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Edições Anteriores 11 A polêmica da formação e atuação do pedagogo
A polêmica da formação e atuação do pedagogo PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Nali Rosa Silva Ferreira   
Qua, 14 de Abril de 2004 21:00


Do cenário de discussões sobre a formação dos profissionais da educação faz parte uma polêmica questão: identidade, formação e atuação do pedagogo. A interpretação e a aplicação das diretrizes políticas relativas à organização e implementação de cursos de formação desses profissionais têm gerado, ao longo de algumas décadas, discussões e ações controversas na definição do perfil do pedagogo.

Sob essa perspectiva, se por um lado há imprecisões quanto à definição da proposta do Curso de Pedagogia, há por outro, definições/marcos para a formação e atuação do pedagogo: professor da "escola primária"; professor-pedagogo (formar o pedagogo no professor); professor do professor dos anos iniciais da escola básica; pedagogo-especialista da educação; pedagogo generalista da educação; pedagogo extra-escolar; pedagogo com formação unificada para o bacharelado (funções previstas no Art. 64 da LDB - planejamento, inspeção, supervisão, orientação e gestão administrativa nos sistemas de ensino) e para a licenciatura (no ensino infantil, nos anos iniciais do ensino fundamental e no ensino médio como professor das matérias pedagógicas para o curso de magistério). A formação unificada está sinalizada na proposta de Diretrizes para o Curso de Pedagogia (1999) e no projeto de Resolução para a Formação de Professores da educação básica (atualizado em março de 2004).



Percebe-se, numa retrospectiva histórica, que as tendências na formação e atuação do pedagogo mostram um forte acento na formação para a docência. Assim, a análise dos marcos determinantes no perfil do pedagogo deve ser ampliada na análise dos marcos da trajetória de (re)definição dos cursos de formação dos professores.

Uma consideração pode ser feita: que concepções de pedagogia e de prática do pedagogo têm sido "praticadas"? A linguagem é cultura, convenção, fluída. Desse modo, o discurso sobre quem é e o que deve fazer o pedagogo, e, o que deve ser o Curso de Pedagogia contém concepções, opções, que configuradas na linguagem desgastam-se, ampliam-se, convencionam-se. Dos sentidos de condução, guia (do grego paidagogõs: escravo para conduzir crianças à escola), arte e técnica de educação ao de reflexão sistematizada - ciência - da educação, o conceito de pedagogia e o fazer do pedagogo têm se modificado ao longo dos tempos. Hoje se entende que a pedagogia "ocupa-se da reflexão teórica a partir e sobre as práticas educativas" (Libâneo:2002), sendo o pedagogo o profissional da teoria e da prática do ensino.

Trata-se de outro momento histórico que busca a superação de uma visão fragmentadora do conhecimento e da prática e que requer um profissional de formação complexa, que saiba ao mesmo tempo distinguir elementos da dinâmica do processo educativo (ideológicos, temáticos, de linguagem, etc., implicados no ensinar, planejar, coordenar) e compreendê-los na dialeticidade da realidade educativa.

Karel Kosik (2002:28-30) situa que o homem só conhece a realidade na medida em que ele cria a realidade humana e se comporta antes de tudo como ser prático. Recorrendo a Kosik, estabelecer uma via de acesso, para conhecer as coisas em si, "deve [-se] primeiro transformá-las em coisas para si, [...] submetê-las à própria práxis". Entendemos que para falar da formação e atuação do pedagogo necessitamos exercitar a praxis de definir o que deve fazer o pedagogo. A praxis nesse sentido não é entendida como atividade prática que se contrapõe à teoria; é praxis enquanto constituição da realidade que se renova continuamente.

Percebemos o pedagogo como um profissional dos novos tempos que pesquisa questões implicadas na educação e no ensino e que teoriza a própria prática (bacharelado acadêmico); que exerce funções técnicas especiais - planeja, supervisiona, orienta e participa da gestão da educação e do ensino -(bacharelado profissionalizante) e que também pode atuar na docência (licenciatura). Isso pode significar desconstruir o modo fragmentado de ver a prática do pedagogo, uma vez que, a priori, quem define tal prática nem sempre é o mesmo sujeito que a pratica.

Na análise das matrizes teóricas que orientam as propostas de um curso é necessário observar no processo de organização e reformulação curricular de um curso as necessidades da clientela, o estudo dos determinantes históricos, políticos e as demandas culturais, para que sejam evitadas distorções, fragmentações na formação de seus profissionais. Na situação em questão, é necessário evitar a distância entre a formação do bacharel e a do licenciado da pedagogia, preservando-se é claro, pontos fundamentais na qualidade de uma formação unificada e não pulverizada.

Pode-se dizer que permanece ainda a imprecisão epistemológica quanto à pedagogia e indefinição quanto ao fazer teórico-prático do pedagogo, ou não? As palavras acompanham a dinâmica dos tempos, ou melhor, nós criamos as palavras para nos "traduzir", expressar nosso pensamento em vista de sermos contemporâneos a nosso tempo. Voltando às raízes, se pedagogo é alguém que conduzia, guiava para o ensino - naquele tempo um serviço, não propriamente uma profissão nos termos do que hoje entendemos por profissional da educação -, faz sentido pensar que o pedagogo é profissional do ensino, da prática educativa, da educação sistematizada. É o profissional que se atualiza no seu tempo ocupando-se da ação-reflexão-ação dos processos educativos nos espaços escolares e extra-escolares. É o profissional da educação em sentido pleno que exige formação complexa. Os órgãos oficiais e as instituições responsáveis pelas diretrizes da formação do pedagogo necessitam adaptar-se a novas coordenadas desconstruindo e reconstruindo sua teoria de prática de formação de educadores, especialmente de pedagogos.


 

 

 

Autor deste artigo: Nali Rosa Silva Ferreira - participante desde Ter, 13 de Abril de 2004.

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