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Edições Anteriores 264 Admirável mundo novo da internet: o céu e o inferno da aprendizagem!
Admirável mundo novo da internet: o céu e o inferno da aprendizagem! PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Eugênio Maria Gomes   
Qua, 16 de Março de 2011 00:00

Nos primórdios da humanidade, o homem aprendia experimentando. Caçador por natureza,sobrevivia pela sua capacidade de raciocinar logicamente, o que o diferenciava das demais espécies, permitindo que as superasse evolutivamente. E foi assim que descobriu o fogo, aprendeu com os bichos e descobriu a roda. Em um determinado momento da sua História, o homem aprendeu a aprender e, também, passou a ensinar. As primeiras escolas européias, constituídas como a conhecemos hoje, com  um homem ocupando o posto de professor e outros homens reunidos com o intuito de aprender, todos em um mesmo espaço, com algum apoio logístico sob a forma de mesa, cadeira, quadro e giz, surgiram por volta do século XII, na França e na Península Itálica.



No entanto, muito antes dessa época, cerca de quatro mil anos antes de Cristo, surgia a primeira forma de escrita, em um momento em que o conhecimento era passado ao outro segundo a tradição oral, ou seja, de “pai para filho”. Dois mil anos mais e a evolução do saber fez com que o homem optasse pela contratação de um “preceptor”, com algum tipo de conhecimento e com capacidade de transmiti-lo aos seus rebentos, dentro de suas residências, de seus palácios. Mais tarde, na Grécia antiga, o homem já aprendia coletivamente a partir da atuação de um único preceptor, ainda sem salas de aula e sem divisão de séries, quase sempre realizada nos jardins e pátios, como se fosse uma brincadeira, um encontro para se divertir, sem nenhum tipo de obrigação com o aprender, o que acabou por dar origem à palavra escola, advinda da palavra grega scholé, que significa “lugar do ócio”.

Cerca de trezentos anos depois de fundada a primeira escola européia, os jesuítas criaram as duas primeiras escolas brasileiras, sendo a primeira em Salvador, em 1549 e a segunda em São Paulo, no ano de 1554, onde os primeiros alunos brasileiros aprendiam a ler, a escrever, aprendiam matemática e, claro, a doutrina católica. E a Escola, inacreditavelmente, mudou muito pouco nesses quase quinhentos anos... Já a forma de aprender... Boa parte das mídias disponíveis hoje, como a televisão, o rádio e o computador, foram fundamentais na revolução da forma de se transmitir informação e conhecimento, provocando revoluções nos mercados, nos valores e, até, na nossa forma de pensar e de ver o mundo.

E o computador, de forma muito contundente, fez com que os últimos quarenta anos provocassem a grande revolução na relação ensino–aprendizagem, quando se tornou o veículo condutor dessa fantástica ferramenta chamada internet, criada em 1969, trazendo como conseqüências a globalização e a criação da “Aldeia global”, onde todos passaram a ter acesso  aos mais diversos tipos de informação. Uma primeira questão que se apresenta na utilização das mídias disponíveis para acesso à informação é a qualidade do conhecimento disponibilizado por ela. O próprio desejo do homem em buscar notícias estrondosas, impactantes, tem feito com que a neutralidade da informação fique comprometida, haja vista que o que sustenta essas mídias é, justamente, a manutenção da audiência. Outra questão importante que podemos observar é a capacidade que essas mídias têm de alterar, substancialmente, os hábitos, os gostos, os desejos e a maneira de sentir e de viver do homem contemporâneo. Diminuíram-se as brincadeiras ao ar livre, as visitas às exposições artísticas, aos shows, às bibliotecas, porquanto é mais prático jogar vídeo games, passar as tardes de domingo assistindo à televisão, baixar músicas no computador e copiar textos prontos, na internet.

Aos poucos, o homem vai se esquecendo do mundo real, de todas as belezas naturais que o rodeiam, do quanto é bom viver e conviver com as pessoas, de como é saudável sair de casa para trabalhar. A utilização das diversas mídias facilita o apego, inconsciente, do homem, ao sedentarismo. E é certo que essa revolução da informação está, apenas, começando. O computador representa para a revolução tecnológica o que a primeira máquina a vapor representou para a revolução industrial, mudando todo o conceito conhecido, sobre produção e sobre o valor nominal dos produtos, resgatando a humanidade do obscurantismo e da pobreza quase absoluta, para projetá-la rumo ao pleno desenvolvimento sócio-econômico. O advento da internet revolucionou o conceito da comunicação, em todos os níveis. A permuta da máquina de escrever pelo teclado de um computador significou muito mais que a comodidade para escrever, codificar e registrar informações. O computador, como ícone da era digital, permitiu ao homem encontrar, copiar, armazenar, criar, alterar, criticar, socializar informações, dentre outras infindáveis possibilidades que oferece. É preciso atenção para a qualidade da informação que é disponibilizada, assim como para o preparo, para o interesse e a formação de quem a utiliza. Jamais, em tempo algum, se observou tamanha gama de informação disponível, muita coisa boa, mas, também, muita coisa ruim, completamente inútil e até nociva.

A internet é um caminho sem volta. Acredita-se que as novidades que surgirão nessa área, nos próximos dez anos, farão com que as tecnologias utilizadas hoje se pareçam com os ferros de passar roupas a carvão, do século passado. O modelo de ensino-aprendizagem, na forma como o conhecemos hoje, pouco modificado em relação ao que foi aplicado nos últimos dois séculos, encontrará nos próximos anos o seu algoz.  Nesses tempos hodiernos, a tecnologia adentra na vida humana enquanto ela ainda se encontra no berço. Nenhum dos filhos das próximas gerações, com acesso ao mínimo de tecnologia, conseguirá suportar uma aula onde o professor fale e o aluno escute, onde o professor transcreva livros no quadro e o aluno copie, onde o professor leia imensos textos e o aluno os decore.

A lousa digital chegou para ficar e será aprimorada, assim como a biblioteca virtual que já está incorporada ao processo de pesquisa do estudante em todo o planeta. Caberá ao professor, desempenhando a figura de preceptor, de orientador, ser um agente facilitador da aprendizagem com a utilização das diversas mídias existentes, ajudando a construir um espírito crítico para que o aluno consiga filtrar a boa informação, organizar essa avalanche de dados, de modo a conseguir aproveitar, processar, recuperar e compartilhar com os demais esse “Admirável Mundo Novo” do conhecimento.

 
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