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A agonia das IES “nanicas” PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Samuel José Casarin   
Qua, 14 de Julho de 2010 00:00

A expansão do ensino superior no Brasil, registrada nos últimos dez anos, foi sempre justificada pela necessidade de se ampliar as possibilidades de inclusão de milhares de egressos que tinham poucas oportunidades de cursar um curso de nível superior. Para tanto, o Ministério da Educação (MEC) credenciou uma série de instituições de ensino superior não levando em conta a sua localização, porte e situação regional.  Assim, cidades de porte médio e pequenas (com menos de 50 mil habitantes), conseguiram ter instaladas em seus limites municipais pequenas faculdades que, a primeira vista, possibilitariam aos alunos nativos ingressar em cursos superiores no local, sem ter que se deslocar para outros municípios. As prefeituras locais ficavam livres de ter que disponibilizar transporte (gratuito) para outras cidades, diminuindo assim suas despesas.

Por outro lado, o mesmo MEC, nesses mesmos últimos dez anos, também sob a bandeira da inclusão social no ensino superior, vem fomentando o credenciamento de instituições de ensino superior (a maioria de grandes grupos educacionais) que oferecem em pólos diversos cursos superiores na modalidade a distância (EaD). Essas instituições credenciadas para oferecer EaD expandiram de tal forma suas fronteiras que acabaram se instalando também nessas cidades de pequeno e médio porte que viram, de um hora para outra, suas faculdades locais lutando com uma concorrência desproporcional. Começa aí a agonia das IES “nanicas”.

Tais faculdades instaladas em cidades de pequeno e médio porte (menos de 50 mil habitantes) não conseguem criar atrativos para os potenciais alunos locais e, para piorar a situação, a disponibilidade de alunos locais (e regionais – das cidades vizinhas) fica cada vez mais restrita, impossibilitando qualquer plano de expansão dessas IES. A agonia aumenta.

Some–se a isso o menor valor cobrado pelos cursos na modalidade EaD (em comparação aos presenciais) que acabam “canibalizando” os cursos presenciais oferecidos pelas faculdades locais. A agonia leva tais escolas à UTI.

Segundo a página do Ministério da Educação (www.mec.gov.br), dos 645 municípios do estado de São Paulo (IBGE in: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1) , 320 (ou seja, 49,6% dos municípios do estado) possuem alguma instituição de ensino superior credenciada (na modalidade presencial ou na modalidade EaD - pólo). Dessas 320 cidades, 198  (30,7% dos municípios do estado ou 61,8% das cidades do estado de São Paulo que tem alguma IES credenciada pelo MEC) tem população de até 50 mil habitantes. Esses 198 municípios contavam em 2009 com uma população estimada em 4.511.762 habitantes (fonte IBGE Cidades) que eram atendidos por 66 IES com cursos presenciais e 299 IES (pólos) com cursos oferecidos na modalidade EaD, ou seja, havia uma IES presencial para cada 68.360 habitantes contra uma IES com pólo de EaD para cada 15.090 habitantes no estado de São Paulo. Assim a competição pelo alunado fica extremamente difícil para a IES presencial que torna sua agonia insustentável.

No levantamento realizado, das 57 cidades com até 13 mil habitantes (entre as 320 com IES no estado de São Paulo), apenas duas cidades contam com uma IES presencial credenciada (ou seja, 3,5% dessas 57 cidades). As demais 55 cidades possuem algum pólo (um ou dois) de curso EaD atendendo ao alunado local.

Entre as cidades com população de 13 mil até 30 mil habitantes, 81 cidades, constata-se a existência de 21 IES presenciais e 119 pólos de EaD. Essas cidades somavam uma população de 1.704.337 em 2009 (fonte IBGE Cidades), proporcionando as seguintes relações: uma IES presencial para cada 81.159 habitantes e um pólo de EaD para cada 14.322 habitantes.

Por outro lado, para as cidades entre 30 mil até 50 mil habitantes (entre as 320 com IES), 60 cidades, observa-se 43 IES presenciais e 117 pólos de EaD. Essas cidades somavam em 2009 uma população de 2.391.486 habitantes (fonte IBGE Cidades) proporcionando as seguintes relações: uma IES presencial para cada 55.616 habitantes e um pólo de EaD para cada 20.440 habitantes.

O que se quer mostrar aqui é que a concorrência entre a oferta de cursos pelas IES presenciais com as IES que tem pólos de EaD nas cidades do estado de São Paulo com até 50 mil habitantes faz com que a sustentabilidade das primeiras se torne inviável na maioria dos casos. Como, portanto, descobrir uma “galinha de ovos ouro” para salvar essas instituições, tornando-as viáveis economicamente? Missão quase impossível nas atuais circunstâncias.

 

Autor deste artigo: Samuel José Casarin - participante desde Qui, 16 de Junho de 2005.

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