RESUMO: (INTRODUÇÃO) No português contemporâneo, existe uma construção que tem dividido a opinião de estudiosos da linguagem: verbo auxiliar (perífrase verbal) + verbo no gerúndio para indicar futuro: Vou estar te ligando amanhã.
(OBJETIVOS) O presente trabalho busca investigar as características do gerúndio do português atual com base em textos escritos nas revistas de circulação semanal/mensal/nacional; analisar os usos do gerúndio no português, a partir das fontes citadas; comparar textos escritos por homens e mulheres, quanto ao emprego dessa construção com gerúndio para indicar futuro, a fim de verificar se há diferenças entre homens e mulheres no uso desse aspecto da linguagem;
comparar as distintas seções e diferentes revistas — Época, IstoÉ, Você S/A, Veja, Super Interessante, Exame e Galileu — quanto ao emprego de tal construção, com o propósito de estabelecer as divergências e semelhanças entre essas seções e revistas; analisar as idiossincrasias das construções com gerúndio para indicar futuro, pertencentes à língua coloquial, que justificam o fato não serem estigmatizadas entre as pessoas escolarizadas, inclusive em contextos formais.
(METODOLOGIA) A proposta deste estudo envolveu, excepcionalmente, investigação de cunho bibliográfico. Inicialmente, coletamos as construções com gerúndio nos textos das revistas supracitadas; na seqüência, procedemos à análise lingüística, que se constituiu da análise dos fatores lingüísticos e sociais responsáveis pelo emprego dessa construção com gerúndio, no português contemporâneo.
(RESULTADOS) Com base na análise, constatamos que tal construção, embora pouco apareça na linguagem escrita, por ser mais monitorada, apresenta distintos valores semânticos, como: polidez, coerção profissional, duração, iteração, continuidade e futuro. A sua adequação depende do contexto em que se encontra inserida.
(CONCLUSÃO) Acreditamos que só o tempo dirá o futuro dessa construção usada para indicar futuro, talvez continue sendo uma das formas concorrentes do futuro simples, talvez desapareça em função do preconceito lingüístico, ou quem sabe, possa vir a suplantar o futuro simples, hipótese um tanto improvável. (Fonte Financiadora: FAPE/PIBIC/UNOESC/Art.170).
(PALAVRAS-CHAVE) Gerúndio; Expressão da Futuridade; Sociolingüística.
INTRODUÇÃO
A construção perífrase verbal + verbo no gerúndio para indicar futuro, desde que surgiu, já gerou muita polêmica, principalmente, na mídia escrita e falada. Mas em geral, nesse espaço, quem tomava à frente nas discussões eram especialistas na área ou jornalistas sem conhecimento lingüístico da questão, os quais difundiam preconceito lingüístico e não poucas vezes, aos lingüistas negavam o direito à resposta.
Entre os lingüistas, tal construção, não tem encontrado preconceito, os quais a respeitam, mas afirmam que devemos adequar a nossa fala à situação comunicativa em que nos encontramos: situações formais exigem um nível mais cuidado de linguagem. Por conseguinte, em situações formais, o gerúndio não deveria ser usado para marcar futuro, já que não apresenta esse sentido; os gramáticos, por sua vez, criticam essa construção, afirmando que o gerúndio somente poderia ser utilizado para marcar uma ação em curso, imediatamente anterior ou posterior ou contemporânea à do verbo da ação principal. Seu valor temporal depende da colocação na frase.
Embora essa construção seja bastante recorrente não só na fala informal como também na formal — presente na mídia, em propagandas, em jornais e em revistas do país, em palestras —, até agora poucos estudos foram realizados acerca dessa temática. Por esse motivo, em 2003, propusemos uma pesquisa acerca desse aspecto da linguagem, cujo título é “As formas do gerundivo no português atual, sob uma perspectiva diacrônica”. O objetivo desse trabalho foi analisar uma das formas do gerundivo no português atual, o conhecido “gerúndio assassino”, com base em palestras promovidas por ocasião das Semanas Acadêmicas de alguns cursos: Letras, Pedagogia, Administração, etc. Tal pesquisa instigou-nos a querer aprofundá-la. Constatamos que, mesmo em situações formais, uma construção coloquial, ou seja, verbo auxiliar (perífrase verbal) + gerúndio para indicar futuro, ocorria na fala da grande maioria dos palestrantes. Esse fato chamou bastante a nossa atenção, porque os palestrantes, no mínimo, possuíam o terceiro grau completo e mesmo assim utilizavam-se, embora nem todos, dessa construção coloquial.
Por isso, neste momento, damos continuidade a esse estudo, dado que, cada vez mais, é comum ouvirmos e vermos o emprego do gerúndio para indicar futuro, também porque tal tema é instigante e, diferentemente de muitas outras variações da língua popular, é próprio de pessoas de classes escolarizadas, mesmo em contextos formais, conforme já pudemos constatar na pesquisa concluída. Assim, nossa proposta de trabalho, neste relatório, é investigar o emprego dessa construção tomando como corpus outras fontes, também formais, mas em um patamar mais elevado de formalidade, próprio da escrita, textos das principais revistas de circulação semanal/quinzenal/mensal (Época, IstoÉ, Você S/A, Veja, Super Interessante, Exame e Galileu). Com base nos textos dessas revistas, nosso objetivo geral é analisar a construção perífrase verbal + verbo no gerúndio para indicar futuro, ex: Amanhã, estarei indo ao médico. Assim, o problema de pesquisa é: Que fatores lingüísticos e sociais determinam o uso da construção Perífrase verbal + verbo no gerúndio para indicar futuro na língua portuguesa contemporânea, em contextos formais, mais especificamente, nas principais revistas de circulação semanal brasileira.
