuseio, remoção, renovação ou acréscimo de informações, o uso de fichas é indispensável na tarefa de documentação bibliográfica.
Para que as anotações possam ser utilizadas corretamente e facilitem a vida do aluno, é importante que toda ficha mencione a referência bibliográfica. (1)
Existem vários tipos de ficha: assunto, transcrição, resumo, esquema, idéias sugeridas. O aluno deverá utilizar as que melhor se adequarem ao seu trabalho.

Alguns exemplos de fichas:
Ficha de indicação bibliográfica: assunto -----------------------------------------------------------------------------------
Gestão democrática
GENOVEZ, Maria Salete. Democratização da gestão da escola pública. Gestão em ação, Salvador, v.7, n.2, p. 197-210, maio/ago.2004.
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Ficha de transcrição -----------------------------------------------------------------------------------
BASTOS, Cleverson Leite; KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. 17. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004, p.60.
"A pesquisa científica é uma investigação metódica acerca de um assunto determinado com o objetivo de esclarecer aspectos do objeto em estudo. O que poderia diferenciar a pesquisa de um estudante e de um cientista é basicamente o seu alcance ou grau. A finalidade das pesquisas em nível de graduação é levar o estudante a refazer caminhos já percorridos, repensando o mundo."
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Ficha de esquema -----------------------------------------------------------------------------------
SEVERINO, Antonio Joaquim. Aspectos técnicos da redação. In: Metodologia do trabalho científico. 22. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2002, p.86-129.
Aspectos técnicos da redação
1 Apresentação gráfica geral do trabalho
2 A forma gráfica do texto
2.1 textos datilografados
2.2 Textos digitados
3 As citações
4 As notas de rodapé
5 Referências no corpo do texto
6 A técnica bibliográfica

Ao desenvolver a pesquisa bibliográfica o aluno deverá consultar o maior número de obras relacionadas ao assunto que vai abordar. Concluído esse trabalho deverá fazer a seleção do material coletado, já que muitas anotações trarão informações, pontos de vista ou posições coincidentes; outras vezes apresentam contradições ou fogem totalmente da proposta que se pretende adotar.

Deve-se, num primeiro momento, selecionar o material que servirá de suporte ao trabalho. Num segundo, faz-se a classificação, conforme as partes do trabalho: o que será utilizado na Introdução, no Desenvolvimento/argumentação e na Conclusão. Simultaneamente, as fichas de transcrição que poderão ser utilizadas no decorrer do trabalho deverão ser separadas e ordenadas.

Quando o material coletado estiver devidamente selecionado e classificado elabora-se o plano de trabalho em que se estabelece o esquema prévio de redação.

Um plano bem feito servirá de roteiro para que o aluno não se perca em divagações ou em discussões desnecessárias que podem comprometer se trabalho.

O importante, na redação de trabalhos acadêmicos, é a integração entre as partes, para que o texto não fique truncado. É importante observar e manter uma linha de raciocínio lógica para que o texto flua naturalmente, com clareza e concisão.

REFERÊNCIAS ANDRADE, M. Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2003.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 5.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.

SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. 10. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.


NOTAS:
Referência - conjunto de elementos que permitem a identificação, no todo ou em parte, de documentos impressos. Cf. NBR 6023.

 

Autor deste artigo: Maria Salete Genovez - participante desde Qua, 09 de Agosto de 2006.

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