Login

Sugestões

Faça o login e visualize as sugestões

Usuários on line

Nós temos 2735 webespectadores online

Revista

Gestão Universitária

Edições Anteriores 49 Educação de qualidade: um caminho a percorrer
Educação de qualidade: um caminho a percorrer PDF Imprimir E-mail
Avaliação do Usuário: / 2
PiorMelhor 
Escrito por Sérgio Adolfo da Silveira   
Qua, 23 de Março de 2005 21:00

A educação sempre foi alvo de profundas reflexões ao longo de toda história da humanidade. Por isso não podemos deixar de, mais uma vez, acreditar que somente através do debate e da discussão é que podemos nos encaminhar para uma mudança significativa no que diz respeito à cultura de uma sociedade.

A história do Brasil mostra que sempre tivemos uma educação que era cópia de outros países e que depois que não servia mais para os mesmos, nos era entregue como se fosse a solução para todos os nossos problemas. É claro que esta mesma educação sempre teve à serviço da classe dominante e que cada vez mais fazia questão de dominar pela cultura. Um povo, quanto mais analfabeto for, melhor será dominado. Nós sabemos bem disso, porque fomos dominados algumas décadas, por não ter acesso a uma educação de qualidade. O que estamos fazendo agora, é considerado um avanço muito grande, porque nos está sendo dado a oportunidade de discutir os caminhos da nossa própria vida, sem que ninguém nos diga o que fazer.

O que veremos aqui neste trabalho é apenas mais uma discussão sobre a qualidade da educação e suas influências na sociedade atual. Sabemos que talvez não tenhamos respostas para tudo que nos é apresentado, mas, acreditamos que estamos caminhando rumo à definições que poderão servir de suportes para o futuro da educação. Para realizar este trabalho, usaremos como metodologia a leitura bibliográfica.

Todos passamos pela educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, durante toda nossa vida vivemos com ela. Independente do que um indivíduo seja, o grau de cultura que possua, o grau de escolaridade e sua posição social, sócio-política, sócio-econômica que assuma dentro da sociedade que integra, ele, obrigatoriamente teve um contato com a Educação, seja em que escala for, seja no ambiente que for, onde viva, onde habite, onde quer que se movimente.

A Educação é formada antes de tudo, no que diz respeito à historicidade das civilizações, pelos povos e nações que se sobrepujaram às demais, pela sua angústia, pela sua ferocidade, pela sua força, pelo poderio bélico, numérico ou aquisitivo. Isso lhe foi dado possível pelo conhecimento anterior que uma Educação, seja ela de que teor tenha sido, lhe proporcionou. A Educação não é adquirida tão só e unicamente nos bancos escolares, mas, sim, ao longo das experiências favorecidas nos diversos campos a que se apresentem e ao qual o indivíduo interaja e integre. Portanto, os educadores que prezam por uma educação de qualidade devem aproveitar essa bagagem histórica e transformá-la numa ferramenta auxiliar da construção da aprendizagem significativa. Já dizia Libâneo:

Um caminho bastante estimulante para a compreensão do fenômeno educativo é torná-lo como ingrediente dos processos práticos - práxis - de relação ativa dos indivíduos com o meio natural e social, entendido esse meio como culturalmente organizado. Essa interação homem-meio está mediatizada pela atividade (trabalho), e essa atividade implica assimilação (aprendizagem) da experiência humana historicamente acumulada e culturalmente organizada. Ou seja, a relação ativa dos indivíduos com o meio natural e social implica a mediação da cultura, visando o desenvolvimento da personalidade, ou seja, aquisição das qualidades específicas do gênero humano. (Libâneo, 2000 p. 35)

Há, portanto uma integração e interação do ser humano com a Educação em todos os sentidos e em todos os segmentos e é por isso que sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, mas temos que ter uma atenção especial com a educação formal, pois, é sobre esta, principalmente que devemos argüir, na globalização dos seus integrantes na amplitude de seus setores, nas fórmulas e postulados, na metodologia que está sendo utilizada e na miscigenação de escolas construtoras que servem de base àquilo que repassam aos seus formados. É só interrogando, discutindo, analisando e refletindo sobre o que vem sendo realizado que poderemos evoluir, para chegarmos no futuro, a uma educação de qualidade, fato confirmado por ENRICONE (2001, p.41) "No desenvolvimento de inovações sobre o ensino é imperioso que exista uma reflexão crítica sobre o valor educativo de qualidade".

