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Uma escola para toda a vida e para ensinar sobre a Vida. (*) PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Luiz Fernando Gomes Guimarães   
Qui, 01 de Julho de 2010 00:00

Quero comentar um aspecto importante da administração escolar. Refiro-me à sustentabilidade da instituição. Não só quanto ao planejamento e execução orçamentária e financeira, mas, também, quanto à sustentabilidade ambiental e, tão importante quanto as demais, a sustentabilidade moral. Para entendermos melhor o que pretendo refletir com você, prezado leitor, vamos primeiro nivelar nosso entendimento quanto aos conceitos de sustentabilidade aos quais me referi, embora, alguns deles sejam auto-explicativos.

 Primeiramente, a questão do planejamento orçamentário e financeiro. Como qualquer empreendimento público ou privado, o planejamento constitui ferramenta de gestão primordial, caso se pretenda obter resultados satisfatórios em qualquer tipo de trabalho. Dessa forma, os gestores precisam definir, a partir das linhas estabelecidas no Projeto Pedagógico Institucional e com a maior precisão possível, aonde se quer chegar, isto é, objetivos e metas, em qual prazo, com que tipo de ação, a qual custo e, finalmente, quais os recursos humanos e materiais serão necessários. Vale a pena lembrar a máxima que diz: “para quem não sabe aonde ir, qualquer caminho serve”. A lição é: os recursos de qualquer natureza são sempre finitos e precisamos definir claramente nosso norte para podermos estabelecer nosso caminho e nossas necessidades. Este preceito serve para todo tipo de organização, em qualquer esfera administrativa, privada ou pública, municipal, estadual ou federal. A questão é mais aguda nas instituições públicas por conta do falso entendimento de que o desperdício, a falta de controle e a ausência de resultados não trazem maiores conseqüências. Trazem sim. Digo sempre que os recursos destinados à educação por parte dos governos poderiam ser maiores. Entretanto, as verbas destinadas à área educacional são muito mal gastas. Em outras palavras, o pouco recurso destinado à educação poderia ter destinação mais eficaz, caso fosse investido diretamente na ponta do sistema. Mas não são. Grande parte do orçamento existe para manter as atividades - meio, isto é, funcionários nas secretarias de educação, no MEC e em setores outros que não a sala de aula. Isso sem falar nas verbas desviadas por conta de corrupção e roubalheira, pura e simples.

E o que vem a ser a sustentabilidade ambiental?  Entendo que uma instituição de ensino deva servir de referência na comunidade onde está instalada. Não somente pelos conhecimentos que propicia e transmite, mas, também, pela função educativa fornecida pelo exemplo que possa dar. Assim, os eventos planejados e executados na escola, bem como a sua rotina diária, devem se pautar pelo cuidado com o meio ambiente, sua preservação e sustentabilidade. Ações permanentes de gestão racional de energia, cuidados quanto aos resíduos produzidos na escola e sua destinação adequada, planejamento adequado para uma correta utilização de materiais reciclados, utilização e aproveitamento racional da água utilizada etc, constituem atitudes simples e eficazes que geram grande impacto na comunidade escolar e no seu entorno. Junto às novas gerações, então, o impacto pode ser muito grande. Podemos produzir boas mudanças na cultura do desperdício e da irresponsabilidade ambiental ainda hoje existente. A escola ambientalmente responsável pode contribuir para uma nova postura, onde o meio ambiente, junto com os cuidados com o corpo e a saúde, constitua objetivos permanentes dos indivíduos e das sociedades.

E a sustentabilidade moral, o que significa? O que seria isso? Já afirmei em vários momentos que as instituições de ensino devem se posicionar como geradoras de conhecimento e também como referências comunitárias. Assim devem ser vistas e por esses motivos, respeitadas. Muitas vezes, ao ver escolas públicas depredadas e pichadas, fico me perguntando: como as comunidades onde estão instaladas estas escolas percebem este patrimônio? Usei o verbo “instalar” propositalmente, pois não consigo ver tais instituições “inseridas” na comunidade. Uma instituição pública de ensino, no meu entendimento, tem um papel mais amplo do que muitas delas se dispõem a executar. São espaços de convivência, de referências morais e éticas naquele microuniverso. São pontos de apoio, centros comunitários e muito mais. Penso que uma escola pública deva permanecer aberta sete dias por semana, 365 dias por ano. Não vejo sentido em manter esses espaços fechados inclusive nos períodos de férias escolares. É simples manter a escola aberta durante todo o tempo? Sei que não. Mas tem que ser feito, na maior intensidade possível. Problemas surgirão? Sem dúvida. No entanto, é para isso que serve uma escola. Para partilhar e ser partilhada. Criar e resolver conflitos. Mudar e ser mudada. Ser conservadora e fazer revoluções. Ser problema e parte da solução.

Conheço uma escola estadual numa região pobre da zona norte de Belo Horizonte que, segundo soube, acabou deixando de funcionar durante o turno noturno por conta da ação do tráfico de drogas na região e na própria escola. Que pena! Um espaço, numa comunidade que, por ser formada por trabalhadores jovens e adultos muito carentes, poderia se transformar numa tábua de salvação e caminho contra a exclusão acaba deixando de cumprir o seu papel por conta desta “desafinação” entre a instituição e a comunidade onde se encontra.

Os fatores que listei como importantes numa escola constituem, a meu ver, os motivos de sucesso de um administrador. Planejar e utilizar bem os recursos disponíveis, transformar a instituição de ensino em referência e exemplo na comunidade. Enfim, fazer com que essa comunidade perceba muito valor na sua instituição são os desafios do bom gestor. É evidente que nada disso será alcançado sem o envolvimento dos professores e funcionários. E o papel do diretor será o de mobilizador desses recursos. Fazer com que a escola seja percebida como um patrimônio da comunidade e que ela tenha orgulho de “TER” essa escola é que faz com que o educandário esteja “inserido”, isto é, faça parte dessa comunidade. Feliz a instituição de ensino a qual, alunos, pais, professores e funcionários sintam orgulho de chamar de sua. Esta escola pode ser chamada de referência e ter a certeza de que a sua comunidade se unirá para defendê-la, em qualquer circunstância.

(*) Texto retirado do livro: “Ensinando para aprender, aprendendo para viver”- Ed.Literato – Belo Horizonte – 2010

(**) O Prof. Luiz Fernando Gomes Guimarães, é educador, gestor de instituições de ensino e consultor na área da educação básica e superior.

 
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