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SOBRE O GIGOLÔ DAS PALAVRAS DE VERÍSSIMO: BREVES COMENTÁRIOS PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Marinho Celestino de Souza Filho   
Seg, 03 de Junho de 2013 00:00

MARINHO CELESTINO DE SOUZA FILHO[1]

Resumo: Nesse artigo, produzido por meio de pesquisa bibliográfica, tentamos analisar uma das principais obras primas de Luis Fernando Veríssimo: O Gigolô das Palavras.

Palavras-chave: Análise. Veríssimo. Crônicas. Contos.

Abstract: In this article, produced by means of literature, we try to analyze one of the major masterpieces of Luis Fernando Verissimo: O Gigolô das Palavras.

Keywords: Analysis. Veríssimo. Chronicles. Tales.

1 INTRODUÇÃO

Tentaremos analisar a obra prima de Luís Fernando Veríssimo: O Gigolô das Palavras, para execução desse trabalho, veremos separadamente cada texto contido nessa exuberante obra.

Apesar disso, não tentaremos classificar os textos contidos na obra acima assinalada em contos ou crônicas, pois, sabemos, de acordo com Bordini (1996), que os textos de O Gigolô das Palavras, ora apresentam características de um estilo, ora de outro, dessa forma, tencionamos simplesmente apontar algumas leituras que acreditamos possíveis para cada texto apresentado no livro anteriormente citado.

Por isso, iniciaremos com o primeiro texto dessa obra cujo título é O Popular.


2 BREVES ANÁLISES DO TEXTO: O GIGOLÔ DAS PALAVRAS

No Popular, Veríssimo (1996), trata das diferenças existentes entre um sujeito dito popular brasileiro, um irlandês e um cidadão não popular do Brasil.

O popular brasileiro basicamente fica à vontade, já o irlandês é cheio de receios, ressalvas e reservas, está quase sempre de terno, casaca etc.

Deve-se ressaltar que segundo Veríssimo (1996), essas diferenças são consequências das diferenças climáticas entre o Brasil e a Irlanda.

Além disso, outras características que diferem um sujeito popular no Brasil, de acordo com o autor anteriormente mencionado, é que o popular brasileiro está sempre com um embrulho debaixo do braço e alguém nunca sabe o conteúdo desse embrulho, mais ainda; se esse cidadão for entrevistado, não tem qualquer opinião formada sobre qualquer assunto, entretanto, o não popular brasileiro, um transeunte qualquer é muito diferente, porque, ele tem sempre uma opinião formada sobre qualquer tipo de assunto, emociona-se facilmente diante de muitas circunstâncias: comícios, protestos, inclusive, vai; às vezes; até preso por engano.

Para finalizar esse breve comentário, Veríssimo (1996) assevera ainda que o popular brasileiro está em todos os lugares, todavia, nunca vai preso e alguém jamais saberá o quê ele está levando no embrulho.

Agora analisaremos o segundo texto do livro: O gigolô das palavras, talvez o melhor e o mais relevante de todos os textos já escritos por Veríssimo (1996), ou seja, trataremos do texto que originou a obra acima assinalada: O gigolô das palavras.

Nesse texto, Veríssimo (1996), assegura que para ser escritor, não é preciso dominar a gramática, entenda-se aqui por gramática, de acordo com Possenti (1996): [...] conjunto de regras que devem ser seguidas, pois, seguindo essas regras o sujeito supostamente escreveria ou falaria bem a nossa língua, ou melhor, nesse contexto, essa gramática é conhecida por gramática Normativa.

Por outro lado, o autor mostra que devemos dominar algumas regras básicas para escrever e falar bem, desprezando outras, por exemplo, ninguém precisa saber o feminino de cupim para falar ou escrever bem a Língua Portuguesa.