Também é importante ressaltar que as mudanças acontecem porque passou a sociedade, desde a industrialização, mas, principalmente, ao longo do século passado, demonstra aos educadores a premência de uma remodelagem e repensar na forma de atender aos educandos, no sentido de lhes oferecer saberes e conhecimentos inovadores, capazes de os tornarem aptos a integrarem e interagirem na sociedade à qual pertencem, com crítica e autocrítica próprias.

Hernandez et al. (2000, p.29) citam o conceito de Gonzales e Escudero: "Inovação é uma série de mecanismos e processos que são o reflexo mais ou menos deliberado e sistemático por meio do qual se pretende introduzir e promover certas mudanças nas práticas educativas vigentes".(in Enricone 2001).

A educação atual necessita de inovações, pois, a rapidez com que se processam dados, dentro do mundo globalizado não concebe, mais saberes que dependam de consultas cuja execução seja demorada. A informatização, aí tangível, é prova mais do que cabal, neste sentido. Os meios de comunicação legam aos seus usuários ampla gama de informes em tempo real que viabilizam tal efetividade. Faz-se por tudo isso necessário uma tomada de posição à altura desta situação, onde o professor e aluno tenham informações que os tornem, a um só tempo, aprendizes, usuários e protagonistas da história dos segmentos sociais e profissionais em que estejam inseridos.

Todas essas mudanças que se verificam no comportamento social, de maneira universal, nos traz reflexões na forma como conduzir, tanto o sistema de ensino, como o binômio ensino/aprendizagem, para dar ao aluno fórmulas que melhor se enquadrem na assimilação daquilo que a escola contemporânea tem como necessário para a formação do educando.

Educadores, pedagogos, psicopedagogos e supervisores, entre tantos outros profissionais que fazem parte do quadro educacional, paulatinamente, adotam uma posição transformadora, pois sabem dessa necessidade, ao lado de tantas outras que estão atreladas apenas no sentido profissional, ou seja, de legar à sociedade cidadãos cônscios de sua cidadania e profissionais capazes de realizarem, a contento suas atividades. Para Martins, citado por ENRICONE (2001, p.48):
O professor que assume a postura transformadora trata seus alunos como sujeitos críticos, questiona a forma de construção do conhecimento, utiliza o diálogo como prática de seu ensino e, nesse diálogo, não apenas investiga e reconhece, mas também respeita a subjetividade de cada um.
A escola - corpo docente, discente e gestores da educação - devem adequar-se a realidade vigente, à esta globalização que envolve a totalidade das nações, fazendo com que o aluno, hoje em formação, seja, amanhã, um cidadão do mundo. Para isso, no entanto, é obrigado a deter conhecimentos e saberes diversificados que o tornem passível de disputar, paralelamente e em pé de igualdade, lugares que sejam de seu interesse. Conforme diz Couto citado por MOREIRA (1997, p. 116):

A escola tem a função precípua de desenvolver o pensamento da criança, de discipliná-la. Tem responsabilidade de integrar o aluno no seu meio físico e social, de ajudá-lo a assimilar nossa herança cultural. E ela o faz, principalmente, através de um conteúdo de matéria. É assim que ela educa para a vida.
Os saberes diversificados aparecem bem dentro do paradigma da Interlocução dos Saberes, porque fala bem da Educação ativa e coletiva, onde os campos dos saberes têm que estar ligados intimamente com o meio social, ou seja, com a realidade do educando. Nesse paradigma, a escola tem uma atuação solidária, derivada de uma proposta política pedagógica organizada em conjunto com alunos, professores, funcionários, pais e comunidade em geral, onde está inserida a escola.

