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Gestão Universitária

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O gestor escolar e as novas tecnologias PDF Imprimir E-mail
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Escrito por José Roberto Alves da Silva   
Qua, 14 de Junho de 2006 21:00

Este texto pretende dar subsídios para os gestores e outros atores que atuam na educação, principalmente na escola pública, sobre a discussão a respeito da introdução da tecnologia no contexto educacional, especificamente na gestão escolar. Não pretende ser a única voz sobre esta relação entre gestão e o contexto tecnológico, mas ousa pela iniciativa de erguê-la em defesa de tal relação. A minha experiência docente na formação de profissionais para a educação e na gestão do ensino médio e superior, nos qualifica para este debate que ora pretende-se travar com vocês.

1. Porque gestão e tecnologia?
Temos evidenciado desde a implantação de Lei Nº. 9394/96, que nos deparamos com uma verdadeira revolução na gestão da escola e da figura do gestor escolar, pois inúmeras responsabilidades, competências e habilidades são exigidas em sua atuação administrativa, pedagógica e comunitária, a partir dos princípios de gestão democrática no âmbito da escola pública. O gestor escolar a partir deste momento passou a gerenciar, coordenar, acompanhar e executar atribuições que anteriormente não ressonavam, no âmbito da escola e da comunidade, com tal força que ora evidenciamos com o advento da referida lei, senão vejamos;

1) Estabelecer condições para implantação da escolha dos gestores por meio de eleição no âmbito da escola;
2) Garantir a participação da comunidade nas decisões da escola, especificamente no Conselho Escolar e na elaboração do Projeto Político Pedagógico;
3) Elaborar de forma coletiva o Projeto Político Pedagógico da escola;
4) Implantar e efetivar as ações do Conselho Escolar como órgão colegiado e instância normativa e deliberativa no âmbito da escola;
5) Estabelecer parcerias com a comunidade intra e extra-escolar e consolidar a escola como espaço de participação da comunidade e de produção de conhecimento;
6) Garantir a qualificação dos docentes e pessoal administrativo, assim como lutar para o ingresso dos profissionais da educação por meio de concurso público;
7) Viabilizar o acesso e permanência dos alunos na escola;
8) Zelar pelos recursos humanos, patrimoniais, materiais e financeiros da escola;

Como podemos perceber faz-se necessário a presença de um "super" gestor escolar para dar conta de todo esse processo, no entanto chamamos atenção para que uma outra função seja analisada e gerenciada com cuidado no âmbito da escola, que diz respeito ao uso e manuseio das novas tecnologias na escola. Evidenciamos que nos últimos dez anos vários programas foram efetivados na escola, seja por iniciativa do governo federal, estadual ou municipal, em relação ao uso e manuseio da tecnologia, como exemplo citamos: TV Escola, Vídeo Escola, Rádio Escola, Proinfo e mais recente Mídias na Escola, DVD Escola, Computador para o Professor.

Para início de nossa caminhada e reflexão sobre gestão e as novas tecnologias apresentamos abaixo nossa opinião publicada no Jornal Diário do Pará em 12 de novembro de 2005:


Gestão na Escola: fazendo história e educação.
Por meio deste relato pretendemos apresentar algumas reflexões importantes a partir da Conferencia de abertura da II Semana Acadêmica da Faculdade Integrada Brasil Amazônia proferida pela cineasta Tyzuka Yamazaki na noite do dia 18 de outubro do corrente ano no Salão Karajás do Hilton Hotel em Belém do Pará, na qual a mesma relatou a trajetória para realização de um filme que resgata a história da imigração no Brasil, especialmente dos japoneses no século passado. Fundamentada na exibição do making off do filme " Gaijin - Ama-me como sou", a cineasta nos permitiu a análise de todo o processo de produção cinematográfica para consolidação de um filme, pois os fatos apresentados foram muitos significativos. Se de um lado demonstra o enorme desafio para realização de um filme no Brasil, envolvendo os seguintes aspectos: falta de verbas, poucos patrocinadores, intensa pesquisa, definição de atores, atrizes e figurantes, pesquisa de figurinos e cenários, escolha de locais das filmagens e os contratempos climáticos dos referidos locais . Por outro lado, retrata a dedicação, a fibra e a garra de toda equipe responsável para a realização de um filme recheada de criatividade, tecnologia e inovação. Diante de sua exposição, também "filmamos" aquela relação entre o "fazer história", a gestão e a educação, isto é, refletimos sobre a necessidade na chamada "sociedade do conhecimento" de cada vez mais aproximarmos, na condição de docente e de formadores de profissionais para a educação, a relação entre a docência e a tecnologia, mesmo sabendo que em muitos casos, toda a produção midiática não tenha nenhuma preocupação com o contexto educacional ou da sua utilização em sala de aula. Chamamos atenção que no momento de nossa "filmagem" os fatos que demonstravam os desafios da cineasta para consolidação de sua produção e arte, refletem nos mesmos desafios que nós educadores e gestores temos em relação a aproximação entre educação e tecnologia : escolas sem laboratórios, bibliotecas, alunos sem motivação, professores desmotivados, mal remunerados e má formação profissional em relação aos contextos tecnológicos que ora nos deparamos, embora haja diretrizes que encaminham os projetos pedagógicos dos cursos de licenciatura nesta direção.Mas cremos que o vigor e a garra estabelecidos no trabalho coletivo dos profissionais envolvidos na produção cinematográfica em questão, são molas propulsoras para acreditarmos em uma nova história da educação brasileira e paraense.Temos uma importância significativa, neste processo de formação de profissionais que pretendam compreender e atuar neste contexto tecnológico, principalmente para um "olhar" diferenciado sobre as mídias e suas informações, no sentido de "produzirmos" sujeitos críticos diante da sociedade do conhecimento.Assim como a cineasta faz e a Educação Brasileira vem fazendo história, precisamos fazer a nossa história pela gestão escolar com cinema, rádio, jornal, computadores, outras tecnologias, mas principalmente com produção de conhecimento.