Para dar conta do problema de pesquisa, observando o objetivo geral, estabelecemos os seguintes objetivos específicos: investigar as características do gerúndio do português atual com base em textos escritos nas revistas de circulação semanal nacional; analisar os usos do gerúndio no português, a partir das fontes citadas; comparar textos escritos por homens e mulheres, quanto ao emprego dessa construção com gerúndio para indicar futuro, a fim de verificar se há diferenças entre homens e mulheres no uso desse aspecto da linguagem; comparar as distintas seções e diferentes revistas — Época, IstoÉ, Você S/A, Veja, Super Interessante, Exame e Galileu — quanto ao emprego de tal construção, com o propósito de estabelecer as divergências e semelhanças entre essas seções e revistas; analisar as idiossincrasias das construções com gerúndio para indicar futuro, pertencentes à língua coloquial, que justificam o fato não ser estigmatizada entre as pessoas escolarizadas, inclusive em contextos formais.
Para dar conta desses objetivos, procurando desvendar algumas particularidades do tempo futuro, no capítulo inicial, intitulado Quadro Teórico, discutiremos as Formas de marcar o tempo futuro, bem como Gerúndio: verbo auxiliar (perífrase verbal) + gerúndio para indicar futuro. No segundo capítulo, analisaremos as construções com gerúndio, com base no corpus proposto. Por último, teceremos as considerações finais acerca dessa tão polêmica construção.
1 QUADRO TEÓRICO
1.1 FORMAS DE MARCAR O TEMPO FUTURO
O artigo intitulado “O percurso a partir de fatores semânticos/discursivos e sociais”, publicado por Gibbon[1], tem por objetivo traçar o percurso de gramaticalização da perífrase, que vai desde uma forma para expressar a modalidade ligada ao futuro até assumir a função de tempo no lugar do futuro do presente. Para realizar esse estudo, ela utiliza-se da teoria variacionista.
Antes convém explicar o que é uma perífrase: qualquer aglomerado verbal, em que tenhamos um verbo (auxiliar) ao lado de outro verbo em uma das formas nominais. Se for o gerúndio, nosso objeto de estudo, sua função é a marcar uma categoria gramatical ou uma noção semântica.
Segundo Gibbon[2], o uso da variante perifrástica está assumindo o lugar do futuro do presente, por possuir uma força de expressão que envolve modalidade, aspecto e tempo, deixando, assim, o futuro à espera de uma forma que venha a assumi-lo, que, nesse caso, corresponderia à perífrase.
Apesar disso, o tempo futuro — categoria lingüística — ocorre com facilidade no português brasileiro, tanto na língua falada quanto na escrita e para expressá-lo, o falante utiliza várias formas verbais: a forma perifrástica (vou sair), o presente do indicativo (saio) e o futuro do presente do indicativo (sairei), entre outras. A autora diz ainda que, nenhuma dessas formas é estigmatizada. O principal fator condicionante do uso da forma perifrástica é o caráter estático do verbo, sendo que esse traço confere ao verbo uma carga de movimento que reforça a futuridade. Ela constatou ainda que a forma perifrástica mantém seu caráter de modalidade, embora esteja também codificando tempo.
Sob uma perspectiva da teoria funcionalista da língua, Görski et al (2002) apresenta-nos os resultados de várias dissertações orientadas por ela, as quais sistematizaram no artigo Variação nas categorias verbais de tempo e modo na fala de Florianópolis, visando a analisar a variação em tempos/modos verbais nas categorias a seguir: “(i) futuro do presente do indicativo, (ii) futuro do pretérito do indicativo; (iii) pretérito mais-que-perfeito do indicativo; e (iv) presente do subjuntivo”.
No tocante às formas variantes, estas são condicionadas nos planos sintático-semântico-discursivos, em que o uso da perífrase tende a ser intensificado em contextos de maior factualidade, propiciando o aparecimento de tal expressão tanto no futuro do presente quanto no futuro do pretérito, bem como a entrada do presente do indicativo em ambientes típicos de subjuntivo.
Em relação a esse assunto, Silva[3] também publicou um artigo intitulado: A expressão do tempo futuro–Forma sintética x perífrase, afirmando que alguns lingüistas, em estudos recentes, também se dedicaram à análise de expressões que indicam futuro, como elas se realizam e quais as diferenças entre tais expressões na língua falada e na escrita.
Segundo Silva[4], Longo realizou um estudo acerca do uso das perífrases do português falado, com dados do projeto NURC, constatou que o futuro com IR prevaleceu em 70% das ocorrências, observou também o uso de perífrases com TER perfazendo 20% das ocorrências e ainda verificou que a construção da perífrase Estar+gerúndio, com valor de futuro do presente apresentou apenas uma ocorrência. A autora afirma que realmente existe uma diferença muito significativa entre as perífrases em uso no PB escrito e falado. Ela também constatou na escrita o uso de auxiliares haver, ir, estar para e ter enquanto na fala somente apareceu ir e ter.
Em relação ao uso da forma perifrástica, a autora afirma ainda que tal expressão está se tornando praticamente obrigatória na língua falada, e, quanto à forma sintética do presente do futuro, realmente está ocorrendo uma restrição à modalização.
