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Edições Anteriores 119 Tendência à globalização e sua influência na educação
Tendência à globalização e sua influência na educação PDF Imprimir E-mail
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Escrito por José Fernando da Silva Filho   
Qua, 01 de Novembro de 2006 21:00

INTRODUÇÃO:
Antes de argumentarmos sobre a globalização versus educação é interessante sabermos: O que é escola? e O que é a escola no Brasil?, para que possamos sentir sua breve evolução e significado no mundo da cultura do conhecimento.

Adotando a definição de que escola é a unidade de educação, aonde tudo começa, o berço do letramento e da alfabetização, termos muito defendidos por Ferreiro(1) e de que, no Brasil, a escola é vista como uma satisfação de providência social, não importando se há meios físicos de mantê-las, nem se quer a importância pedagógica de sua intenção para a construção do conhecimento, pois tudo no nosso país, quando o termo é educação, só se trabalha a universitária, esquecendo-se da básica, e de maneira apressada, diferentemente de países conhecidos como Tigres Asiáticos, àqueles de povos amarelos e olhos puxados, como Cingapura, Coréia, Taiwan, etc., onde o poder público passou 30 anos ou mais investindo e consolidando a educação, para ser o que é hoje, potências respeitáveis de desenvolvimento.

No Brasil, porém, o significado é outro, nas escolas da rede pública não há um conjunto de condições necessárias para a escola operar, pois a começar pelo governo, que faz qualquer lugar, sem estruturas físicas, ser chamado de escola, até àqueles mesmos desativadas, ou interrompidos por algum motivos, sem contar com a cessão de baixos salários aos professores, cerceando sua motivação ao desempenho da profissão, o que leva a parodiarmos em que um diretor faz que manda, o professor faz que ensina e o aluno não aprende e repete de ano, e outro ano e assim passa, 3, 4, 5 anos tomando o espaço na escola e, por cima, há possibilidade de dizer que "burro" é aluno que não aprendeu nada, assim, essa é a diferença na escola privada, boa ou ruim, funciona, pois toda uma estrutura é a inversa do que dissemos até agora.

Portanto, para que possamos ver os efeitos da globalização e suas influências na educação, faremos um espelho: primeiro, social, afim de que possamos nos enxergarmos aonde estamos, no nível de ascensão mundial escolar; segundo, toda a influência da oferta de tecnologia que o aluno do século 21, traz para a sala de aula e o acompanhamento dessa evolução por parte do professor, para que, só assim, por último, possamos chegar a alguma conclusão da tal influência e sua tendência atual.


A INFLUÊNCIA E CONSEQUÊNCIAS DA GLOBALIZAÇÃO NO MUNDO
Sabemos que quanto mais avançamos no século, mais novidades aparecem mais ferramentas temos que dispor para lidarmos com tais avanços, como exemplo a informática, pois a cada mês, ano, etc., são fabricados máquinas com mais recursos de inteligência artificial; celulares seguem a mesma tendência, podendo até chamá-los de computadores de bolso ou mini-portáteis; televisores, que antes eram volumosos, hoje vemos os de plasma e outros da largura dum livro de 600 páginas, enfim, assistimos hoje coisas que víamos somente nos filmes de James Bond, o agente secreto 007, então, há uma correria enorme que temos que acompanhar, pois lá fora, Europa, Ásia, América do norte, nos surpreendem com novidades inesperadas e se não estivermos preparados ficamos para trás, por isso, somos obrigados a falar uma língua universal em termos de tecnologia e, para isso, só através duma maneira - a educação.

Na Europa, a educação escolar começou seu desenvolvimento no século 17 a 18, vindo progressivamente se desenvolver, pois para se ter uma idéia em meados de 1950 o Brasil, Alemanha, Inglaterra e França, tinham, praticamente a mesma população( 60 milhões de habitantes ), hoje, em pleno 2006, o nosso país triplicou seus habitantes, estagnou o desenvolvimento educacional, enquanto os outros evoluíram, mantendo-se quase que constantes em termos de quantitativo populacional, assim, não podemos nos penalizarmos de que fomos colonizados por explorados gananciosos pelo quinto do nosso ouro nas Gerais, sem dúvida que isso atrapalhara um pouco, até que se admita, no entanto, já se passaram mais de quinhentos anos e muita coisa ainda permanece o mesmo, a natureza usurpadora das classes mais favorecidas, as elites suicidas que só pensam em si mesmas em detrimento dos pobres.