Diante de tal aspecto, entendemos que já está na hora dos gestores escolares ampliar os horizontes da gestão da escola em consonância com o contexto tecnológico que ora evidenciamos, principalmente na elaboração do projeto político pedagógico da escola, para que a articulação entre docência e tecnologia seja efetivada de forma integral no âmbito da escola, onde evidenciamos ainda uma verdadeira aversão ao uso da tecnologia, seja por sua ausência ou por sua má utilização, muitas vezes decorrente da ausência de capacitação dos docentes para tal utilização. A incorporação da tecnologia já é uma realidade presente nas diretrizes curriculares dos níveis da educação do país, no entanto ainda nos deparamos com verdadeiros absurdos em relação à utilização da tecnologia nas escolas, servindo muitas vezes como passatempo ou entretenimento, desvinculadas de uma proposta pedagógica ou do próprio projeto pedagógico, sem falar nos kits tecnológicos trancados em salas inacessíveis para uso nas atividades docentes, muitas vezes é verdade, por falta de segurança.

2. A tecnologia na sociedade, na indústria, no comércio... e na escola ainda não?
Evidenciamos neste século XXI o apogeu das novas tecnologias da informação e da comunicação no âmbito da sociedade moderna, pois a convergência das inovações da informática, da comunicação e das telecomunicações estão presentes nos artefatos tecnológicos que varia desde do telefone celular ao computador, no qual é capaz de possilibitarem, aos usuários o envio e recebimento de mensagens, ouvir a programação do rádio, assistirem vídeos, produzirem fotos e proporcionar ainda a comunicação audiovisual entre sujeitos em diferentes partes do mundo. Em minhas palestras sempre questiono aos presentes se os mesmos foram consultados se os mesmos seriam favoráveis ou não por este "tsunami" tecnológico que invade a sociedade de "consumo" que ora evidenciamos, como exemplo temos a mudança tecnológica da retirada de circulação das fichas telefônicas e a inclusão dos cartões telefônicos, que representa uma brutal diferença tecnológica, no entanto imediatamente incorporada na sociedade, sem necessidade alguma de capacitação ou de cursos para tal manuseio, assim como de uma ampla reflexão sobre os impactos econômicos que tal medida representa, pois agora somos obrigados em adquirirmos cartões com 20(cada vez mais escassos), 40 ou 60 créditos para muitas vezes, realizarmos uma única ligação, embora com bastante criatividade já encontramos em bancas de revistas ou de bombons, a venda das unidades dos cartões.

Nosso contato com a tecnologia é diário, pois a mesma encontra-se incorporada nas empresas, nos bancos, nos comércios, enfim em vários setores de nossa sociedade moderna. Nossas crianças já sentem o efeito da sociedade da informação, pois as mesmas "brincam" com a tecnologia, fruto de suas curiosidades e da ausência do "medo" de errar.

No entanto em relação aos nossos educadores, principalmente àqueles com ampla experiência docente, evidenciamos um verdadeiro "pânico" em desenvolverem atividades com o auxílio de tais artefatos tecnológicos. E bem verdade que há ausência de uma política de qualificação docente que aproxime a relação entre educação e tecnologia, principalmente no processo de formação docente, pois ainda são reduzidos o número de escolas, gestores e docentes que "abraçam" a idéia de articulação das propostas pedagógicas com as novas tecnologias da informação e da comunicação. Temos que mudar este contexto. É responsabilidade da universidade, também, tratar dessa questão e do papel reservado á educação. Segundo Pretto (1996), "não podemos pensar que a pura e simples incorporação destes novos recursos na educação seja garantia imediata de que se está fazendo uma nova educação, uma nova escola, para o futuro (...) vivemos um momento histórico especial, em que surgem novos valores na sociedade."