Mais adiante, nesse mesmo texto citado anteriormente, Veríssimo  (1996), ainda nos conta que um grupo de alunos fora entrevistá-lo, ele achou que a entrevista era devido a alguns “erros de português” cometidos em uma de suas colunas e, pensando prontamente numa desculpa diria que era culpa dos revisores.

Todavia, Veríssimo (1996) percebeu depois que não era aquele o motivo da entrevista, inclusive, porque foram os alunos do Colégio Farroupilha, no Rio Grande do Sul, os quais o escolheram, diante disso, o autor de O gigolô das palavras ficou mais tranquilo, atendeu aos alunos, falando sobre o ato de escrever, comparando-o a uma obra de arte, aliás, Veríssimo (1996) afirma que escrever bem não significa saber todas as regras da gramática Normativa, ou melhor, não é necessário conhecer essa gramática “de cabo a rabo”.

Além disso, Veríssimo (1996) confessou que não sabia muitas regras da gramática Normativa e, muito menos Etimologia.

Finalmente, no texto, O gigolô das palavras, o autor mostra que a linguagem serve para comunicar e, quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover e comover, ou seja, se possível fazer da linguagem, especialmente da escrita uma arte e mostrar para a gramática Normativa que quem manda de verdade é o escritor, porque a Sintaxe é antes de tudo uma questão de usos e não de princípios, pois, quando um escritor se preocupar em obedecer cegamente todas as regras gramaticais, talvez, não consiga produzir um só texto, porque Veríssimo (1996, p. 10-11) assevera que: [...] A gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda. [...]

Após esse brevíssimo comentário sobre o texto O gigolô das palavras, trataremos do texto: O trapezista também inserido na obra anteriormente assinalada.

Interessantíssimo (aliás, todos os textos que esse autor escreve) esse texto do Veríssimo (1996) o qual trata da questão da infidelidade de um marido que mesmo tendo sido pego em flagrante delito, sendo fotografado, jura que não havia traído a mulher, inclusive, reforça esse juramento, jurando ainda pelo que é de mais sagrado para ele: o túmulo de sua mãe, os filhos, a conta no banco etc.

Dessa forma, o marido compara o casamento com um show circense conhecido por trapézio e diz à sua mulher que semelhante a esse espetáculo, o casamento também deve ser regido pela confiança, fidelidade, pois, se no trapézio não houver confiança mútua certamente seria praticamente impossível vislumbrar esse espetáculo, ou melhor, se os trapezistas confiam uns nos outros de corpo e alma, numa entrega perfeita, esse show pode ser utilizado, todavia, se o oposto for verdadeiro, ambos os trapezistas podem sofrer um acidente com, inclusive, risco de morte, por isso, o marido flagrado em adultério usa essa comparação do show de trapézio com o casamento, para tentar justificar o injustificável: sua traição.

No entanto, o mais espetacular dessa história é que o marido mesmo estando errado, convence sua esposa de que não cometeu a “suposta” infidelidade, nem mesmo as fotos de seu ato de infidelidade foram consideradas pela esposa que acaba acreditando nele, ou melhor, “CÁ ENTRE NÓS, O CARA TINHA MUITA LÁBIA, OU A MULHER ERA MUITO INOCENTE MESMO!!!!!!!”

Nesse momento, analisaremos o texto Guerra, outro belo texto de Luís Fernando Veríssimo.

Assim, em Guerra, percebemos Veríssimo (1996) tratando da guerra como um assunto atroz, apesar da irreverência e das grandes pitadas de ironia que se mostram nesse texto, o autor critica as guerras.

Criticando vorazmente ainda as batalhas, os golpes utilizados para derrubar os presidentes, porque de acordo com Veríssimo (1996) nem mesmo as pessoas diretamente envolvidas com a guerra sabem os porquês dela.

Continua, inclusive, criticando as cópias que se fazem de documentos “importantíssimos” usados com o propósito de depor presidentes, ou melhor, a falta de criatividade de quem gera a guerra e ainda de quem participa dela.