A começar pelo oferecimento de oportunidades nas universidades públicas federais, aonde os cursos e vagas são totalmente disputadas por patricinhos que passaram a vida toda envoltos do conhecimento globalizado escolas particulares, enquanto àqueles que passaram a maior parte do tempo nas escolas públicas estaduais ou municipais, jamais terão o mesmo poder de conhecimento para competição... aí perguntamos: onde estão àqueles homens eleitos para a defesa dos interesses do povo? corrompendo-se mais e mais? ocupados em seus próprios enriquecimentos? envolvendo-se mais e mais em escândalos que tumultuam os canais de televisão e a mídia escrita? de modo a explorá-los ao máximo, a fim de fazer dinheiro.

E o povo assiste a tudo nas arquibancadas da vida, ensejando cada vez mais de providências para tirarem-nos da paralisação cultural, haja vista a turbulência de informações e novidades na cultura, e quem somente poderiam explorar tudo isso seria - o professor. Mas se este, último não recebe tanto para tal, como poderá o aluno de hoje ser culto o suficiente para construir suas competências para disputar no mundo globalizado.

As empresas de porte, que oferecem seus maiores salários, ou até mesmo médios e atrativos, exigem um profissional com conhecimento em pelo menos um língua estrangeiro, de preferência o inglês ou espanhol, e isso a escola pública não oferece e, sim, apenas àquelas escolas de línguas com mensalidades de até 100 reais ou mais, o quê, para um chefe de família que ganha até o máximo de um salário mínimo(R$ 350,00), considerando 03 filhos, viverá a pão e água.

Ainda assim, ter breves conhecimentos em informática, também não oferecido na escola pública e quando disponível, não há professores capacitados para tal e quando há, mesmo que contratados, o governo dificulta suas acessibilidades ao exercício do ofício docente; logo, o único refúgio é custear mensalidades que variam de 30 a 100 reais por mês e, para completar, uma formação acadêmica em nível superior e de preferência com pós-graduação, cujas mensalidades vão de até 1000 reais/mês, como os de MBA, enfim, reflitamos o quanto se gasta com a educação de hoje para que possamos ter um profissional a nível exigido pelo mundo globalizado; perguntamos ainda, se nosso amado país é ciente dessas conseqüências sociais, para que nossos jovens de hoje não sejam homens de amanhã facilmente manipuláveis, por não terem educação, pois seu país não proporcionou.

Por isso, agora entendemos que o americano, o japonês, o coreano, etc. orgulham-se tanto de sua pátria, porque seu governo faz o SOCIAL funcionar, pois só assim, poderá ser sentida a riqueza duma nação - pelo conhecimento, para melhor gerir uma economia e sociedade globalizada.


A TECNOLOGIA E A ESCOLA ATUAL
Os diversos segmentos da sociedade vivem momentos de constantes preocupações a fim de acompanhar a acirrada disputa inovadora e miscigenada do mercado, seja ela empresarial, política, educacional, etc., e, para isso, faz-se necessário a coexistência de profissionais aptos a desenvoltura das exigências mercadológicas.

Precisamente no campo da educação os professores devem possuir um perfil que se encaixe as mutações, logo, poderíamos dizer "um professor capaz de dar respostas diferentes; que saiba fazer transposições didáticas dos conhecimentos universais, transformando-os em conhecimentos significativos". No entanto, apesar da febre neoliberal da informática, internet, mecanismos virtuais, etc., muitas instituições superiores de ensino, não dão ao futuro professor um repertório diversificado de recursos e metodologias, o que o faz buscar em suas especializações particulares, porém, não podemos ter esse problema como desculpa. È importante municiarmos com orientações e didáticas novas, até porque não se ensina o que não se sabe e, na maioria das vezes, o aluno que hoje chega à escola, seja ela estadual, municipal ou particular, já vem com uma gama de conhecimentos tecnológicos até mais avançado que o professor.

