Estudo feito com estudantes universitários da Grande Vitória, Estado do Espírito Santo, pelos professores universitários Hélio Rosetti Júnior e Juliano Schimiguel, do programa de Mestrado e Doutorado da Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL) – SP, mostra grande dificuldade dos alunos com o entendimento de operações financeiras, cálculos e matemática financeira.

No trabalho de pesquisa feito na Região Metropolitana, utilizando metodologia on-line, com alunos dos municípios de Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra e Guarapari, percebeu-se que, em se tratando da localização geográfica, onde predominam as atividades econômicas em serviços e comércio, os alunos pesquisados manifestaram dificuldades com operações matemáticas e financeiras básicas, o que pode resultar em empecilho para atuação dessas pessoas no mercado de trabalho.

A partir dos dados da pesquisa, observou-se que os alunos manifestaram dificuldades de entendimento da linguagem financeira básica, com suas operações quantitativas, seus códigos e modelos matemáticos. Da mesma forma, demonstraram não entender e nem dominar as informações diárias veiculadas nos meios de comunicação, indicando não estar inseridos no ambiente financeiro.

A pesquisa constatou que a grande maioria desses estudantes é jovem e já atua em atividades profissionais com emprego formal ou estágio. Com isso, no contexto do mundo do trabalho onde estão inseridos, esses estudantes recebem seus vencimentos por meio de uma conta bancária, administram seus recursos, recebem ofertas de crédito, compram com financiamentos, pagam taxas e tributos. Contudo, apresentam insegurança e dificuldades em lidar com esse conjunto de informações e operações matemáticas, apesar de estudarem matemática e saberem calcular porcentagens e juros. Dessa maneira, os alunos calculam taxas de juros nos problemas em sala de aula, mas não conseguem identificar as mesmas taxas nas propagandas e no comércio em geral.

Apesar de requererem grandemente mais ensino de matemática financeira e de finanças, e manifestarem a crença de que mais conhecimentos financeiros ampliariam suas oportunidades profissionais assim como seus rendimentos, os alunos não entendem como funcionam os principais tipos de financiamentos a médio e longo prazo, não conseguem utilizar calculadoras eletrônicas ou planilhas para operações financeiras, não compreendem o significado de risco financeiro e têm dificuldade de operar um fluxo de caixa elementar. Tudo isso aponta para a exclusão dos alunos do ambiente financeiro.

Dessa forma, o ensino de matemática financeira, nos cursos universitários, repete fórmulas prontas e acabadas, trabalha, na faculdade, com conteúdos que estão fora da realidade dos alunos e não proporciona uma visão de mundo, com perdas para a cidadania, para as atividades profissionais e a participação social. O estudo de pesquisa também ouviu docentes e empresários da região, que enfatizaram essas dificuldades mostradas pelos alunos em lidar com questões relativas a dinheiro e operações financeiras. Os empresários indicaram, ainda, que não contratariam profissionais sem conhecimentos básicos de matemática financeira.