Já em O PS, Veríssimo (1996) nos surpreende novamente, pois, trata de um assunto que ainda é polêmica atualmente em nossa sociedade, a saber, a questão da liberação sexual feminina.

Para tratar desse intrigante assunto, o autor cria uma personagem bastante interessante, o doutor Pundonor (parece uma aglutinação de Pudor com Nonô) que de uma maneira não muito “normal”, ou melhor, usando e abusando da hipérbole, analisa a independência feminina como uma coisa do diabo, inclusive, essa personagem consegue a incrível façanha de que as mulheres deixem de utilizar minissaia.

Mesmo assim, o doutor Pundonor chega ao “cúmulo do absurdo” de acusar a sua própria mãe de depravada, posto que ela usava o “PS”, a saber, o Soutien.

Desse modo, Veríssimo (1996) mais uma vez “usa” e “abusa” da sua enorme capacidade de criar, é claro que ele “exagera” às vezes, talvez este suposto “exagero” do autor é que o torna singular, conseguindo, desse jeito, transformar situações corriqueiras em verdadeiras obras primas.

Entretanto, Atitude Suspeita também é o MÁXIMO. MAIS UMA VEZ FICAMOS SURPRESOS, ATÔNITOS, ATORDOADOS com a incrível capacidade de Veríssimo (1996) em extrair do cotidiano, do trivial, obras tão mirabolantes, que é o caso do texto acima descrito.

Nele, os agentes da lei, os policiais suspeitam de um homem que de acordo com esses policiais estava em atitude suspeita, por isso, o homem é preso e, levado para a delegacia.

Chegando lá, os agentes explicam que o homem aguardava um ônibus num ponto, ou seja, o ônibus que o passageiro estava acostumado a tomar todos os dias para chegar à sua casa, contudo, no momento em que o passageiro estava dentro do ônibus fora abordado e levado até a delegacia.

Dessa forma, o delegado ao interrogá-lo, também o acusa de atitude suspeita, mas, o acusado explica diversas vezes que é inocente, mesmo assim, o delegado não lhe dá ouvidos, reiterando a acusação.

Todavia, nesse momento, o passageiro percebendo “o jogo” dos policiais, também o acusa de atitude suspeita, dessa maneira, ele é liberado pelo delegado.

Desse modo, Veríssimo (1996) de forma irreverente e hilariante termina o texto, dizendo que o próprio delegado também estaria em atitude suspeita, mas, o mais interessante é que este suposto inocente texto por detrás esconde uma crítica ferrenha aos policiais que até bem pouco tempo atrás, consideravam qualquer pessoa suspeita de ter cometido um delito, independendo do que fazia ou deixava de fazer, estes agentes da lei torturavam, faziam “o diabo” com a pessoa, só porque ela, segundo eles, estava em atitude suspeita.

Já em Dezesseis Chopes, percebemos que o Veríssimo (1996) conta majestosamente sobre o que se diz, ou se faz durante uma rodada de chopes.

De acordo com o autor, havia dois homens solteiros, dois casados e um com um namorado, totalizando cinco homens, a cada rodada de chope, acontece uma coisa diferente, principalmente no sétimo chope que inaugura a rodada dos questionamentos, crises existenciais, neste mesmo momento, acontece um fato muito interessante, peculiar, inusitado, isto é, personifica-se a crise, gerando uma figura de linguagem conhecida como Prosopopeia ou Animismo ou Personificação de acordo com Veríssimo (1996): [...] Chega a crise e senta na mesa [...].

Já no décimo quinto chope, um dos homens disse que iria fazer xixi e faz uma revelação que todos acham interessante, este homem diz que nunca teve um bom canivete.

Todos ficam estarrecidos com esta afirmação, porém, naquela roda existia um homem que tinha possuído um canivete dos bons, depois dessa “grande revelação”, os amigos o acham um ser humano completo.