1.2 GERÚNDIO: VERBO AUXILIAR (PERÍFRASE VERBAL) + VERBO NO GERÚNDIO PARA INDICAR FUTURO
Com base nas discussões deste relatório quanto ao sentido das construções com gerúndio – valor temporal (futuro), bem como nas do relatório anterior: modalidade (polidez), aspectual (iterativo, durativo e cursivo), é possível perceber que apresentam sentidos bastante distintos. Retomaremos, inicialmente, os do relatório anterior, já que a análise será realizada à luz dessas classificações.
Quanto à modalidade, Görski et al (2002) declaram que:
Modalidade - codifica a atitude do falante, seu julgamento acerca da informação proposicional da oração, especialmente julgamento epistêmico (de verdade, probabilidade, certeza, crença, evidência) e deôntico ou avaliativo (de desejo, preferência, intenção, habilidade, obrigação, permissão, necessidade, manipulação – todas indicando projeções futuras) – (GÖRSKI et al, 2002, p.222).
Com base nessas colocações relacionadas à modalidade, as autoras acrescentam que tal categoria interage com diferentes domínios gramaticais, os quais estão correlacionados com distintos contextos: passado/perfectivo = realis ou pressuposição; presente/progressivo = realis; futuro = irrealis; habitual = irrealis, conforme Givón (apud Görski et al, 2002, p.223)
Em artigo intitulado A expressão do tempo futuro – forma sintética x perífrase, Rita C. P. Silva também faz uma pequena referência aos verbos modais, ressaltando, principalmente, a polidez; [5]
Modalizar é uma espécie de forma de tratamento, de polidez, é uma atitude do falante em relação ao seu enunciado. A modalização é antiqüíssima na língua Portuguesa. Querer e poder, por exemplo, sempre foram usados e não mostram tendências de desuso.
Em seguida, pretendemos, de forma clara e objetiva, discutir o valor do aspecto verbal nas construções com gerúndio. Como o sentido da oração com gerúndio depende do aspecto, então, retomaremos, inicialmente, a definição dada por Cunha e Cintra (apud Welchen; Doss, 2004), para aspecto: “designa uma categoria gramatical que manifesta o ponto de vista do qual o locutor considera a ação expressa pelo verbo”. Consoante esses autores, o verbo pode considerar uma ação como concluída, observada na sua conclusão, no seu resultado, ou não concluída – observada na sua duração, na sua repetição.
O aspecto, para Travaglia (1985, p.53), é “uma categoria verbal de TEMPO, não dêitica, através da qual se marca a duração da situação e/ou suas fases, sendo que estas podem ser consideras sob diferentes pontos de vista, a saber: o do desenvolvimento, o do completamento e o da realização da situação”.
Outro ponto considerado por Travaglia (1985) é o aspecto durativo, o qual é caracterizado por apresentar a situação sem nenhuma interrupção no seu desenvolvimento e, este é concebido como duração contínua limitada. São exemplos desse aspecto as frases:
- Ele estava nadando desde as seis horas da manhã. - João ficará atendendo as pessoas.
Quanto ao aspecto iterativo, Travaglia (1985) afirma que tal aspecto é caracterizado por apresentar interrupções no processo de duração descontínua (tempo), o que dá ênfase à repetição (iteração). O autor declara ainda que é complicado entender como uma situação iterativa pode se tornar habitual, mas afirma que algo pode ser dito:
a) A repetição (iteração) que se torna inconsciente e automática torna-se hábito; b) no hábito a repetição parece ser mais regular, constante, não havendo falhas nas repetições da situação, daí o adj. Adv. ter normalmente sentido totalizador em frases de repetição habitual: “todos os dias”, e “todas as noites”; c) na iteração simples a duração descontínua é limitada, enquanto que na iteração habitual a duração é ilimitada (TRAVAGLIA, 1985, p.59).
Continuando, Travaglia (1985) explica também o aspecto cursivo, o qual marca a situação em pleno desenvolvimento, ou seja, esta situação procederá no decorrer da ação, pois não é analisada em seu início e nem em seu fim. Para exemplificar, temos as frases a seguir:
-Estamos fazendo um bolo para mamãe. -O presidente estava falando desde as cinco horas.
As orações supracitadas, vinculadas ao enfoque tradicional, deixam claros os distintos valores semânticos atribuídos às construções com gerúndio. Em momento algum, a não ser as relacionadas à lingüística descritiva, há menção de que podem expressar futuro. Mas a explicação de Possenti (apud Welchen; Doss, 2004, p.65) frisa que a construção perífrase verbal + gerúndio para indicar futuro está perfeitamente de acordo com a sintaxe, a semântica e a pragmática da língua portuguesa, embora, algumas vezes, possa ser associada com falta de compromisso:
a) do ponto de vista estritamente sintático, não há nada demais com o chamado gerundismo. Sua estrutura é ir + estar + gerúndio (vou estar dormindo). É perfeitamente regular no sentido de que cada verbo está na posição e na forma em que estaria se, ao invés de aparecer numa trinca, aparecesse numa dupla (vou sair, vou estar, estou dormindo, estar dormindo).
b) do ponto de vista de seu sentido, trata-se de uma construção cuja interpretação é mais ou menos a seguinte: refere-se a um fato futuro caracterizado por alguma duração. Ou seja: Não se trata de um evento instantâneo, de curtíssima duração, ou pontual (o que tem a ver com a questão do aspecto verbal).
c) há quem diga que se trata de uma construção inútil, e que o correto seria usar simplesmente a construção verbal sem o verbo estar: Vamos dormir, Vamos enviar etc. Mas observe-se que, com isso, perde-se o aspecto durativo. Apelo para a intuição do lucutor na análise do seguinte argumento: não é a mesma coisa dizer Venceremos e Vamos vencer; assim, não deve ser a mesma coisa dizer Vamos vencer e Vamos estar vencendo.
