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Edições Anteriores 271 O trabalho: da condição humana à alienação
O trabalho: da condição humana à alienação PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Nilton Bruno Tomelin   
Qua, 04 de Maio de 2011 00:00

A existência material do ser humano se configura essencialmente através do seu corpo. O corpo é o principal instrumento do homem pelo qual estabelece suas relações consigo mesmo, com o outro e com o cosmos. O trabalho se caracteriza por uma relação que o homem e a mulher estabelecem com a natureza a fim de transformá-la através do uso de alguma ferramenta/conhecimento. Esta relação consolidou-se historicamente por princípios de dominação, controle e exploração, seja dos recursos, dos povos ou da própria força de trabalho. Karl Marx na sua mais célebre obra “o capital” caracteriza o trabalho como sendo uma condição de existência do ser humano, independente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediação de metabolismo entre homem e natureza. Os animais também trabalham e produzem, porém somente para atender suas necessidades práticas imediatas e seguindo seus instintos, consumindo o que necessitam na forma em que se apresenta na natureza.



É justamente nesse ponto que o homem enquanto espécie se coloca como ser único na terra, pois conseguiu dominar as forças da natureza, colocando-as ilusoriamente a seu serviço. As grandes tragédias denunciam o mais absoluto descontrole do homem sobre o meio natural convertendo fenômenos naturais em episódios de devastação e morte.

Dessa forma o trabalho se constitui como elemento central em qualquer tipo de sociedade, e teve participação crucial na evolução do homem. Especialmente na no que diz respeito a evolução das relações sociais. Não é difícil perceber que em boa parte das sociedades, especialmente as ocidentais, o homem ou a mulher valem pelo que trabalham, produzem e geram. Esta é sem dúvida uma forma cruel de alienação através da qual pessoas deixam de existir na condição de cidadão, de gente e surgem os trabalhadores, executores de tarefas, de ofícios.

O trabalho humano deve ser um mediador no modo e nas relações de produção que são estabelecidas, assim como na construção de conhecimento, possibilitando a emancipação humana. Contudo na atual conjuntura da sociedade, o capitalismo na sua configuração neoliberal transformou a lógica do trabalho. O trabalho é reduzido a apenas um meio que permite a existência física, biológica, obscurecendo o sujeito autor, vivo e potencialmente transformador que há em que cada ser humano.

Tal transformação se dá mais especificamente a partir da revolução industrial. O surgimento da propriedade privada e a conseqüente divisão do trabalho introduziram um estranhamento entre o trabalhador e o trabalho, na medida em que antes mesmo do trabalho se materializar em seu produto, já pertence à outra pessoa que não ao trabalhador. O trabalhador produz bem mais do que ele recebe (salário). A força de trabalho cria um valor maior do que o estipulado inicialmente, valor esse que não é pago ao trabalhador, e se estabelece como o lucro do “patrão”.

Assim, percebe-se o quanto essas relações inerentes ao trabalho transformaram o homem, alienado-o, pois não se reconhece no que produze e nem qual seu valor enquanto trabalhador, vendo no seu salário a única razão da sua vida. Percebemos hoje que o capitalismo esgotou sua capacidade civilizatória e contraditoriamente, para continuar crescendo, destrói as forças produtivas. Se por um lado, vemos o avanço da tecnologia, aumento das riquezas mundiais, produção de alimentos para servir duas vezes a população mundial, há no mundo mais de um bilhão de famintos, morrendo de doenças facilmente curáveis, sem contar com o aumento do desemprego estrutural, da degradação do meio ambiente.

Dessa forma alguns questionamentos para reflexão: até onde vamos com isso tudo? Será isso tudo normal? Pois afinal de contas, como muitos dizem, foi sempre assim? Será que a lógica da vida é nascer, estudar e arrumar um emprego, no qual eu não me contemplo, mas que me permite sobreviver? Será que mesmo com todas essas contradições, o capitalismo é o melhor modelo econômico? Pra finalizar faço referência a István Mészáros, um dos mais importantes intelectuais marxistas da atualidade, que questiona “o que queremos? A barbárie ou o socialismo?”

Diante disto é preciso afirmar que somente com a mobilização da sociedade, através de uma educação capaz de libertar os seres humanos da alienação historicamente consolidada, que será possível estabelecer uma nova relação entre o ser humano e o trabalho. Uma relação de liberdade em que se respeitem valores fundamentais à vida e a dignidade de a que todo o ser humano tem direito. 


[1] João Paulo Dória de Santana Acadêmico do curso de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe – UFS.

[2] Fabio Zoboli Doutor em Educação pela Universidade Federal da Bahia – UFBA.

[3] Nilton Bruno Tomelin Mestre em Educação pela Universidade Regional de Blumenau - FURB

 
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