No entanto, sabemos que os fatos narrados são brincadeiras de Veríssimo (1996), ou seja, na verdade, talvez o autor quisesse mostrar que depois de “alguns” chopes, ninguém mais saberia o quê estaria dizendo e nem mesmo o porquê de dizê-lo.

Além disso, o que mais nos intrigou foi o fato de que mesmo terminando a leitura do texto, Veríssimo (1996) deixa duas questões no ar:

1)    Não sabemos com precisão, se o décimo sexto chope foi tomado ou não.

2)    O que aconteceria depois do décimo sexto chope? Se é que aconteceria...

Mistérios, “Coisas do Veríssimo!!!!”

No texto A Coisa, notamos um texto de puro ironismo, humor porque às vezes, ou muitas vezes, a gente fala cada “coisa”. Oh, ela aí envolvida no nosso texto, ou melhor, Veríssimo (1996) percebe a maneira engraçada, divertida e até por que não dizer: ‘ESTRANHA” das pessoas se comunicarem e nasce daí um texto superinteressante.

Além disso, o autor neste texto chega a fazer considerações filosóficas sobre a vida, tratando, assim, de questões existenciais complexas com uma grande facilidade, conceituando a vida, Deus de uma maneira simples, hilariante, divertida e fácil com uma pitada deliciosa de ironia, inclusive, Veríssimo (1996) chega a brincar que [...] Deus é o testa de ferro da coisa, mas a respeito da coisa [...], parece que nem mesmo o autor sabe nada.

Já em A que ponto, o autor nos mostra um fato real acontecido há uns anos atrás: a falta de óleo de soja nos supermercados, devido à especulação comercial e aos problemas com a safra.

Portanto, principalmente, neste texto; Veríssimo (1996) retrata fatos do dia a dia de uma maneira tão gostosa, empolgante, hiperbólica, para manifestar, assim, sua aversão, nostalgia ao Brasil, que sendo um país de terras tão férteis, ainda passa por situações tão embaraçosas, conflitantes em quase todos os seus setores de produção, especialmente, na agricultura.

Em Cântico, Veríssimo (1996), brinca, se diverte com um dos mais belos textos bíblicos, ou seja, Cântico dos Cânticos cuja autoria é atribuída ao Rei Salomão, entretanto,  a amada de Salomão na verdade era uma mulher.

Já no caso desse texto, o autor reverte, perverte e subverte o texto bíblico com o objetivo talvez único de brincar, divertir, surpreender, encantar, já que as palavras nas mãos de Veríssimo (1996) ganham uma nova tonalidade, um novo brilho, um novo olfato, um novo tato, uma nova audição e uma nova gustação, enfim, isto é simplesmente fantástico.

E em O flagelo do Vestibular, Veríssimo (1996) trata de um assunto sério, polêmico de uma maneira muito original e irônica, ele critica este tipo de exame, mostrando não só como ficam os pais, parentes, amigos dos candidatos, como também os próprios candidatos que ficam agressivos, apreensivos, paranoicos, histéricos, inclusive, o autor ainda conta que um dos candidatos mesmo tendo sido aprovado no vestibular, continuou ainda a roer as unhas e o mais surpreendente é que as unhas não eram dessa mesma pessoa, mas sim de um amigo e o que é pior é que a pessoa nem candidata era, o candidato era o seu próprio filho que estava “curtindo” na praia tranquilo, enquanto o seu pai quase morria.

Mostra também outro candidato que chegou em casa, falando para a mãe que tinha se saído mal na prova de Inglês, no entanto, a mãe o lembra de que a prova realizada naquele dia era de Física e Matemática, isto prova que de tão apavorados, paranoicos que os candidatos ficam, eles se esquecem de até qual prova foi a prova que fizeram.

Desse modo, sabemos que Veríssimo (1996) mesmo exagerando, aumentando, faz um desabafo que vem de encontro com as nossas necessidades e de um grande número de brasileiros, ou melhor, deve-se mudar urgentemente os atuais critérios de se ingressar numa Universidade, ou seja, mudar a maneira como o vestibular é realizado.