Assim, passar por um vexame fruto da ociosidade profissional é constrangedor, por isso faz-se necessário o docente começar a refletir sobre sua prática pedagógica e transmissão de conhecimentos aos discentes e sempre buscar novidades. Por exemplo, muitas escolas do sudeste do país, tal como os alunos da 5ª série da escola Municipal Professor Edílson Duarte, Cabo Frio-RJ, passaram a utilizar o weblog como recurso de aprendizagem para difundir seus projetos educacionais, sem contar com a interação com outros internautas da rede virtual, vindo, com isso, criarem até uma espécie de "código particular" de linguagem, como a exemplo a palavra beleza como sendo blz, você como vc, tudo como td, e assim vai.

Portanto, com a adoção desse recurso tecnológico na escola o docente enfrenta um dilema: corrigir ou não a grafia e, para isso, é importante discernir quando "trabalho escolar" e " navegação pessoal do aluno". No primeiro caso será exigido mais formalidade na linguagem, até porque será acessado, na rede, por diversos públicos e no segundo caso, ficará como um entretenimento de comunicação à distância entre alunos

O Blog ou Weblog , da abreviação web = ambiente de internet e log = diário à bordo é uma ferramenta do mundo virtual que permite ao usuário colocar na rede conteúdos e interagir com outros internautas. No entanto, na sala, serve para registrar os conhecimentos adquiridos pela turma durante os projetos de estudo, etc.

Outro recurso outrora difundido nas salas de aula foi o uso da televisão(TV) para fins educacionais, como a implantação de projetos como O Projeto Avançar, Proformação e outros, que exigem a existência dum professor que seja polivalente, que neste último caso, não somos muito de acordo, por acreditarmos na ineficiência docente, pois como um professor formado especificamente em matemática, terá conhecimento suficiente para passar um conteúdo de história, geografia, etc., oposto às teorias de sua área de formação; prova efêmera de nossa argumentação constatamos num projeto de pesquisa acadêmico realizado por um aluno do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Matemática, em 2004, na Fabeja, intitulado "A Avaliação da Sistemática de Vídeo-aula de Matemática no Projeto Avançar", em que constatamos uma dificuldade em assimilação da matéria em torno de mais de 90% dos alunos pesquisados.

Entretanto, o lado bom reside numa didática nova, mas provável que os alunos não são forçados a raciocinar e sim, repousá-lo, como afirma Eugênio Bucci, professor de Ética e Jornalismo da Faculdade Casper Líbero, no Rio de Janeiro. Por isso se faz necessário direcionar melhor o uso desse recurso audiovisual em sala de aula, com professores críticos e capacitados para assunção de tal responsabilidade fruto da cultura globalizada, pois como dizia Platão: " aquilo que percebemos com os sentidos é apenas o primeiro passo na caminhado do conhecimento, pois os passos seguintes são dados com o pensamento" e para isso é importante que raciocinemos.

A TV pode até ajudar o professor, ilustrar lições, etc., mas jamais substituí-lo ou guiar o pensamento abstrato, pois raciocínio não é entretenimento e sim, trabalho mental e o que se tem feito nos projetos citados acima é o endeusamento da TV senão, ligá-la para que os alunos assistam ao assunto, o professor pergunta o que entenderam, talvez escute as argumentações sem se quer depois fazer um fechamento do que foi assistido e argumentado em sala... e assim vai empurrando com a barriga, por isso o ProAvan não deu certo, um professor para muitas coisas ou vice-versa.