No artigo “vamos transferir” ou “vamos estar transferindo?”, Schmitz[6] revisa a literatura acerca da construção “verbo auxiliar + verbo no gerúndio” desde autores tradicionais até lingüistas. Ele observou que a rejeição à construção ocorre pelo fato de aparecer veiculado a verbos que não aceitam a idéia de duração, como: enviar, transferir, passar. Ele acrescenta que geralmente acertamos orações com ir+estar+v – ndo quando contrapõem ações semelhantes: vou estar estudando enquanto você se diverte ou quando definimos um tempo de duração para a ação: vou estar lendo nas próximas duas horas.
2 ANÁLISE DAS CONSTRUÇÕES COM PERIFRASE VERBAL + GERÚNDIO PARA INDICAR FUTURO
Nesta parte, faremos a análise das orações com perífrase verbal + gerúndio para indicar futuro, coletadas nas revistas de circulação semanal/quinzenal/mensal. Essas frases serão analisadas, separadamente, conforme as seções em que foram encontradas: Capa; Perfil, Superintrigante, Anúncio, Entrevista, Especial, Brasil, Editorial/Opinião, Cinema. Abaixo, consta uma tabela que ilustra a quantidade de usos de tais orações, conforme as revistas e seções em que foram encontradas.
REVISTAS
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SEÇÕES
|
|
Capa
|
Perfil
|
Superin-
Trigante
|
Anúncio
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Entrevis-
ta
|
Especial
|
Brasil
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Editorial/
Opinião
|
Cinema
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Veja
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01
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01
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Istoé
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01
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01
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03
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Época
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01
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01
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|
01
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Exame
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01
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Superin-teressante
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01
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Galileu
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03
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Você S/A
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Procuramos observar apenas as frases que continham a construção: perífrase verbal +gerúndio, para que pudéssemos estudá-la e verificar a sua adequação à situação comunicativa em que se encontravam. É importante salientar que nem todas as revistas, nem seções apresentaram tal construção, porque as revistas contêm linguagem escrita, que é mais formal e são revisadas.
As construções com gerúndio para indicar futuro, nessas seções, serão analisadas em termos de aspecto durativo, cursivo e iterativo, valores referidos por essas construções e aceitos, inclusive pela gramática tradicional e, também o uso inadequado, no caso de não veicular esses valores semânticos e sim futuro, baseando-nos na literatura acerca das construções com gerúndio.
3.1 SEÇÃO CAPA
Na seção capa, de todas as revistas analisadas, apenas em uma ocorreu uma oração com gerúndio para indicar futuro. Eis a frase: Eu estava só precisando do número do fax do senhor para estar passando que o pedido do senhor tá tudo ok.[7]
Antes de analisá-la, convém salientar que tal frase é, na verdade, um discurso reportado. Trata-se de um trecho de uma gravação de conversa telefônica entre a secretária de um vice – governador e um criminoso.
No contexto dessa oração, o verbo auxiliar estar + v_ndo expressa a idéia de duratividade, como o verbo passar não admite essa noção aspectual de duração, a oração construída com gerúndio está inadequada.
Nesse sentido, diz Possenti[8], estar é um verbo auxiliar durativo, por isso, só aceita verbos com o mesmo valor, caso contrário, tais construções com gerúndio tornam-se inadequadas à situação comunicativa em que estão inseridas.
Cabe ainda afirmar que Possenti[9] associa as construções com gerúndio à polidez e ao comprometimento expresso pelo falante, pois, segundo ele, trata-se de uma forma menos dura, e ao mesmo tempo, menos comprometedora que o indivíduo prefere utilizar. Travaglia (1985) declara também que tal construção possui traços associados a momentos em que o falante estiver prestando atos de gentileza, como é o caso dessa secretária que possivelmente usou estar +v_ndo como estratégia de polidez.
3.2 SEÇÃO PERFIL
Nessa seção, houve também somente uma oração com gerúndio: O destino de crianças que não tinham, como ele, conforto material e familiar começou a incomodá-lo quando ele deveria estar largando a chupeta.[10] Embora não indique futuro, optamos por analisá-la, já que se trata de um uso inadequado do gerúndio.
Ao empregar o verbo auxiliar estar com largando, a redatora veicula a idéia de iteratividade, mas quem larga, larga a chupeta de uma só vez, não fica largando constantemente, idéia expressa em decorrência do emprego do verbo largar no gerúndio, associado com estar.
É interessante acrescentar ainda que o verbo largar, no contexto acima, não aceita a noção aspectual de cursividade ou duratividade, por esse motivo está inadequado ao contexto empregado. A frase adequada seria a seguinte: O destino de crianças que não tinham, como ele, conforto material e familiar começou a incomodá-lo quando ele deveria largar a chupeta.
3.3 SEÇÃO SUPERINTRIGANTE
Nessa seção, que somente é veiculada pela revista Superinteressante, de todas os números pesquisados, apenas na de maio, 2004, encontramos um caso com gerúndio para indicar futuro: ...um carro licenciado em Camaçari, Bahia, com a combinação JOL pode perfeitamente estar rodando com a indicação “São Paulo”[11]. Nessa questão, o aspecto verbal, determinado pelo uso do gerúndio, encarrega-se da noção de cursividade expressa pela frase. Como assinala Possenti[12], não só os morfemas (desinências) verbais indicam o aspecto, às vezes, esse faz parte da semântica da própria palavra.
