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Edições Anteriores 240 Integração Escola, Empresa e Comunidade: uma utopia possível?
Integração Escola, Empresa e Comunidade: uma utopia possível? PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Luiz Fernando Gomes Guimarães   
Qua, 08 de Setembro de 2010 00:00

Em meu dia a dia como gestor escolar, uma coisa sempre me intrigou: a resistência de professores e técnicos educacionais em abrirem as suas instituições para a comunidade de um modo geral. Impressiona mais ainda o fato de que o discurso sempre será exatamente o contrário, isto é, pais, empresas e empresários, órgãos públicos, todos eles serão sempre bem – vindos. Nada mais falso. É pena. Tenho convicção de que a presença de todos os atores sociais junto à escola seria sempre benéfica.

 

A alegação contra tal possibilidade é a tendência da interferência de tais agentes sobre a rotina institucional ou ainda, os transtornos oriundos da ingerência dos mesmos no dia-a-dia escolar. E daí, pergunto? Os benefícios serão sempre maiores que as possíveis dificuldades a serem enfrentadas. Muitas vezes nos esquecemos que o estabelecimento de ensino prepara e forma para a sociedade e para a nação. Já se foi o tempo da discussão sobre o papel da escola, isto é, se a escola molda a sociedade ou se é formatada por ela. Mais ou menos a questão de quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha.

Em se tratando das instituições de ensino superior, a implantação de conselhos comunitários, grupos de apoio institucional, conselhos empresariais e outros, são formas seguras de aproximação dos alunos e professores com o mundo do trabalho. Tal parceria traz benefícios inegáveis para todas as partes, pois se de um lado aproxima a escola do mercado, ajudando a atualizar currículos e capacitar docentes, por outro lado, coloca à disposição de empresas e empreendedores todo um aparato tecnológico e recursos humanos disponíveis nas universidades.

No caso das escolas de educação básica considero muito relevante a aproximação com associações de moradores, organizações não governamentais, igrejas etc, onde os estudantes possam ter a oportunidade do desenvolvimento de trabalhos de cunho comunitário e até se envolverem em ações de voluntariado.

Num dos trabalhos desenvolvidos por mim em determinada instituição de ensino em Belo Horizonte, os alunos do ensino médio tiveram a oportunidade de, em troca de créditos acadêmicos, se envolverem em ações sociais voluntárias. Nem todos participaram. Muitos se envolveram. Atuaram em grupos de apoio a crianças com câncer, atividades de capacitação e profissionalização de pessoas carentes e muitas outras. A minha impressão e quase certeza é a de que esses jovens que se envolveram nesse tipo de atividade, adquiriram outra visão do mundo. Ganharam nova perspectiva quanto ao conceito de cidadania e mais, se perceberam como protagonistas na construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna.

Assim, o envolvimento de instituições de ensino com as comunidades locais e regionais não deve ser vista como uma questão de escolha de seus dirigentes e professores. Deve sim ser colocada no contexto do Projeto Institucional, como estratégia importante para a formação de seus alunos.

Em minhas discussões sobre o tema, sempre afirmei que a universidade tem a obrigação de saber formar recursos humanos melhor que qualquer empresa. Da mesma maneira, as universidades não devem pretender apresentar maior competência para produzir bens e serviços que as organizações empresariais. Assim, preservando as especificidades de cada uma, o ideal é que desenvolvam esforços conjuntos, potencializando o que cada um tem de melhor, a oferecer aos seus clientes, fornecedores e sociedade de um modo geral. E existem receitas relativamente fáceis de serem aplicadas. Uma delas, que pude vivenciar na Universidade de Loughborough - excelente instituição, no centro da Inglaterra em que tive oportunidade de estagiar – mantém programas de acolhimento de profissionais ligados a empresas da região. Esses profissionais se utilizam dos laboratórios da universidade para suas pesquisas e, em contrapartida, ministram aulas e seminários para os alunos da graduação e da pós-graduação. Esta é uma amostra objetiva dos benefícios mútuos de uma aberta, transparente e competente integração entre escola e empresa.

Essa aproximação apresenta outras vantagens paralelas, uma delas importantíssima. Refiro-me à possibilidade de utilizar tais parcerias no processo de avaliação institucional. Existem muitas formas de operacionalizar tal intenção. Na mesma universidade de Loughborough, algumas avaliações finais de determinadas turmas eram preparadas a quatro mãos, isto é, as questões eram formuladas pelos professores e por profissionais ligados às indústrias da região. Em outros casos, a avaliação sistemática dos estagiários da instituição de ensino por parte das empresas contratantes, constitui outro mecanismo eficaz para a avaliação institucional. Muitas outras formas existem... É só ter a coragem e a vontade política de executá-las.

Outra oportunidade de ouro que as instituições de ensino, especialmente as de nível superior, deixam de aproveitar é a de trazer para o mais próximo de si o ex-aluno. Este é um protagonista que tem tudo para ajudar. Bem acompanhado poderá dar um bom retorno, informando quanto à qualidade e aceitação do curso ministrado na instituição. Poderá ainda, já estando no mercado de trabalho, constituir num bom canal de comunicação entre a escola e as empresas e mais, um reforço para o marketing institucional, caso seja um profissional de renome. Ainda, sempre poderemos contar com ele para palestras e testemunhos para os alunos matriculados, ações estas de grande retorno e visibilidade interna. Assim, reafirmo minha crença na necessidade urgente de uma mudança na cultura dos gestores e colaboradores das instituições de ensino: é imperativo reconhecer a importância da criação de vínculos extramuros da escola. Quanto mais, mais transparentes e abertos melhor. Os possíveis inconvenientes são amplamente superados pelas vantagens.

(*) Texto retirado do livro: “Ensinando para aprender, aprendendo para viver”- Ed.Literato – Belo Horizonte – 2010
 (**) O Prof. Luiz Fernando Gomes Guimarães, é educador, gestor de instituições de ensino e consultor na área da educação básica e superior. Autor dos livros: "Ensinando para aprender, aprendendo para viver" e "Escolhas Profissionais: faça seu plano de voo" , ambos publicados pela editora Literato de Belo Horizonte.

 
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