O sistema educacional brasileiro tem, pelo menos, dois grandes desafios a serem enfrentados: saldar a dívida social com a população, oferecendo uma educação de qualidade para todos, e atender aos novos requerimentos de formação de cidadania impostos pelas mudanças econômicas, políticas e tecnológicas deste início de século.

Não obstante os avanços alcançados nos últimos anos com a melhoria no nível dos indicadores educacionais e, principalmente, com o salto obtido na meta de universalização do acesso ao ensino fundamental, muito ainda tem que ser feito para qualificar esse acesso e vencer a tendência histórica de exclusão social do sistema. A escolaridade média da população, de 10 anos e mais, é inferior a todos os países desenvolvidos, inclusive os da América Latina; as taxas de permanência e de sucesso escolar, bem como o desempenho dos alunos, são ainda insatisfatórios; as desigualdades regionais e a exclusão do atendimento escolar de segmentos sociais menos favorecidos, entre outros, demarcam a complexidade do desafio de oferecer educação de qualidade para todos.

No outro extremo, situam-se os desafios da formação de uma nova cidadania compatível com as mudanças resultantes do modelo emergente de sociedade, caracterizada pelas economias abertas e globalizadas, pela inovação tecnológica e pelo avanço do conhecimento, no qual, simultaneamente, se ampliam a polarização social, as demandas éticas, o controle social e o aumento da participação social, como resultado do retorno à democracia.

Ressaltamos ainda, a necessidade de mudarmos uma prática cada vez mais constante no âmbito das escolas públicas, os equipamentos tecnológicos ficarem trancados ,é bem verdade que decorre da falta de infra-estrutura das escolas em salvaguardar os equipamentos, mas entendemos que além da capacitação dos docentes, há também a necessidade da participação dos gestores nos cursos de qualificação para o uso das novas tecnologias, para que os mesmos possam incentivar a presença da tecnologia no contexto administrativo e pedagógico na escola, ou seja, os gestores precisam participar do processo de inclusão digital ou de alfabetização tecnológica, no qual a sociedade incorpora com tamanha velocidade, mas que na escola ainda há uma grande desconfiança, morosidade e ausência de incorporação da tecnologia.

No contexto das mudanças que invadiram o cenário educacional e a gestão escolar, a formação continuada vem ganhando progressiva importância, como sinal de que o aprendizado deve assumir caráter permanente e dinâmico na vida dos profissionais de qualquer organização humana. A formação passa a ser vista como instrumento fundamental para o desenvolvimento de competências, envolvendo valores, conhecimentos e habilidades para lidar com as mudanças aceleradas, com contextos complexos, diversos e desiguais, para aprender a compartilhar decisões, lidar com processos de participação e adaptar-se permanentemente às novas circunstâncias e demandas institucionais (Machado, 1999).

A aprendizagem, em conseqüência, passa a ser o foco da formação e o aprendizado coletivo uma das questões fundamentais a ser considerada. Novos métodos passam a ser utilizados, inclusive com o uso de tecnologias e de modalidades de formação a distância (idem, 1999)

Considerações
Compreendemos então, que não cabe mais o questionamento sobre a validade das novas tecnologias da comunicação e da informação no âmbito da escola, elas devem ser incorporadas, inclusive no processo de formação e de atuação de gestores escolares, impondo às instituições de ensino superior uma siginificativa mudança no processo de formação de profissionais para a gestão das escolas, com capacidade de interagirem com as novas tecnologias da comunicação e da informação, visando uma educação pública com qualidade ,portanto gestores e educadores estamos na hora da inclusão tecnológica à comunidade , quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Referências FREIRE, P. Mudar é difícil, mas é possível. In: FREIRE, A.M. (org) Pedagogia dos sonhos possíveis São Paulo (SP) Ed. UNESP, 2001.
MACHADO, Maria Aglaê de M. Políticas e práticas integradas de formação de gestores educacionais In: CONSELHO DOS SECRETÁRIOS ESTADUAIS DE EDUCAÇÃO. Gestão educacional: tendências e perspectivas. São Paulo : Cenpec, 1999. (Série Seminários Consed).
MORIN, E Conhecimento local e conhecimento universal: Diversidade, mídias e tecnologias na educação. Curitiba (SP), Ed. Champagnat, 2004,
OLIVEIRA, R. Informática Educativa São Paulo (SP), Ed. Papirus, 2000
PRETTO, N, L. Uma escola sem/com Futuro Ed. Papirus, 1996
VALENTE, J. A. O Papel do Facilitador no Ambiente Logo. In: Valente, J. A. (org.) O Professor no ambiente logo: formação e atuação. Campinas: Ed.UNICAMP,1996.


* Texto apresentado para subsidiar a II Conferência Municipal de Educação de Ananindeua


 

Autor deste artigo: José Roberto Alves da Silva - participante desde Seg, 05 de Junho de 2006.

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