Este mesmo autor diz que estar também é um verbo durativo: é um verbo de estado transitório. Diz ainda que nem todos os verbos possuem traços durativos, e que, se não considerarmos o aspecto dos verbos, não entenderemos por que algumas orações com gerúndio podem estar adequadas, e outras não. Voltando à oração acima, a noção aspectual é de cursividade, trata de uma ação que será desenvolvida continuamente e durativamente, tanto no dia de hoje, quanto no seguinte. Portanto, essa frase em análise está perfeitamente adequada no contexto em que se encontra inserida.
3.4 SEÇÃO ANÚNCIO
Quanto à linguagem da Propaganda/Anúncio, Ferraz[13], em um resumo publicado em meio eletrônico, intitulado “Formação de palavras na linguagem da propaganda” diz que esse gênero textual, destaca-se pelos recursos expressivos, e tem por objetivo chamar a atenção do receptor às suas propostas. A autora comenta que a linguagem da propaganda constitui um amplo campo para investigação, o qual instiga muitos estudiosos/pesquisadores da área a buscar apóio em vários aspectos do campo lexical.
Sandmam e Alves (apud Ferraz)[14] afirmam que, na língua portuguesa, a produtividade lexical da linguagem publicitária recai sobre o processo de adição, mais especificamente, à afixação e à composição, no que concerne à formação de novas palavras.
Nessa seção, de todas as revistas pesquisadas, encontramos três anúncios com a construção estar + v_ndo, vejamos a primeira: Você pode estar pagando demais.[15] Tal anúncio divulgava o 1º Congresso e Exposição de Estratégia Empresarial no Negócio Escola, evento realizado de 28 a 30 de outubro, no Centro de Convenções Frei Caneca – São Paulo. A construção em estudo apareceu justamente como subtítulo da palestra de Raimundo Magliano Filho: Tributos: você pode estar pagando demais. Analisando-a, percebemos que o auxiliar estar, durativo, aparece aliado com o verbo pagar, o qual, em geral, não é durativo, pois a ação de pagar não é percebida como durativa, não se fica pagando uma determinada mercadoria constantemente. Mas, na oração em análise, a ação expressa pelo verbo pagar refere-se a tributos, os quais pagamos continuamente, e por ser uma atividade que se repete, conforme Possenti (apud Welchen; Doss, 2004), dura. Assim, o autor, Magliano Filho, soube usar adequadamente a oração com gerúndio, no subtítulo de sua palestra.
Tal frase, caso construída de outra forma, como: Tributos: você pode pagar demais, não expressaria a mesma idéia, perdendo o aspecto durativo, pois Possenti[16] deixa muito claro que vamos vencer e vamos estar vencendo não veiculam os mesmos valores semânticos.
Ainda nessa seção, há a oração: Tudo isso com a tranqüilidade de estar investindo no Itaú, um dos maiores administradores de recursos de terceiros do país.[17]. O verbo investir, como foi utilizado nessa frase, aceita perfeitamente a idéia de cursividade, por conseguinte, seu uso não está equivocado. Também há, nesse enunciado, a noção de iteratividade, uma atividade que se repete e por isso dura.
Nesse anúncio, ao utilizar a oração com gerúndio, os publicitários pretendem dar a entender que, ao mesmo tempo em que o cliente investe no Itaú, conta com todas as vantagens elencadas anteriormente: com Planos de Previdência Itaú você investe na sua qualidade de vida no futuro com vantagens fiscais, e com o CDB DI Itaú você aplica com baixo risco e retorno garantido; já que segundo Said Ali (2001), o gerúndio pode denotar ação simultânea a outra ou que sucede dentro do período de duração de outra.
Nessa seção, também encontramos a construção estar+v_ndo inserido no contexto: Há grandes chances de se estar comprando também uma parte do coxão duro[18]. No contexto dessa frase, predomina a idéia de aspecto durativo, a qual, de acordo com Cunha e Cintra (2001), designa uma categoria gramatical, que manifesta o ponto de vista do qual o locutor considera a ação expressa pelo verbo. Podemos considerar uma ação observada em sua conclusão, no seu resultado, ou não concluída, ou seja, detectada na sua duração e também na sua repetição, como é o caso dessa oração.
Em relação ainda a essa frase, também é possível afirmar que o gerúndio foi utilizado com o intuito de denotar ação simultânea a outra ou que sucede dentro do período de duração de outra, conforme prevê Said Ali (2001), pois, provavelmente, o enunciado queira dar a entender que, ao comprar o coxão mole, também se compre o duro. Portanto, trata-se de um uso adequado do gerúndio.
3.5 SEÇÃO ENTREVISTA
Inicialmente, com base no que dizem os autores Cereja e Magalhães (2000), é importante esclarecer que a linguagem que predomina no gênero textual – entrevista – é de nível culto, podendo sofrer alterações conforme as características do entrevistado, do jornal ou revista, assim sendo, na maioria das vezes, ao fazer a transcrição da oralidade para a escrita, muitas marcas são eliminadas, como por exemplo, aí, né, bom, etc. Isso depende muito da opção do veículo impresso, que pode também preferir manter tais artifícios. Esses autores também acrescentam que os tempos verbais empregados na entrevista variam de acordo com o assunto em questão, entretanto, se o entrevistador quer focalizar as opiniões do entrevistado, ele costuma empregar verbos no presente.