Por fim, o uso do computador é mais um recurso amplo de uso e assim como o Blog e a TV deve ter um direcionamento coerente para a transmissão do conhecimento e que aconselhamos que seja difundido já nas séries iniciais, aonde o aluno começa a ter os primeiros contatos com a máquina, para que ao final da educação básica possa manuseá-la com maior destreza; é o que chamamos de "alfabetização digital" em pleno século 21, século esse idêntico ao do uso da máquina de datilografia, onde quem não possuísse tal conhecimento estava fora do mercado.



A GLOBALIZAÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NA ESCOLA DE HOJE

Para sentirmos o clima de exigência proporcionado pela globalização no mundo afora, bem como sedimentarmos o que até agora fora dito, no sentido de sempre buscarmos inovações, a fim de acompanharmos o mundo tecnológico, era da informática e informação, etc., façamos um breve passeio na história do ensino da disciplina Matemática: no século XVIII as ciências eram apenas reservadas aos filósofos, contudo a revolução industrial, a administração, o sistema bancário e de produção passaram a exigir mais do cidadão, no entanto a matemática chega às escolas com uma linguagem muito formal e dedutiva, é crucial aprender matemática nessa época.

Século XX, a matemática evolui e adquire importância nas escolas, mas ainda distante da realidade dos alunos, cresce, então a dificuldade; pós-guerra, com a guerra fria e a corrida à conquista da lua os norte-americanos reformulam o currículo, surge a matemática moderna, uma boa idéia mal encaminhada, ela apóia-se na teoria dos conjuntos, isola a geometria e ainda é muito abstrata para o aluno; anos 70, inicia-se o movimento de educação matemática, onde professores do mundo todo se reúnem em grupos de estudo, a fim de descobrirem como se constrói o conhecimento na criança, muitos educadores resistem às mudanças, atrelados ao tradicionalismo.

1997-1998, são lançados no Brasil os PCN´s, capítulos são dedicados às disciplinas diversas e, em especial à matemática, o que até agora são os melhores instrumentos de orientação para todos os professores. Contudo observamos as buscas constantes à inovações forçadas pela globalização, que vem disfarçada através dos tempos, talvez com outro nome, mas mesmo significado; desde a revolução industrial aos PCN´s e tudo isso, mais uma vez nos força a sempre aprimorarmos o conhecimento, sempre aprender a aprender para que possamos competir com uma disputa acirrada à sobrevivência humana.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FILHO, José Fernando da S. Apropriação de conceitos de geometria métrica espacial: um estudo de caso com alunos do 2º ano do ensino médio da Escola Agrotécnica Federal de Belo Jardim - PE Artigo Acadêmico. 08 fev.2006.

FILHO, José Fernando da S, et al. Avaliação da Sistemática de Vídeo-aula de matemática no Projeto Avançar - ProAvan. 15 set. 2004

BUCCI, Eugênio. O raciocínio e o Entretenimento. Revista Nova Escola,São Paulo, SP, n.150, p.14, mar. 2002

GENTILE, Paola.Escola Boa é aquela em que todos aprendem. Revista Nova Escola,São Paulo, SP, n.173, p.24-28, jun/jul. 2004

GENTILE, Paola.Blog:diário (de aprendizagem) na rede. Revista Nova Escola,São Paulo, SP, n.173, p.44-45, jun/jul. 2004

FALZETA, Ricardo.A matemática pulsa no dia-a-dia. Revista Nova Escola,São Paulo, SP, n.150, p.20-21, mar. 2002

OLIVEIRA, João Batista de. Sete Soluções para a escola Pública. Disponível em:< http://www.folha.uol.com.br/folha/treinamento/educação/html>. Acesso em: 07 jun.2006


NOTA:
(1) Emília Ferreiro, Educadora Argentina, ex-discípula de Piaget , idealizadora do termo letramento e alfabetização, onde a mesma inibe a coexistência dos dois termos, até porque alfabetização é sentida, segundo ela, pela criança, mesmo que nunca tenha ido à escola, no momento, por exemplo que os pais contam estorinhas de ninar, noutras palavras é a decodificação da letra, do alfabeto; logo a alfabetização vem do letramento.


 

Autor deste artigo: José Fernando da Silva Filho - participante desde Ter, 31 de Outubro de 2006.

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