Mesmo sabendo que o Paradigma ideal para os dias de hoje, é o da Interlocução dos Saberes, não podemos deixar de lembrar aqueles Paradigmas que já foram seguidos cegamente, tidos como o ideal e que hoje estão obsoletos, ou pelo menos, deveriam estar. É claro que temos a consciência de que muitas escolas por aí, ainda seguem estes mesmos paradigmas, embora não reconheçam. Um dos paradigmas que muito se seguiu na Idade Antiga e Idade Média, foi o Paradigma das Essências, que apresentava uma sociedade estática, pronta, na qual o indivíduo deveria ser moldado à ela. Havia, nesse paradigma uma retenção de saberes, onde o educando deveria ser enquadrado num saber que já existia, sendo o sujeito adaptado ao modelo de educação vigente. Assim sendo, o sujeito era um ser passivo, um ser objeto, um assujeitado e sala de aula era um local de transmissão de verdades. Consequentemente a aprendizagem se dava apenas pela memorização. Podemos concluir que esse paradigma era um mecanismo da classe dominante, por apresentar uma educação totalmente tradicional.

Ressaltamos nesse momento um dos paradigmas que está sendo seguido nas escolas de hoje, que é o Paradigma da Razão Subjetiva. Nele, a sociedade se apresenta em transformação, o sujeito é o centro de tudo e a realidade pode ser transformada. Surgem os conteúdos científicos, que devem ser aprendidos pelos educandos. O conhecimento precisa ser construído. A inteligência precisa ser construída. Os conhecimentos são alcançáveis pela experiência. Só é verdade aquilo que é passível de verificação. A escola é uma escola nova, ativa, à serviço do tecnicismo. Há uma relação mais horizontal entre aluno e professor. Embora seja um paradigma que remonta a Idade Moderna, ainda hoje persiste entranhado nas práticas pedagógicas de muitas escolas.

O sistema de ensino deve primeiramente, analisar, compreender e deduzir qual código ou princípio de postura adotar, tendo em vista no entanto, que a interdisciplinaridade, a integração e interação de assuntos que façam parte de conhecimentos gerais "necessários, de fato" ao viver cotidiano, não devem ser deixados de lado, sob pena da formação do aluno sofrer, a posteriori com uma falta que bem poderia ter sido sanada em tempo hábil.

A construção intelectual, pela escola, deve atender àquilo que pesquisas mais recentes deixaram a mostra, no sentido de favorecer práticas a serem adotadas dentro do ambiente escolar (pelos professores, através de currículos bem estruturados), no seio familiar (pelos pais e parentes), assim como, pelos meios de comunicação, atualmente, prenhes de uma penetrabilidade indiscutível e passada em tempo real.

Segundo Enricone (2001), a escola deveria modificar o conhecimento cotidiano, no sentido de torná-lo mais complexo, buscando as articulações e as interdependências entre os conhecimentos, propondo uma visão mais crítica de mundo.

Como vimos, apenas o material disciplinar, inerente à disciplina específica, oferecida pela escola, não satisfaz a precisão da sociedade global, altamente excludente pois este material disciplinar não é suficiente, ele é apenas para integrantes de saberes e conhecimentos a serem detidos pelos educandos. A história, por exemplo, deve estar presente em toda sua extensão, pois é sabido que o passado é o grande formador da historicidade humana, portanto, contendo o embasamento necessário á compreensão daquilo que hoje rege a sociedade, entende-se o mercado de trabalho, as conquistas científicas e a alta tecnologia que aí está.

A realidade vista por este prisma, deve estar sempre à vista, jamais deve ser deixada de lado pela escola que é ainda, a grande educadora formal; formal porque a assimilação de saberes e conhecimentos contemporaneamente dá-se não apenas pelo formalismo escolar, mas, grandemente pela informalidade, através de vídeos, do cinema, da televisão, da mídia e multimídia, do meio ambiente, da comunidade, de museus, de bibliotecas etc., uma gama ampla que não deve ser desconsiderada tanto por educadores quanto pelos gestores educacionais.

É nesse contexto que devem estar inseridos os professores, os pedagogos, os supervisores e todos os profissionais que visam uma educação transformadora. Falar em educação requer um esmero muito grande e tudo o que abordamos, até então, deveria estar enraizado na práxis dos profissionais que visam uma educação de qualidade, pois acreditamos que é somente dessa forma que a educação cumprirá o seu princípio básico de ser a mediadora da formação e transformação do indivíduo em cidadão.

Na sociedade atual em que vivemos temos inúmeros bons e maus exemplos de educadores e instituições. Felizmente podemos observar que o modelo de educação seguida pela direção, coordenação, supervisão e profissionais da Escola Marista Santa Marta é um exemplo a ser seguido.