Analisando a oração: Tudo o que eles estão falando e fazendo, como incluir saladas no cardápio, tudo o que estão entregando ao consumidor é para mascarar o problema, [19] a qual foi retirada da revista Galileu - circulação mensal, observamos que o verbo auxiliar estar + v_ndo expressa a idéia de duratividade, uma vez que o verbo entregar não admite essa noção aspectual de duração, essa oração poderia ser considerada inadequada ao contexto que se encontra.
Possenti[20] afirma que, há verbos que apresentam traço durativo, a exemplo de jantar, dormir etc; ao contrário de outros, como entregar que é não percebido como durativo, mas no contexto em questão traz uma idéia de rotina. Com base no que diz o autor, é possível que a construção Tudo o que eles estão falando e fazendo, como incluir saladas no cardápio, tudo o que estão entregando ao consumidor é para mascarar o problema, seja aceitável, em se tratando de entregas rotineiras, exemplificando: no ano que vem, pela manhã, vou estar entregando jornais. Esse autor afirma ainda que muitas pessoas utilizam formas gerundivas, como efeito de pretensão, consciente ou não, de coerção profissional para falar gentilmente.
Ainda nessa seção, consta: ...pesquisa de opinião com clientes do McDonald´s que dizem “vocês devem estar brincando em não se defender”,[21] tal oração foi retirada da mesma entrevista – frase anterior, mas essa pertence a outro contexto. Colavitti utiliza o verbo brincar no gerúndio para expressar a idéia de cursividade. Como o ato de brincar é uma ação que se desenvolve com uma certa duração, a frase está perfeitamente adequada a esse contexto.
Encontramos ainda, nessa seção, outras frases com gerúndio, as quais estão perfeitamente adequadas ao contexto que se encontram, expressando a noção aspectual de cursividade. Observamos esse aspecto nas seguintes frases:
- O fato de os níveis de CO2 estarem crescendo e o clima estar esquentando não prova que o CO2 está causando o aquecimento[22].
-O presidente Lula pode estar fundando um novo movimento econômico[23].
3.6 SEÇÃO ESPECIAL
Nessa seção, encontramos a construção estar + v_ndo inserida no seguinte contexto: O medo do terrorismo pode estar sobrepujando os valores fundamentais que fizeram dos EUA um grande país?[24]. Nessa frase, predomina a idéia de duratividade, de ações que se prolongam, mas não de fatos rotineiros. Portanto, mais uma vez, trata-se de um uso perfeitamente adequado do gerúndio, aceito, inclusive, pela gramática tradicional.
3.7 SEÇÃO BRASIL
Nas frases coletadas, nessa seção, observamos que as construções com gerúndio expressam a idéia de cursividade, as quais são gramaticalmente aceitas:
- Furlam, finalmente falou sobre a possibilidade de o governo chinês estar bloqueando a carga com intenções comerciais[25]. - A parcela que sobrevive ao tornique da ditadura, que fique bem claro, deve estar rogando praga contra o democrata Luiz....[26]
3.8 SEÇÃO EDITORIAL/OPINIÃO
As orações construídas com gerúndio, nessa seção, encontramos a seguinte: Enfim, pode-se estar verificando no Brasil uma inversão do vetor do desenvolvimento, rumo ao interior do país[27], tal frase foi retirada da revista Exame – Edição especial – circulação quinzenal.
Nessa oração, o editor utilizou o verbo verificar no gerúndio para expressar a idéia de que isso, constantemente, acontecerá, uma vez que verificar leva um certo tempo e, conseqüentemente, possui também uma certa duração. Como o verbo verificar aceita perfeitamente o aspecto de cursividade e duratividade, a frase está adequada ao contexto em que se encontra inserida.
3.9 SEÇÃO CINEMA
Nessa seção, encontramos a seguinte oração: A franquia criada com o nome do mago parece estar amadurecendo e ganhando complexidade...[28]. Nessa frase, podemos dizer que a construção com gerúndio veicula a idéia de cursividade, uma vez que amadurecer é uma ação observada em seu desenvolvimento. Como essa ação expressa a idéia de cursividade, está adequada ao contexto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Inicialmente, ressaltaremos os aspectos mais importantes da análise, respondendo às questões de pesquisa. Quanto à primeira e à segunda questões de pesquisa, ou seja, quais são as características e usos do gerúndio do português atual, com base em textos veiculados pelas Revistas Época,Veja, IstoÉ, Você S/A, Superinteressante, Exame e Galileu, ressaltamos que, em tais revistas, o emprego dessa construção não está muito difundido, pois, como já dissemos anteriormente, na escrita, existe uma demanda social por regras e normas.
Embora lingüistas, a exemplo de Marcos Bagno (2003), critiquem a separação rígida entre língua falada e escrita, afirmando que tal separação depende dos gêneros textuais escritos, já que as análises mais atuais das relações entre fala e escrita rejeitam a visão dicotômica convencional que opõe essas duas modalidades como se fossem universos absolutamente distintos e estanques. Essa distinção convencional toma como sinônimo de “fala” a conversação espontânea e pouco monitorada, e como sinônimo de “escrita” as produções escritas mais formalizadas, mais rigidamente monitoradas. Na verdade, o que existe é um “continuum” de gêneros textuais que vai do mais falado para o mais escrito, atravessado por um outro “continuum” de monitoramento. Entre os dois pólos, há uma vasta e multiforme zona intermediária, onde ocorrem, inclusive, gêneros híbridos, em que é difícil/impossível distinguir o falado do escrito.
