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Escrito por Magno de Aguiar Maranhao   
Qua, 01 de Novembro de 2006 21:00

"Por que nos ocuparmos da educação artística quando nossas crianças passam pelo ensino fundamental sem aprender a ler e interpretar um texto ou fazer contas de multiplicar e dividir e o ensino médio se vê às voltas com o déficit de professores de Matemática e Ciências"? Este tipo de comentário, mais comum do que se supõe, mesmo entre docentes, denuncia a preocupação menor de que a disciplina é alvo e a pouca importância que lhe é atribuída na formação do indivíduo. Por incrível que pareça, há pais que sequer sabem que ela se constitui em "componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos", incluída na área de "Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias", ao lado de Língua Portuguesa. Ou seja, apesar dos esforços empreendidos pelos arte-educadores, especialmente a partir dos anos 80, quando começaram a se unir em associações e a lutar para que as escolas apreciassem a conexão educação/arte na dimensão devida, a disciplina parece ser vítima de uma velha síndrome brasileira: a das leis que não pegam.

É óbvio que a arte enfrenta entraves comuns a demais conteúdos curriculares. Contudo, a disciplina lida com problemas específicos, como a insuficiência de material didático para aulas práticas e teóricas, a dificuldade dos professores em encontrar meios de conectar as diversas manifestações artísticas e conectá-las, ainda, a outros componentes do currículo, em um exercício de interdisciplinaridade, o que denuncia as falhas de formação de muitos profissionais. Como toda generalização é perigosa, abro parênteses para informar que há excelentes ações em arte-educação, promovidas por educadores dedicados, ONGs e universidades. Não ouço falar, porém, de um programa nacional de incentivo à educação artística, apesar do imenso potencial que possui para alargar os restritos horizontes da juventude brasileira, embotada por uma indústria pseudocultural que lhes massacra com produtos facilmente deglutíveis, embalados por uma linguagem depositada nas mentes dos jovens de maneira explícita ou subliminar, e que eles adotam a fim de serem aceitos por indivíduos de sua faixa etária - sufocando em si mesmos quaisquer traços de criatividade, curiosidade ou tendência para admirar produtos artísticos diferentes dos que trazem a "marca" do grupo.

Talvez a instituição escolar não tenha percebido que, na ânsia de socializar-se e pertencer a um círculo, jovens são capazes de atitudes surpreendentemente preconceituosas, reacionárias e fechadas a uma compreensão global do mundo, um mundo plural que eles vêem como ameaça a suas crenças frágeis e, por isso, não se dão ao trabalho de conhecer - e isso, por acaso, é justo o que se deseja evitar através dos princípios que permeiam a LDB e as diretrizes curriculares nacionais, como o respeito, compreensão e valorização da diversidade. A instituição escolar talvez não tenha se dado conta, também, que a educação artística, mais que outras disciplinas, possui os requisitos para furar essas barreiras, atingindo em cheio a sensibilidade do aluno e fazendo florescer sua individualidade.

No entanto, é tolice culpar os meios de comunicação pelo embotamento juvenil. Afinal, com que alternativas estamos acenando? Nossos alunos, de maneira geral, absorvem conceitos que lhes são transmitidos em outros espaços educativos (sua família, sua igreja, a rua, a TV, o rádio), sem uma reflexão acerca do que "aprendem" (e desenvolvê-la é tarefa da escola, nem sempre cumprida) e sem conhecimento das inúmeras possibilidades de expressão que não aquelas com que travou contato em seu meio. Algo fatal para a formação de pessoas que crescem em comunidades subescolarizadas, sem acesso ao patrimônio cultural da sociedade e aos novos bens culturais que esta produz.

A concepção da arte-educação como incentivo ao crescimento do ser humano é recente e sua inclusão obrigatória nos currículos uma vitória dos arte-educadores que, no entanto, suam para conquistar nas escolas espaço condizente ao valor de sua missão: estimular os alunos a descobrirem seus talentos e proporcionar-lhes embasamento técnico para que dominem um meio de manifestação; promover o contato com expressões artísticas de outros povos, despertando-os para sua história e experiências humanas, sociais e culturais, das quais essas expressões são resultado; fazer com que eles sintam necessidade e ambicionem dominar conteúdos de outras disciplinas com o fim de aprimorar suas expressões artísticas. Os professores acrescentariam muitos outros itens a essa lista.

É crucial que a arte seja entendida como porta, caminho, atalho para que os objetivos da educação escolar sejam mais facilmente alcançados. Só por isso, a educação artística deveria estar posicionada em um patamar bem mais elevado.

 
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