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Edições Anteriores 103 Apatia Patológica
Apatia Patológica PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Robspierre Miconi Costa   
Qua, 05 de Julho de 2006 21:00


O léxico Pátrio nos diz que apatia é um estado de insensibilidade, indiferença, falta de energia ou indolência. Este último significado por sua vez traz outros tantos igualmente aplicáveis a nossa seleção de futebol tais como: ociosidade, preguiça, negligência, desleixo, inércia e impassividade.

É bem verdade que neste exato momento, gostaríamos de utilizar outros tantos adjetivos menos nobres para nosso selecionado canarinho, bem como para o seu técnico (tudo com letra minúscula mesmo viu gente!), para fazer frente a pífia atuação do jogo fatal contra a França (é... a França novamente...), porém, por dever de urbanidade, e a fim de que este texto seja publicável somos impelidos a tentar "esquecer", pelo menos por hora, o gosto amargo da derrota infligida pelo carrasco Zizu (de novo ele...).

Esta dor, talvez revolta de muitos, não se deve apenas ao fato do Brasil ser conhecido (e reconhecido) primeiro no cenário internacional como o País do Futebol, ou de serem seus jogadores os melhores e mais bem remunerados do mundo, mas, e principalmente porquê eles não se comportaram como tal, eles não perderam lutando com toda a força de seu ser como nossos "hermanos Argentinos" igualmente eliminados do certame, mas com uma dignidade e honra que nossos jogadores não se dignaram ao menos tentar simular.

Os desportistas de um modo geral, e nossos jogadores em especial ganham um reconhecimento e principalmente uma retribuição pecuniária que poucas, quiçá nenhuma outra atividade ou profissão proporcionam. Além do dinheiro, hotéis de luxo, médicos, fisioterapeutas e nutricionistas exclusivos, todas as deferências, homenagens e badalações que a fama pode proporcionar.

O caso agora não é discutir se isto é certo ou errado, mas sim destacar que além de tudo, eles servem de exemplo para as gerações mais novas, todos querem se tornar um dia um Ronaldinho ou um Kaká e ser extremamente bem sucedido na vida independentemente dos estudos, como, aliás, nos recordou de maneira depreciativa e deselegante um dos componentes do selecionado francês, ao dizer que se o Brasil ganhasse não seria novidade alguma, pois nossos jogadores apenas jogam bola a vida inteira, enquanto eles são obrigados a estudar.

Confesso que nunca vi uma criança desejar visceralmente ser um professor como desejam se tornar jogador de futebol; também, com nossas condições de trabalho e remuneração... (tudo bem... eu prometo que não vou começar a me lamentar sobre estes assuntos novamente), pelo menos nós somos sempre vistos como exemplo de dedicação e desprendimento (invariavelmente temperada como uma certa nota de pena), pois o que os Professores mais bem sucedidos ganham por mês, o que alguns jogadores medianos ganham por hora, mas é melhor que ser visto como um mercenário não é verdade? (será mesmo?)

Como é sabido desde a Roma Antiga o povo precisa, ou ao menos quer, é pão e circo, ademais, o saber dói, machuca arrancar de nosso âmago "conhecimentos e convicções" que julgávamos absolutas, dói conhecer a realidade da vida, ter senso crítico, opinião própria, encarar frente a frente a "verdade", a qual se por um lado constitui fator de libertação, por outro nos torna mais céticos e menos sonhadores.

Esta falta de vontade que contaminou nossos jogadores não é novidade em nossa atual sociedade, como destacamos em alguns de nossos textos. Hoje após alcançar um certo nível de conhecimento e/ou sucesso nas atividades profissionais, a tendência é relaxar e começar a negligenciar, ora, nossos jogadores e nós somos capazes, o brasileiro é bom de verdade em muita coisa, mas temos de nos conscientizar disto, e mais, arcar com as conseqüências de ocupar os primeiros lugares, pois não basta "chegar lá" é preciso se esforçar para ficar no topo.

Não há repouso para os vencedores, apenas preparação para as próximas batalhas; cuidado e amor para com os trabalhos vindouros também são indispensáveis, pois só assim eles continuarão sendo um norte para quem começa, e principalmente um repositório do conhecimento adquirido por gerações. Para permanecer no topo é necessário ter determinação e renovação diária dos ideais e idéias. (mas que estava bom sonhar com o hexa, ah! isto estava! A Argentina tinha até perdido... acho que não deveríamos ter ficado tão satisfeitos com a desventura alheia, será castigo?)

Fica aqui o registro de minha frustração/decepção como torcedor pela ridícula atuação de nossa seleção, que fez apenas um único jogo um pouco mais decente, por tudo aquilo que poderia ter sido e não foi, mas atenção pessoal: vamos acordar, antes que a realidade brasileira se repita por mais quatro anos, e também mais uma vez daqui a quatro anos nossa seleção decepcione de novo!

A máxima "não se mexe em time que está ganhando" também não se aplica a nossa situação, então, vamos colocar nossos neurônios em campo, pois outubro está chegando, e um mal resultado na política tem maiores e mais duradouras conseqüências que o futebol, ainda dá tempo de virar este jogo! Ou será que vamos preferir agir como nossos jogadores e permanecer neste estado patológico de apatia por mais quatro longos anos?

 

Autor deste artigo: Robspierre Miconi Costa - participante desde Dom, 23 de Abril de 2006.

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