A aprendizagem sempre foi uma preocupação na educação, por isso, faz-se necessária uma pesquisa voltada para os processos de socialização de nossos educandos em uma sociedade contemporânea, visto que a tecnologia da informação é apenas mais um recurso para reforçar essa interação.

Para que ocorra uma aprendizagem que leve nossos educandos a uma cidadania crítica/ativa e também a um protagonismo social, a escola deverá propiciar a busca de um conhecimento pertinente ao entorno de seus educandos, analisando o ambiente escolar, o contexto sóciocultural, a família e seus costumes.

Dito isso, trabalharemos então com protagonismo social e cidadania crítica/ativa. É na família que ocorre a primeira socialização do ser. A socialização é um processo que se inicia logo após o nosso nascimento e temos como base a família. É através da socialização que o indivíduo passa a pertencer ao grupo em que nasceu e conseqüentemente adquire hábitos e valores característicos desse grupo, o que é corroborado por Berger e Luckmann (1985) ao esclarecerem que a socialização é uma ampla e consistente introdução de um indivíduo na sociedade ou em um setor dela. Essa socialização ocorre por meio da comunicação, o que é ressaltado por Lakatos e Marconi (1999) ao dizerem que a comunicação é uma forma importante de interação, e é fundamental para o homem, enquanto ser social. É na família que está também a primeira ligação afetiva e cognitiva e também a transmissão de valores e normas, o que muitas vezes é empurrada mais essa tarefa para escola.

Cabe a escola, uma educação libertadora na qual ofereça ao aluno a busca de um conhecimento pertinente as suas necessidades para que o mesmo se faça um protagonista e também um cidadão crítico e ativo, mudando o seu ambiente e minimizando suas ansiedades, o que é corroborado por Delors (2001) ao dizer que a educação tem uma especial responsabilidade na edificação de um mundo mais solidário, mais humano e ético. Será com uma educação de qualidade, que poderemos garantir a formação do homem para a humanidade. Ela sempre foi a base para que nos tornemos homens. Isso já era reforçado por Kant (1996) no século XVIII ao afirmar que o homem não chega a ser homem a não ser através da educação, está, de um lado, confirmando a natureza social do processo de formação humana, ou de hominização.

A sociedade, está imbuída de oferecer oportunidades aos jovens para que os mesmos possam buscar a realização de seus sonhos e oferecer um contexto político, visto que o educando privado de afeto e atenção humana torna-se desumanizada, o que poderemos constatar que a criança a quem é concedido respeito vem a respeitar-se. Um menino tido como bobo torna-se bobo, da mesma forma que um adulto tratado com o temor devido a um deus da guerra começa a se considerar como tal a a agir como compete a tal figura (BERGER 1986, p. 113-114)

Em nossa contemporaneidade, temos várias ferramentas com objetivo de facilitar o processo ensino/aprendizagem, o que nem sempre são utilizadas de maneira adequada pelos educadores e pelos educandos. O conhecimento passado nas escolas deve ser um conhecimento crítico e não totalmente institucionalizado e através de um letramento digital, faremos com que nossos alunos vislumbrem uma cidadania ativa levando a um pensamento bakhtiniano, no qual, faz-se valer o ponto de vista histórico, cultural e social que está inserido nesse pensamento uma comunicação efetiva e humanística, pensamento este que tenderá a minimizar a violência, que segundo alguns dicionários de português é tudo que leva a “uma força empregada contra o direito de terceiros, ação que tem como uso de força bruta, crueldade, tirania, coação”.

Por esse motivo, faz-se entender os Processos de socialização nas sociedades contemporâneas: Educação e Violência, uma vez que se consiga unir variáveis como educação, família, sociedade de maneira positiva, ou seja, mostrando as funções de cada envolvido, tenderemos a minimizar a violência que a tempos convive com o ser humano de maneira a ser tornar quase banalisada em algumas regiões. E independentemente das partes envolvidas, será a escola a principal responsável em fomentar o diálogo com os educandos, descartando o monólogo a muito tempo discursado pelos educadores.

Para se ter um diálogo, necessita-se de embasamento teórico e consequentemente um conhecimento. Os professores deverão estar inseridos no contexto do letramento digital para que se possa ser o elo mais forte entre o educando e a aquisição de seu conhecimento, o que é corroborado por Bezerra¹ ao afirmar que no diálogo existe uma polifonia, ou seja, a presença de várias vozes, vários pontos de vista, uma vez que no monólogo, é surda a resposta do outro e é descartada essa entidade viva, o que é aduzido por Bakhtin (2003) ao dizer que não se deve conceber um sujeito mudo, pois somos seres expressivos e falantes.

Referências
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BERGER, Peter L., LUCKMANN, Thomas. A Construção Social da Realidade Petrópolis: Vozes 1985.BRAIT, Beth org. Bakhtin: conceitos-chave São Paulo: Contexto, 2005;
BERGER, Peter L. Perspectivas Sociológicas: Uma visão Humanística Petrópolis, Vozes, 1986.
DELORS, Jacques. Educação: Um Tesouro a Descobrir. 6 ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC: UNESCO, 2001, “Relatório para UNESCO da Comissão Internacional Sobre Educação para o Século XXI”. p. 1 a 117
KANT, Emmanuel. Réflexions sur L’Éducation. Paris: J. Vrin, 1996.
LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Sociologia Geral 7 ed. São Paulo, Atlas, 1999
1 Paulo Bezerra – Livre-docente em Literatura Russa pela USP, é professor de Teoria Literária na UFF. É também, ensaísta e tradutor de cinqüenta obras, com destaque para Luriá, Bakhtin e Dostoievski.