Em Incidente na casa do ferreiro, Veríssimo (1996), mais uma vez, brinca, subverte as palavras, isto é, trabalha com uma parte da literatura que é denominada de Realismo Fantástico, além é claro de arranjar uma forma muito divertida de reescrever os provérbios.

Contudo, em Engarrafamento, o autor trata de uma questão que faz parte do cotidiano de muitos brasileiros: o engarrafamento.

Mostra também que mesmo os pedágios nas rodovias, ou seja, a privatização de algumas rodovias ainda não resolveu o dilema e “profetiza” o dia do “Grande engarrafamento”.

Já no texto O encontro, Veríssimo (1996), mostra de uma maneira divertida, engraçada um assunto tão real, atual e polêmico que é o divórcio.

Assim, embasado na realidade, mas com grandes pitadas de humor, o texto fala de duas pessoas que se separam: um homem e uma mulher. Porém, passado certo tempo, encontram-se num supermercado e um quer se mostrar melhor e até mais forte do que o outro, aliás, ambos dão de fortes e ainda de que estão muito bem, apesar de estarem atualmente os dois sozinhos e ainda segundo o texto se separaram por não se entenderem, alegando problemas de comunicação, por isso, acreditamos que o texto relata fatos reais, problemas que ocorrem com quase todos os casais do Brasil.

E no texto O jogo, Veríssimo (1996) trata de duas criancinhas de oito anos que jogavam bolinhas de gude, mas nenhum deles admitia que tivesse perdido o jogo.

Essa briga os acompanhou durante todas as suas vidas. Com esse texto, acreditamos que o autor quer chamar a nossa atenção no que se refere a problemas mal resolvidos ou não resolvidos na infância os quais podem gerar na fase adulta outros problemas mais graves ainda.

Já no texto Metamorfose, Veríssimo (1996) de uma maneira espetacular, cujo Realismo Fantástico nos surpreende novamente, mostra uma barata se transformando em ser humano, por isso, talvez queira criticar ou até mesmo brincar com um texto de um ator deverasmente famoso e conhecido: Franz Kafka que escreve justamente o oposto de Veríssimo (1996), sobre um ser humano que se transformou em barata, parece que Veríssimo (1996) não achou a menor graça ou achou sim a maior graça, tanto que subverte o texto de Kafka: A metamorfose. Resolvendo talvez “sacanear” com este seu colega escritor.

Agora em Festa de Aniversário, Veríssimo (1996) se supera, porque, aproveitando os acontecimentos triviais narra uma festa de aniversário exótica, diferente, mais uma vez ele exagera, mas é justamente este suposto exagero que causa o humor no texto com personagens tão paradoxais:

  • Cândida, que não era tão angelical quanto o nome sugere.
  • Doutor Ariel, um “cara” chato que depois daquela exaustiva festa, esquece-se de ir embora ou finge que esqueceu, apesar de ter também o nome de anjo, não passava de “um mala sem alça.”
  • Rodolfo, padrinho do aniversariante o qual ficou longe por dois anos, mesmo assim o seu afilhado “não tava nem aí” para o seu padrinho.
  • O aniversariante, Beto que ignora o padrinho, mas, a mãe o obriga a fingir pelo menos que gostava um pouquinho do padrinho e o próprio padrinho depois que leva um beijo de boa noite, declara que o seu afilhado o ama.
  • Eurico, o próprio diabo revestido de menino, monta em cachorro, faz o diabo.

E para “sacanear” mais ainda, o texto diz que uma boa festa de aniversário deve terminar depois da meia noite, quando o último pai sai; arrastando a última criança.

Após essa tentativa de análise sobre Festa de Aniversário, trataremos do texto Dia da Confraternização.

