Login

Sugestões

Faça o login e visualize as sugestões

Usuários on line

Nós temos 2678 webespectadores online

Revista

Gestão Universitária

Edições Anteriores 265 Para uma aprendizagem pacífica e uma avaliação coerente
Para uma aprendizagem pacífica e uma avaliação coerente PDF Imprimir E-mail
Avaliação do Usuário: / 0
PiorMelhor 
Escrito por Durval A. Ramanholi   
Qua, 23 de Março de 2011 00:00

A Avaliação de Aprendizagem tem sido polêmica na prática. De modo geral, o Regimento Interno das instituições apresenta uma forma e uma metodologia para aferir a aquisição de conhecimento, e os professores cada qual as executa à sua maneira. Apesar de a avaliação em si ter sido assunto de muitas discussões no ensino superior nos últimos anos, com muita frequência ela ainda aparece como uma forma de pressionar o aluno a aprender. Sabemos que, de fato, a verdadeira aprendizagem ocorre naturalmente, quando há interesse, necessidade e o processo é executado com vontade (diríamos prazer).



Ainda falta muito esclarecimento para que se entenda definitivamente que a avaliação não é um (ou um conjunto) de instrumento, mormente uma prova, mas um processo. (Lembramos aqui que o conhecimento das partes não nos dá a visão do todo.) E que ela sempre existiu como um meio de crescimento; evidência disso é que a praticamos a todo o momento. Cada decisão a ser tomada em nossa vida demanda uma avaliação (ponderação) para fazermos a escolha correta. E é por isso que estamos cada vez melhores. Qualquer atitude que fira essa lei natural comprometerá o resultado.

Muitos profissionais da educação ainda trabalham com posturas ditatoriais. Fui Diretor Acadêmico por 8 anos, coordeno cursos há outro tanto, e sei de minha luta para mudar essa situação. Sempre procurei mostrar que o relacionamento entre aluno e professor, professor e coordenador, coordenador e diretor e assim por diante depende quase que exclusivamente de uma interação saudável, democrática, transparente, profissional e amiga para que tenha sucesso. E o processo avaliativo permeia toda essa convivência.

Sei também que às vezes temos problemas com classes muito numerosas e não temos condições sequer de memorizar o nome dos alunos. Por outro lado, o bom profissional sempre encontra meios para driblar os problemas. No caso do processo avaliativo, podemos nos valer de vários instrumentos e técnicas, principalmente daqueles que permitem a interação pessoal. As questões discursivas em prova, resenhas de livros e artigos, seminários, debates e fóruns de discussão sempre provêm abertura para trocas de informações. Para mim nunca foi demagógica (como não o está sendo aqui) a fala “Vim para ensinar e quero aprender com vocês.”

A avaliação coletiva faz uso de meios objetivos, o que fere o critério básico do processo: interação entre o eu e o outro. Muitas vezes estamos avaliando pessoas, mas queremos indivíduos mudados. Vale lembrar a diferença entre indivíduo e sujeito. O sujeito representa uma classe, uma função e queremos formar cidadãos, dos quais cobramos um retorno individual. No prontuário do aluno, no seu histórico, registramos “notas” individuais, quase sempre obtidas coletivamente.

É por isso que não raro o aluno reclama do período de provas. A aprendizagem é gradual e diária e cobra-se de forma cumulativa e agrupada, digo multidisciplinar. Muito mais como um processo seletivo do que avaliativo. Entendemos que o conhecimento deve ser assimilado holisticamente, de forma inter e transdisciplinar, e que o mercado de trabalho, mais exigente do que nunca, vai exigir um cidadão com visão multifocal de seu nicho de mercado. O que de fato questionamos são os critérios avaliativos, nem sempre transparentes e raramente prazerosos. Não é contraditório o indivíduo ter pavor, medo, ansiedade para receber o resultado de uma “avaliação”, quando deveria estar seguro de seu crescimento, feliz e consciente de seu progresso?

Já tive experiências com alunos e ex-alunos que tinham bloqueio por algum conteúdo, e que, na primeira oportunidade para uma aprendizagem tranquila, afinaram-se com a área de conhecimento e prosperaram naquela disciplina. Basta atentarmos para a curiosidade e para a sede de conhecimento de uma criança que, inocentemente, sem metas e compromissos, cresce tão rapidamente, a ponto de questionarmos como aprenderam “aquilo”. Reitero que situações de muita tensão, constrangedoras e, por que não, vexatórias tolhem a vontade e o prazer de aprender, criando bloqueios e desinteresse.

Propomos um trabalho mais humanístico no processo de avaliação, com conhecimento dos efeitos positivos e negativos. A sensibilização, primeira etapa do processo, e o feedback, a última, precisam ser tratados com extrema cautela; ninguém aceitará ser afetado por aquilo para que não foi preparado e que não lhe tenha sido dado um retorno satisfatório, com esclarecimentos.

Como idealista da educação, sonho em ver o aluno indo à escola voluntariamente. Em consequência disso, não teríamos necessidade de chamada e/ou avaliação, pois cada um teria consciência de suas responsabilidades. Haveria um compromisso mútuo entre aluno e professor, que se estenderia a toda comunidade acadêmica. “Eu preciso e quero aprender porque isso resultará em melhor qualidade para minha vida!” – melhor relacionamento pessoal, facilidade na resolução de problemas, equilíbrio na alimentação, enfim, hábitos saudáveis. Para isso, dependeríamos de uma auto-avaliação contínua, que não dependesse de dados quantitativos, mas da percepção real de melhora. Aprender ou não ser... eis a questão!

 

Autor deste artigo: Durval A. Ramanholi - participante desde Seg, 13 de Dezembro de 2010.

Please register or login to add your comments to this article.

Copyright © 2013 REDEMEBOX - Todos os direitos reservados

eXTReMe Tracker