Voltando à questão proposta, pudemos observar que, em geral, a construção estudada foi empregada, nas revistas, conforme os valores semânticos atribuídos a ela pela literatura consultada, ou seja, para indicar situações inacabadas, iterativas, cursivas e durativas, bem como para marcar o futuro. Na verdade, houve poucos usos de verbo auxiliar + verbo no gerúndio que passam ser considerados inadequados à situação, especificamente, duas:
- Eu estava só precisando do número do fax do senhor para estar passando que o pedido do Senhor tá tudo ok. - O destino de crianças que não tinham, como ele, conforto material e familiar começou a incomodá-lo quando ele deveria estar largando a chupeta.
Quanto à terceira questão, se há diferença no emprego dessa construção com gerúndio para indicar futuro entre homens e mulheres[29], constatamos que, apesar de tal construção ter sido introduzida pelas mulheres, (pelo que se sabe, começou a ser usada entre as secretárias e o pessoal do telemarketing – a grande maioria composta por mulheres – principalmente, com o intuito de serem polidas para com seus clientes), atualmente, não mais é associada à fala feminina, caso contrário, os homens ainda não a empregariam, observamos um uso equilibrado entre ambos os gêneros: cinco homens e cinco mulheres utilizaram-na. Desses quinze contextos com gerúndio, dois eram inadequados à situação, e ambos foram empregados por mulheres. Isso vem se contrapor aos achados de Fischer (apud Paiva, 2003) e de Coulthard (1991), que apontam as mulheres como sendo as favorecedoras das formas mais prestigiadas socialmente. Mas também convém ressaltar que, hoje em dia, é preciso tomar mais cuidado, a fim de evitar fazer generalizações acerca da linguagem de homens e de mulheres, já que a linguagem de ambos depende de sua realidade social. E nós não temos informações sociais acerca dos redatores das revistas estudadas, impossibilitando-nos de fazer quais asserções sobre a linguagem de homens e de mulheres, nesse contexto.
A fim de responder à quarta questão de pesquisa: quais revistas e seções apresentaram mais construções com gerúndio para indicar futuro, ver tabela p.8, que mostra o número de empregos da referida construção com base nas revistas pesquisadas, informando em quais seções se encontravam inseridas.
Convém ressaltar que encontramos dois casos em que o uso do gerúndio estava inadequado ao contexto, os quais foram veiculados nas seguintes revistas e seções: IstoÉ – Perfil; IstoÉ – Capa, as demais estavam adequadas, denotando valores semânticos relacionados à duratividade, à cursividade, à iteratividade, à polidez. Portanto, a Revista IstoÉ lidera o emprego dessa construção, especificamente, nos anúncios, embora sejam usos adequados à situação comunicativa.
A última questão a que nos propomos responder, conforme projeto, interrogava as idiossincrasias dessa construção com gerúndio, pertencente à língua coloquial, que justificava o fato de não ser estigmatizada entre pessoas escolarizadas, inclusive em contextos formais de comunicação.
Desde a formulação do projeto até hoje, a forma como a construção em estudo era vista mudou, na época, ela não sofria estigma, pois costumava ser empregada em situações formais de comunicação, ao contrário de hoje.
É bem provável que isso tenha refreado seu uso, principalmente, na escrita e explique seu número reduzido de empregos nas revistas de circulação nacional. Nesse sentido, Bagno (2003) afirma que, no ambiente social, é comum existirem forças centrípetas que agem sobre a língua, ou seja, forças que a puxam para o centro, que a refreiam, tentando impedir seu pulso de mudança. Trata-se de forças exercidas pelas instituições sociais, como a escola, e outras, conforme Bagno (2003, p.123-124):
- as academias de língua (como Academia Brasileira de Letras); - o peso, maior ou menor, da tradição literária (que elege alguns escritores como “clássicos” do idioma, modelos a serem “imitados”); - o trabalho dos gramáticos e dicionaristas, empenhados em descrever e prescrever a língua “certa”; - a burocracia em geral, o sistema jurídico, o poder legislativo ( com suas fórmulas estereotipadas e seu fraseado típico, em geral muito rebuscado e repleto de expressões obsoletas); - todo o aparato estatal com sua multiplicidade de órgãos e serviços públicos; - as instituições religiosas que, em geral, se apóiam em textos antigos, reverenciados, e que precisam ser mantidos no estado de máxima “pureza” original, para que não sejam “distorcidas” as verdades que foram reveladas aos fiéis pelas forças divinas (o pronome vós, por exemplo, só sobrevive, no português de hoje, em textos religiosos); - e, mais recentemente na história da humanidade, os poderosíssimos meios de comunicação, que necessitam de uma linguagem mais ou menos uniformizada para exercer suas funções de formação ( e sobretudo de conformação) da opinião pública.
Os poderosíssimos meios de comunicação, como foram chamados por Bagno (2003), exerceram papel ativo na tentativa de refrear, conscientemente, o gerúndio para indicar futuro, que, entre eles, passou a ser chamado de ¨assassino¨. Nesse sentido, trabalhou Ricardo Freire, jornalista que tem uma coluna chamada Xongas, na Revista Época, coluna na qual, por inúmeras vezes, tratou, preconceituosamente dessa construção com gerúndio, menosprezando as pessoas que a empregavam; a própria Rede Globo, através do Zorra Total, programa que, por alguns meses, passou a veicular um quadro, em que uma atendente de telemarketing, cuja marca era a construção com gerúndio, atendia ao telefone, usando tal bordão, a fim de discriminar esses profissionais.
