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Curso de Letras: o impasse entre o declínio e a esperança por dias melhores. PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Naiara Pedon Carvalho Clemente   
Seg, 10 de Dezembro de 2012 00:00

Profª Ms. Naiara Pedon Carvalho Clemente

 

Coordenadora do Curso de Letras

Centro Universitário UDF - DF

 

 

Passamos por um momento em que o Curso de Letras apresenta um enorme e crescente desprestígio social. Isso ocorre, sobremaneira, em função dos baixos salários oferecidos para a carreira docente, que, em regra, constitui o principal objetivo daqueles que se formam na referida área. Por isso, sempre é colocado em segundo ou terceiro plano no momento da escolha profissional. Geralmente a escolha do curso está condicionada ao valor da mensalidade e não à formação profissional, o que infelizmente favorece o ingresso de alunos com pouco preparo e domínio da sua própria língua, considerando a falaciosa ideia de que cursar Letras é fácil e que as dificuldades oriundas da educação básica possam ser sanadas ao longo do percurso acadêmico.

 

Além destes aspectos, percebemos um enorme descaso da sociedade com a disciplina de Língua Portuguesa, o que é um grave problema que só eclodirá futuramente. Isso é notável nos primeiros semestres de cursos superiores, cujos ingressantes dispõem da disciplina de português, mas não em módulos de ensino tradicionais, e sim em estruturas de ensino virtual, que propiciam um contato quase exíguo com aquilo que realmente deveria ser o trabalho com essa disciplina em sala de aula, em que se priorizaria a formação leitora e escritora, dos alunos.  A consequência disso é a pífia base linguística apresentada por esses discentes, uma vez que possuem muitas dificuldades para ler, analisar, entender as leituras e escrever, muitas vezes, de nível elementar.

Porém, a grande novidade é que há uma esperança surgindo no fim do horizonte. A expansão econômica do país se apresenta proporcionando uma promissora crescente na valorização das áreas de conhecimento ligadas à comunicação, principalmente por estarmos em uma sociedade cada vez mais em busca de bases informativas para o seu desenvolvimento profissional e também humanístico, o que poderá favorecer uma diversificada oferta de atividades para os profissionais de Letras.

Quais são os cenários que favorecem o profissional de Letras?  O mercado editorial, pois a atuação é ampla, já que o profissional poderá atuar em todas as etapas dos processos editoriais; devemos ressaltar a produção de textos digitalizados para as novas tecnologias, como tablets, e-readers, livros eletrônicos e outros, que são possíveis instrumentos de trabalhos para essas novas áreas de atuação, emergentes no mercado brasileiro. Tal situação requer profissionais com habilidades para trabalhar com essas novas tecnologias, atualmente bastante vinculadas a trabalhos como revisões, traduções, revistas acadêmicas, revisão de artigos, monografias, cursos de línguas e outros. Dentre todas as possibilidades, não podemos deixar de ressaltar que a docência ainda é um mercado consolidado, em que bons profissionais constroem e desenvolvem a sua profissão.

Portanto, se o mercado é promissor, e várias frentes de trabalho para os profissionais de Letras estão surgindo, demonstrando um cenário animador, por que nos deparamos com esse desprestígio, e consequentemente, extinção de vários cursos de Letras?  De acordo com a professora da FFLCH-USP, Maria Helena da Nóbrega, ”os cursos presenciais ou à distância não promovem a formação dos profissionais de Letras, para as especificidades deste século”, o que evidencia o declínio do curso. A sugestão seria, logo, uma significativa mudança na estrutura curricular dos cursos de licenciatura em Letras, reestruturando-os e adequando-os a esse novo, mas já relevante contexto educacional ao qual estamos inseridos.

De acordo com Revista Língua de maio de 2012, existem no Brasil 1949 cursos de Licenciatura em Letras em atividade. Deste total, 95 são à distância, 794 foram extintos e 537 estão em processo de extinção. Esse panorama apresentado demonstra que estamos em um processo que nos retoma a metáfora da curvatura da vara utilizada por Lênin, que afirma: quando a vara está muito inclinada numa direção, se queremos encontrar o ponto de equilíbrio, é preciso incliná-la, primeiro, até ao extremo oposto. É o que está acontecendo com os Cursos de Letras, os quais caminham para um iminente declínio, para, depois, retornar ao seu ponto de equilíbrio.

Assim, esperamos que se definam políticas públicas eficientes, que priorizem a qualidade e excelência no ensino da língua portuguesa, implicando em uma maior valorizacão dos seus profissionais.

Considerada toda essa realidade tão desfavorável, urge que a sociedade de uma forma geral passe a valorizar tão importante domínio de conhecimento e, por conseguinte, os atuantes da área de Letras. Dessa forma, que tal concepcão se estenda aos governantes e gestores educacionais, peças fundamentais para a implantação de recursos estratégicos para a elaboração de uma proposta pedagógica para o curso de Letras que seja inovadora e diferenciada que atenda às demandas do mercado. Havendo tal compromisso e a devida austeridade quanto às intenções de todas as partes envolvidas nesse processo, poderemos reconstruir a imagem do Curso de Letras e dos seus profissionais, o que trará o merecido reconhecimento, de tão vital ramo cognitivo, para todos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Autor deste artigo: Naiara Pedon Carvalho Clemente - participante desde Seg, 30 de Julho de 2012.

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