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Calouros, preparem o lombo...! PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Edson Sardano e Eurípides Alves da Silva   
Qua, 16 de Março de 2011 00:00

A expressão “o homem é um animal racional”, atribuída a Aristóteles, por certo visa a destacar uma das características que distinguem o ser humano dos outros animais: a racionalidade. Característica que não só o levou a distanciar-se, progressivamente, do comportamento atávico e instintivo prevalecente em situações de risco como, em especial, à construção do padrão de conduta moral e do conceito de cidadão ético vigentes.



Paradoxal e absolutamente reprochável, portanto, que a prática do “trote acadêmico” ocorra e se alimente num dos espaços sociais por excelência comprometidos com a disseminação da lógica e dos princípios consagrados pela racionalidade humana, responsáveis pela sobrevivência e que, hoje, sustentam os esforços pelo progresso da espécie. Nada pode justificar essa malfada prática, de triste histórico nas nossas instituições de ensino superior, diante da profusão de casos de comas alcoólicos, intoxicações, queimaduras de terceiro grau e, até, de mortes. Diante desse quadro, nem os tais “trotes sociais” se justificariam, em que pese a boa intenção de seus idealizadores. De fato, os excessos promovidos pelos que insistem em práticas vexatórias geralmente descambam para o cerceamento da liberdade, a violência psicológica e as atitudes de ofensa à dignidade dos calouros. Além do que, se o argumento é a integração entre estudantes e uma pretensa iniciação à vida universitária, os veteranos poderiam se valer dos eventos de responsabilização social, hoje preconizados pelo MEC e previstos nas propostas pedagógicas dos diferentes cursos de graduação das instituições universitárias.

Do ponto de vista do calouro, difícil saber o que é pior: submeter-se ao ritual do trote ou tornar-se alvo da violência rotineira (física ou psicológica), acuado pelos useiros e vezeiros da prática modernamente conhecida como “bullyng”. A propósito, lembramos o lastimável episódio protagonizado por um grupo de alunos nos Jogos InterUnesp de 2010, que ficou conhecido como “o rodeio das gordas”. Incrível, mas, afora a instauração de inquéritos pelo Poder Público (e cujo desfecho desconhecemos), o que se sabe desse emblemático caso de atentado à dignidade das pessoas é que dois alunos, acusados de criar, difundir e incentivar o tal “rodeio”, foram punidos com uma suspensão de cinco dias, a ser cumprida no primeiro semestre letivo deste ano de 2011. (Na ocasião, marcou-nos o dramático depoimento de um pai: “Se minha filha tivesse sido alvo desses alunos, poderia ter perdido o movimento das pernas. Ela tem próteses nos dois joelhos. Esses sujeitos deveriam ser encabrestados numa baia e expostos à execração por parte dos colegas. Quem sabe experimentassem humilhação semelhante à que impuseram às suas vítimas...”).

Infelizmente, estamos muito distantes ainda do desejável e necessário comprometimento institucional das escolas, dos órgãos de representação discente e, até, do Poder Público constituído, o que faz com que a sociedade assista, desalentada, ao agravamento dessas barbaridades e à impunidade de seus protagonistas, conforme mostram, ano após ano, a mídia e, especialmente, a Internet.

Já não parece mais haver dúvidas quanto ao encaminhamento a se dar aos casos de trotes violentos e à prática do bullyng, sejam perpetrados no interior das instituições de ensino ou fora delas: a expulsão de todos os declarados responsáveis! E, claro, secundada por ações instauradas pelo Poder Público, buscando apurar responsabilidades – da parte dos estudantes e da parte das instituições – como garantia de reparação dos danos causados às vítimas e a seus familiares. Fora disso, é ficar na mórbida advertência de sempre: “Calouros, preparem o lombo para o ano que vem...”. É muito triste!

 
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