Quanto ao efeito de algumas colunas semanais, Faraco (2002) afirma que, embora inócuas para o que se propõem, têm um efeito lastimável sobre a nossa auto-estima lingüística - fica a imagem de que não sabemos falar/escrever e isso tem resultados negativos de grande monta para o cidadão em geral e para a educação lingüística em particular. Diz ainda que tem um efeito desastroso acerca de nossa compreensão cultural do que deve ser o cultivo de um desejável padrão de língua. Por isso, considera importante que a imprensa se abra também para a divulgação do pensamento científico acerca de fatos da língua.
Voltando à construção em estudo, acreditamos que só o tempo dirá o seu futuro, talvez continue sendo uma das formas concorrentes do futuro simples, talvez desapareça em função do preconceito lingüístico, ou quem sabe, substitua o futuro simples hipótese bastante improvável. A única certeza de que não nos abandona é: há variação nas formas de expressão de futuridade, sendo uma delas perífrase verbal + verbo no gerúndio.
REFERÊNCIAS
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Orientadora: Professora doutora Dirce welchen
[1] GIBBON, Adriana. O percurso a partir de fatores semânticos, discursivos e sociais: artigo científico.[2004?]. Disponível on-line em:www.filologia.org.br/anais> civ07 11 htm-17k. Acesso em: 27 set. 2004.
[2] Disponível on-line em:www.filologia.org.br/anais> -civ07 11.htm –17k. Acesso em: 27 set. 2004.
[3] SILVA, Rita do Carmo Polli da. A expressão do tempo futuro – forma sintética x perífrase [2003?]. Resumo de dissertação (Mestranda em Estudos Lingüísticos da UFPR). Disponível on-line em:www.filologia.org.br/anais> htm – 10k. Acesso em: 27 set 2004
[4] Disponível on-line em:www.filologia.org.br/anais> htm – 10k. Acesso em: 27 set 2004
[5] SILVA, Rita do Carmo Polli da. A expressão do tempo futuro – forma sintética x perifrase [2003?]. Resumo de dissertação (Mestranda em Estudos Lingüísticos da UFPR). Disponível on-line em:www.filologia.org.br/anais> htm – 10k. Acesso em: 27 set 2004
[6] Disponível on-line em: http://www.unicamp.brasil/docentes/john/crise.html-8k. Acesso em: 27 set. 2004.
[7] O BRAÇO político do esquema. IstoÉ. São Paulo, n.1811, p.28, 23 jun. 2004.
[8] Disponível on –line em: http://primapagina.terra.com.br/mat-v00.php?contador=853&coluna=litter (04 mar. 2004)
[9] Disponível on –line em: http://primapagina.terra.com.br/mat_v00.php?coluna=litter&contador=3822> (05 fev. 2004)
[10] MORAES, Rita. Palavra de gênio.IstoÉ, São Paulo, n.1807. p.65, 26 maio de 2004.
[11] PEREZ, Luís. Qual é a lógica das letras nas placas dos carros? Superinteressante, São Paulo, v.19, n.5, p.44, maio/abril, 2004.
[12] Disponível on –line em (04 mar.2004)
[13] FERRAZ, Aderlande Pereira. Formação de palavras na linguagem da propaganda: artigo científico (UNI – BH/FEMM). [2002?]. Disponível on-line em: < http:// www.filologia.org./viiicnlf/resumo>. Acesso em: 03 jan. 2005.
[14] Disponível on-line em: www.filologia.org./viiicnlf/resumo>. Acesso em: 03 jan. 2005.
[15] JÚNIOR, Marino Menossi. Você pode estar pagando demais. IstoÉ, São Paulo, n.1818, 11 ago. 2004. Não paginado
[16] Disponível on – line em: (04 mar.2004)
[17] PROCURANDO o lugar certo com todas as opções para investir o seu dinheiro? IstoÉ, São Paulo, n.1815, 21 de jul. 2004. Não paginado
[18] HÁ GRANDES chances de se estar.... IstoÉ, São Paulo, n.1808, p.12, 02 jun.2004.
[19] COLAVITTI, Fernanda. Homem – hambúrguer. Galileu, São Paulo, v.13, n.157, p.45, ago/set. 2004.
[20] Disponível on-line em http://primapaginaterra.com.Br/mat_v00php?coluna=litter&contador=3822 Acesso em: 05 de fev. 2004
[21] COLAVITTI, Fernanda. Homem – hambúrguer. Galileu, São Paulo, v.13, n.157, p.45, ago/set. 2004.
[22] ARTONI, Camila. Um verde na contra-mão. Galileu, São Paulo, v.12, n.156, p.50, jul/ago. 2004.
[23] MENDONÇA, Ricardo. O consenso de Brasília. Época, São Paulo, n.324, p.28, 02 ago. 2004.
[24] QUESTÕES para entender o mundo. Veja, São Paulo, v.37, n.25, ed.1859, p.96, 23 jun. 2004.
[25] AGUIAR, Marcelo et al. Rasteira diplomática. Época, São Paulo, n.318, p.42, 21 jul. 2004.
[26] PEREZ, Leandro. Otimistas e pessimistas. Veja, São Paulo, v.37, n.31, ed.1865, p.46, 04 ago. 2004.
[27] GRAZIANO, Xico. Vem aí o novo caipira. Exame, São Paulo, v.38, n.17, p.78, set. 2004.
[28] VELLOSO, Beatriz. Harry Potter macabro. Época, São Paulo, n.315, p.134, 31 maio, 2004.
[29] Nem sempre foram veiculados os nomes dos editores, ou seja, em três contextos não dos quinze que ocorreram no total. |