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Gestão Universitária

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Escrito por Eurípides Alves Da Silva   
Qui, 22 de Dezembro de 2011 18:51

Recentemente um importante jornal de minha cidade encartou em uma de suas edições um oportuno caderno (intitulado Vestibular), com o objetivo de orientar estudantes que nos próximos meses vão se submeter às fases finais dos principais vestibulares do país. O caderno trazia temas interessantes, como o dilema de sair ou não de casa, o drama da escolha do curso e da instituição universitária, a especificidade das novas provas (redação e questões discursivas), o hábito do estudo em grupo, o controle da ansiedade e do estresse e por aí afora.

No que segue, com o mesmo intuito, submeto aos leitores da revista Gestão Universitária algumas ponderações acerca deste difícil e decisivo momento da vida dos estudantes e de seus pais, limitando-me, porém, à matéria “Sair de casa, nem pensar”, que faz parte do mencionado caderno. Em especial, desejo analisar (na verdade, questionar) a posição dos jovens que se declararam arrependidos quanto à ideia de sair de casa para estudar em outra cidade, caso sejam aprovados nas segundas fases dos vestibulares que estão prestando. Mesmo que isso signifique trocar uma instituição pública, de fora, por uma particular, de sua cidade! O motivo para esse arrependimento é prosaico: não desejam abrir mão do conforto e da proteção do lar! Simplesmente isso!

Noto nessa postura pelo menos três equívocos. O primeiro deles decorreria do fato de esses jovens não reconhecerem se posso dizer assim, o privilégio – e os inúmeros benefícios dele decorrentes – de se poder deixar a casa dos pais para estudar. Especialmente para cursar uma faculdade! Diferentemente do que muitos acreditam (certamente por conta do excessivo peso que dão às dificuldades de adaptação à nova vida), essa é uma das mais ricas e extraordinárias experiências que um estudante pode ter, considerando-se tudo o que ela representa e pode agregar em termos de maturidade e de crescimento pessoais! A propósito, um amigo narra assim o desenvolvimento de seu caçula, depois que ele saiu de casa para estudar – hoje já prestes a concluir seu mestrado: Meu filho não tinha iniciativa para nada. Preparar um prato (ainda que para ele mesmo), lavar ou passar uma peça de seu vestuário, podar o jardim de casa ou movimentar uma conta bancária eram tarefas simplesmente impensáveis para ele! Hoje, seis anos após ter saído de casa, custa-me acreditar, ele é subsíndico do edifício onde mora!”.

O segundo equívoco teria a ver com o fato de muitos pais acreditarem que as despesas com moradia, alimentação e transporte superariam as despesas com mensalidades e taxas de uma instituição particular. Em outras palavras, a ideia é que seria mais dispendioso manter um filho fora, mesmo que matriculado numa instituição pública (gratuita), do que mantê-lo em casa, matriculado numa instituição particular (pagando pelos estudos). Todavia, não é o que necessariamente ocorre. Manter um filho numa faculdade particular, ainda que matriculado num curso de menor demanda ou glamour social, pode ser bastante dispendioso. Ademais – e este é um ponto importante que não se pode deixar de lado –, as instituições públicas não são apenas gratuitas: invariavelmente contam com programas de iniciação científica muito bem estruturados, com bolsas de estudo (não reembolsáveis!) que chegam próximo a um salário mínimo, sem falar nos programas destinados a alunos socioeconomicamente carentes, como moradias estudantis, auxílio aluguel e restaurantes universitários.

Finalmente, o terceiro equívoco – talvez o mais grave – decorreria da postura dos pais e vestibulandos quando ignoram ou deixam de ponderar a qualidade da infraestrutura e dos meios de apoio acadêmico comumente encontrados nas instituições públicas de ensino superior. Bibliotecas, laboratórios, centros de convivência, convênios, parcerias, intercâmbios, realização sistemática de eventos, etc., resultando não só na qualidade do ensino, pesquisa e extensão como num um rol quase indescritível de oportunidades disponibilizadas tanto aos discentes quanto (importante frisar!) aos egressos. Se o fato de morar fora de casa incrementa as possibilidades de desenvolvimento pessoal, cursar uma instituição pública de ensino superior, de qualidade, incrementa admiravelmente as possibilidades de enriquecimento curricular e formação profissional! E não é só isso. Por exemplo, um fato relevante a considerar é que são poucas as instituições brasileiras de ensino superior do segmento privado que podem competir com as nossas instituições públicas (algumas delas integrando o ranking das melhores instituições universitárias do mundo, como a USP, citada no encarte do jornal). Ignorar essa verdade equivaleria a imaginar que os diplomas, independentemente das instituições que os outorgam, são todos iguais. Um equívoco de danosas consequências, principalmente porque os diplomas, há muito, não são mais um passaporte, nem para o emprego, nem para sua manutenção...

Por tudo isso e por outras tantas razões, mesmo não ignorando o potencial e o inegável papel social reservado às instituições particulares de ensino superior, não parece sensato que um jovem desista de uma universidade pública apenas por conta do desejo de continuar desfrutando das benesses de morar com os pais...

Eurípides Alves da Silva. Mestre e doutor em Matemática pela USP, foi diretor do IBILCE, campus da Unesp em S. J. do Rio Preto, e diretor-presidente da Vunesp, Fundação para o Vestibular da Unesp.

 

 

Autor deste artigo: Eurípides Alves Da Silva - participante desde Sex, 18 de Agosto de 2006.

Comentários (1)
1 Sáb, 07 de Janeiro de 2012 17:22
Sérgio Junqueira Matos
Na natureza os pais forçam os filhos a seguirem seu destino suspendendo os cuidados alimentícios. Os novos seres humanos, embora se julguem muito racionais e evoluídos exigem proteção constante. Mais tarde serão, exatamente, estes filhos que internarão seus pais num asilo barato e infernal. Quanto mais dependentes, mais retardados. Não é por outro motivo que o mercado de livros de autoajuda lotam as estantes de todas as livrarias. Parabéns a todos que, muito cedo, romperam o cordão umbilical e iniciara sua jornada rumo a sua independência física e financeira.
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