No texto acima mencionado, Veríssimo (1996) trata de uma festa de confraternização ocorrida em uma empresa e como sempre o solerte Veríssimo mais uma vez apronta uma das suas, ou melhor, fala que a confraternização foi na verdade motivo de inimizade e que os objetivos da empresa não foram alcançados, isto é, o texto deveria chamar o dia da confusão, pois, é um texto divertidíssimo embasado em fatos quase reais e para finalizar só lendo o texto mesmo para perceber o quanto é interessante, mágico.

Portanto, o texto dispensa comentários.

Já em Ri, Gervásio, Veríssimo (1996) trata de uma peça teatral feita para o rádio, cujo ator principal é o Gervásio, um sujeito bastante azarado, que participava de uma claque, ou seja, um conjunto de pessoas combinadas param aplaudirem ou vaiarem nos teatros.

Gervásio foi obrigado a sair da claque, porque sua casa pegou fogo, sua mulher para se proteger do incêndio que consumiu tudo, foi se abrigar na casa do vizinho e o que é bem pior: se apaixonou por ele, afora isso, a mãe de Gervásio fora morta por esse incêndio e ainda sua filha casa com um estivador, pessoa que trabalha pesado com carga e descarga.

Apesar disso, este estivador era inativo, por isso, “confundia sua filha com algum tipo de carga”, por causa disso, a jogava para o alto  e a pegava, para piorar a sua filha cai de cima do telhado em cima dele e ele morre.

Como se não bastasse isso, o filho de Gervásio, viciado em drogas, jurado de morte em muitas delegacias aparece no enterro do esposo de sua irmã e aí surge a polícia e ele com medo de morrer quer se esconder junto ao defunto, por isso, a família do falecido fica bastante zangada e exige que Gervásio pague tudo, mas, ele tinha largado o emprego, pois, o seu ramo de trabalho era rir numa claque, contudo, diante de tantas desgraças quem conseguiria rir?

Assim, a claque sem Gervásio já não era mais a mesma, já que Amelita, colega de Gervásio, sendo bastante respeitada pelo apresentador da peça, recomenda-lhe que procure o Gervásio e mesmo diante de tantas desgraças, Gervásio volta para o emprego e consegue dá ótimas gargalhadas, já que estava ganhando muito bem para isso e quase tudo de que ele precisava, o apresentador da peça conseguia.

Assim sendo, este texto que parece inocente, mexe com problemas que atormentam quase toda a sociedade brasileira: corrupção, tráfico de drogas, por isso, maroto como Verissimo o é,  ele não deixa de transmitir “o seu recado”.

E em Temístocles, O grande, Veríssimo (1996) trata de uma partida de futebol entre duas cidades vizinhas, uma que não ganhava há muitos anos, porque não tinha um bom centroavante.

Entretanto, quando arranja um dos bons, o Colossal (Brito), a cidade adversária o rouba e aí o pai de Bentinho, morador da cidade que tinha perdido o Brito, diz que Bentinho é um excelente centroavante, porém, o pessoal desfaz de Bentinho, nisso alguém lembra do Temístocles.

E aí o time que tinha perdido o Colossal (Brito), procura Temístocles e o encontra, ele disse que estaria na partida no dia do jogo.

Mas, o que todos não sabiam é que Temístocles não passava de uma fraude e quem acaba ganhando a partida de futebol é justamente aquele que todos desprezavam: Bentinho.

Já em Criaturas, Veríssimo (1996) trata do poder absoluto do escritor, poder tão supremo que esse escritor se assemelha a Deus, pois, o escritor pode tirar, como também pode dá a vida.

Logo, é muito interessante, surpreendente que os próprios personagens saibam que o autor pode fazer o que bem ele quiser, ou melhor, a linguagem explicitando a própria linguagem, ou seja, uma metalinguagem que se faz presente no texto Criaturas.

No texto Pesquisa I, Veríssimo (1996) nos mostra uma jovem repórter que vai entrevistar o conde drácula. Fantástico isso, não é caro leitor????!!!!!!