Em relação à supervisão escolar podemos observar que a mesma desenvolve um trabalho totalmente integrado com professores, funcionários, pais e comunidade em geral. Em nenhum momento foi verificado algum tipo de relação vertical entre supervisão e demais integrantes da comunidade escolar, o que por si só já chama muito a atenção. Outro aspecto a ser salientado é a liberdade com que os alunos, professores e pais, têm de se comunicar com a equipe de coordenação da escola.

A Escola adota como metodologia a pedagogia de Projetos, seguindo temas levantados pelos próprios alunos, pais e comunidade. Esses temas, sempre têm a ver com a realidade em que o aluno está inserido e geralmente parte de um problema da comunidade educativa como um todo. Considero aqui, como comunidade educativa todos os alunos, professores, pais, funcionários, coordenação e comunidade em geral.

Os projetos são desenvolvidos através de teias, que vão sendo trabalhados durante um período pré-estabelecido pela comunidade educativa. A teia é uma das melhores formas de se trabalhar, porque os assuntos não são desenvolvidos a parte, sozinhos, mas sim, interligados, como aliás, se dá a nossa aprendizagem ao longo da vida.

O interessante no trabalho com projetos é que as disciplinas ficam em segundo plano, à serviço dos temas centrais. Nenhuma disciplina recebe maior atenção do que outra. Todas são iguais e merecem o mesmo tempo durante a semana. Além disso, trabalha-se na escola a Educação para o Pensar, que ajuda muito os alunos no desenvolvimento do pensamento e nas inter-relações. Por ser uma Escola Marista, fundada por São Marcelino Champagnat, é desenvolvido muito a questão da evangelização entre todos. Para isso, existe uma equipe que coordena todo esse trabalho, promovendo projetos que tornem a comunidade educativa evangelicamente fecunda, segundo os preceitos cristãos e aquilo que o próprio Champagnat queria, que era tornar Jesus Cristo conhecido e amado por todos.

Como conseqüência desse modelo de trabalho, encontramos alunos dispostos e interessados nos temas trabalhados em sala de aula, já que, os projetos retratam aquilo que é de interesse de todos. Nesse sentido a aprendizagem se dá de uma maneira mais eficaz, porque aquilo que foi desenvolvido em sala de aula responde às expectativas dos alunos.

CONCLUSÃO
Sempre que falamos em conclusão, nos vem a idéia de que vamos chegar a uma resposta para o que está sendo discutido. Como dissemos no início do nosso trabalho, não queremos falar tudo sobre educação, até porque é um assunto muito complexo e profundo para se esgotar apenas em um trabalho.

O que quero deixar aqui é a impressão de um professor da 4ª série do ensino fundamental, no que diz respeito à educação de qualidade. Muitos textos foram lidos sobre educação, muitos autores foram abordados e muitas teorias nos foram apresentadas. Disso tudo que foi estudado, o que ficou, foi o fato de que a educação está se encaminhando para um futuro melhor, graças às diversas discussões, tanto acadêmicas, como nas instituições básicas de ensino, onde a realidade é mais prática do que teórica.

Entendo que para obter uma educação de qualidade, temos que debater muito, discutir, trazer os problemas à tona, estudar muito, se aperfeiçoar, dar ênfase na formação continuada etc. Só assim, poderemos vislumbrar um amanhã melhor, sem analfabetos da escrita e do mundo. Com isso, tenho a humilde pretensão que este artigo possa estar contribuindo para mais um passo, rumo à educação de qualidade que tanto queremos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS
ENRICONE, Délcia. Ser professor. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 3ed. São Paulo: Cortez, 2000.
MOREIRA, Antonio Flávio B. Currículos e programas no Brasil. Campinas: Papirus, 1997.
MARQUES, Mário Osório. Pedagogia: A ciência do educador. Ijuí: Editora Unijuí, 1990.
_ . Educação, saberes distintos, entendimento compartilhado. Ijuí: Editora Unijuí. Coleção trabalhos acadêmicos - científicos - série Educação nas Ciências.


 

Autor deste artigo: Sérgio Adolfo da Silveira - participante desde Qui, 03 de Março de 2005.

Please register or login to add your comments to this article.

Copyright © 2013 REDEMEBOX - Todos os direitos reservados

eXTReMe Tracker