A jovem, nesse caso, vai fazer uma pesquisa, porém, o conde como qualquer outra pessoa, odeia pesquisas e acaba deixando a moça falando sozinha.

Já no texto Ed Mort. vai à Forra, percebemos a presença de um detetive muito engraçado, Mort. Ed Mort.

Mort. que recebe uma mulher em seu escritório e ela ao chegar, desfalece e acaba falecendo nos braços do próprio Mort. Ed Mort., antes de ela morrer, ela levava em seus braços um pacote com uma coisa branca, que ao cair no chão, a coisa foi devorada por algumas baratas que ficaram tontas.

Nesse aspecto, o detetive descobre que a coisa branca anteriormente assinalada era cocaína, por isso, chama a polícia e fica sendo suspeito do assassinato, não só ele, como também o ex-marido, o namorado atual e um amigo da mulher que havia falecido, ou seja, esse amigo era um piloto.

Nessa perspectiva, Mort. Ed Mort. acaba provando que o piloto era o responsável pela morte da mulher, entretanto, quando perguntaram-lhe por que ele sabia, Mort. Ed. Mort. respondeu que tinha um informante.

Veríssimo (1996), por meio dessa história, aproveita para denunciar a questão das drogas, mas também brinca com a ambiguidade fônica e semântica ao mesmo tempo, pois, provoca um efeito brilhante, ou melhor, Mort. Ed. Mort. parece sugerir que o detetive é de morte, ou seja, um caso sem solução ou ainda que o detive é assassino; mata “SÓ PRA VER O PEÃO CAIR”.

Depois desse breve tratamento dado ao Texto Ed Morte. Vai à forra, tentaremos tratar do texto O Analista de Bagé.

Sendo assim, mais uma vez nós nos abismamos com Veríssimo (1996), pois no Analista de Bagé, o autor simplesmente se supera, neste texto ele trata de um psicanalista que veio de uma conhecida cidade do Rio Grande do Sul, Bagé, onde as pessoas eram mais corteses e generosas do que as de Pelotas, segundo o analista de Bagé.

Assim, o autor além de escrever uma história engraçada, mostra ainda alguns vocábulos utilizados especificamente no Sul do país: “negra velha, índio velho, tchê” etc.

Não obstante, o que chama mais a nossa atenção é como o analista de Bagé recebe seus pacientes e como tão rapidamente os trata, isto é, torna uma consulta psicológica como uma “coisa” mais simples do mundo, principalmente no caso do paciente que chega e logo de “cara” pergunta se o analista de Bagé é Freudiano, ele responde que além de ser Freudiano é ainda “ORTODOXO”, ou melhor, “FREUDIANO DE CARTEIRINHA”, tradicional, até, durante ou pós-morte.

Diante desse primeiro questionamento do paciente, o analista de Bagé saca logo que o paciente sofria do Complexo de Édipo, ou seja, amava de verdade a própria mãe, por isso, o analista de Bagé tranquiliza o paciente dizendo-lhe que Complexo de Édipo “DÁ MAIS DO QUE PEREBA EM MOLEQUE” e já prescreve o tratamento: “VAI TE METÊ NA ZONA E DEIXA A VELHA EM PAZ.”

Já, o outro caso tratado pelo analista de Bagé, é de uma mulher que estava tendo experiências extraconjugais, então, o analista de Bagé além de comparar a mulher com “LUVA DE MAQUINISTA” que passa na mão de todo mundo, resolve o caso da seguinte forma, pede ao marido que se retire do consultório, fecha a porta e manda a mulher deitar no divã forrado com pelego, ou seja, o próprio analista de Bagé é que como dizem vai “QUEBRAR O GALHO DA MULHER”, e isto não é incrível, para nós é simplesmente DEMAIS!!!!!!!!!

Agora, trataremos de outro texto de Veríssimo (1996), Mais Palavreado, o autor aproveita este texto para mostrar que sempre é o povo que paga “o pato”, ou melhor, para satisfazer um capricho de um rei idiota, ter mais algumas aves que piavam, porque dois espertalhões apareceram em Cizânia e disseram ao Pantufo que sua coleção de aves piantes não estava completa, por isso, os dois irmãos além de casarem com as filhas do rei, ainda conseguem uma pensão vitalícia de “um milhão de dolos”, talvez a moeda do reino de Cizânia.

Assim, o rei parte em uma viagem em busca dessas aves piantes e, depois de dois anos, chegam ao suposto oceano onde estariam localizadas as tais aves, mas, os dois irmãos muito astutos tinham dito que não era ali, a margem oposta do oceano; já que só encontrariam as aves piantes na margem oposta do oceano e o rei faz a viagem de retorno.

Nesse aspecto, depois de quatro anos de viagem, dois de ida e dois de volta, o rei não encontra novamente as aves, pois, os dois irmãos o enganam de novo e segundo dizem até hoje o rei está atrás desses pássaros e, nunca os encontra.

Assim, Veríssimo (1996) através desse texto nos mostra que muitos governantes cometem absurdos e QUEM PAGA A CONTA É SEMPRE O POVO.

Já em O Casamento, o autor fala de um casamento, retratando duas distintas épocas: a primeira corresponde ao período em que o pai da noiva, Maria Helena, casa-se, já a segunda retrata o momento atual, o casamento da filha com um noivo chamado Varum.

Casamento este tão diferente, que a noiva casou descalça e com uma coroa de flores na mão, mas, quanto ao noivo, ele se casou com um macacão vermelho e a marcha nupcial foi um rock “suave”, inclusive recomendado pelo padre Tuco, apesar do pai da noiva ter estranhado este tipo de casamento, acabou se conformando, já que com uma dose muito forte de humor e uma singularidade incrível, Veríssimo (1996) mostra as evoluções sociais por que passa e, perpassam a vida humana.

Mais do que isso, talvez Veríssimo (1996) queira mostrar que o casamento da maneira tradicional como tem sido feito é algo ultrapassado e precisa de uma nova roupagem, uma nova maneira de ser realizado.

Já em O Recital, Veríssimo (1996) mais uma vez nos surpreende com a sua incrível capacidade de criação, mesclando nesse texto o Realismo Fantástico com supostos acontecimentos do cotidiano.

Dessa forma, de um simples recital, ele cria uma história fantástica em que zebus entram no palco, um vascaíno de chinelos com uma tuba atrapalha a orquestra, esta composta por instrumentos de cordas, gerando assim, uma confusão agradável.

Por isso, recomendamos a leitura de todos os textos de Veríssimo (1996) e, principalmente, o texto acima assinalado, pois, ele é delicioso de ser lido e apreciado.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, por meio das breves tentativas de análise expostas anteriormente nesse artigo, sobre a obra do Gigolô das Palavras de Luis Fernando Veríssimo e, tratando do último texto dessa coletânea, que é O Recital, encerramos por ora a nossa breve tentativa de análise da obra anteriormente citada, entretanto, asseveramos que a obra em questão tem não só a leitura feita por nós, todavia, possui muitas outras que cada leitor vai perceber se deliciando com a leitura de cada texto de O Gigolô das Palavras, ou seja, a nossa leitura é só uma das que acreditamos possível sobre essa magnífica obra.

4. REFERÊNCIAS


VERÍSSIMO, Luis Fernando. O Gigolô das Palavras. Seleção e Comentários de Maria da Glória Bordini. 12 ed. Porto Alegre: L & PM, 1996.


POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, SP, ALB: Mercado de Letras. 1996.







[1] Mestre em Linguística e Professor da Cadeira de Língua Portuguesa no IFRO – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – Campus Ariquemes.



 

Autor deste artigo: Marinho Celestino de Souza Filho - participante desde Qua, 21 de Setembro de 2011.

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