Login

Sugestões

Faça o login e visualize as sugestões

Usuários on line

Nós temos 2305 webespectadores online

Revista

Gestão Universitária

Edições Anteriores 211 O "Probrema" é de todos nós
O "Probrema" é de todos nós PDF Imprimir E-mail
Avaliação do Usuário: / 4
PiorMelhor 
Escrito por Julianne dos Santos Silva   
Qua, 02 de Dezembro de 2009 00:00

A língua portuguesa é para os brasileiros mais uma de suas riquezas de inestimável valor, pois, caracteriza o seu país, por ser uma ferramenta fundamental para estabelecer à escrita e a fala, sem contar que o bom uso influi numa ascensão social através do vocabulário. As regras da gramática normativo-prescritiva expressam uma obrigação e uma avaliação de certo e errado. É por isso que, nesta gramática, a concepção que se tem da língua é aquela que valoriza a forma de falar e escrever da "norma culta" ou "variedade padrão", sendo o seu aprendizado reduzido ao aprendizado da normatização da gramática. Nessa forma de ver a linguagem, enfatiza-se o certo e o errado como fator absoluto. É certo tudo que, predominantemente, reflete uma única variedade lingüística: a língua padrão culta ligada à escrita. Todas as outras variedades são consideradas erradas, "desvios", não pertencentes à língua. (POSSENTI, 2001).

Temos outros exemplos no Brasil da língua em processo de mudança, a internet traz grande influência lingüística ao nosso novo português, é integrado à língua inglesa, devido à grande maioria dos sites serem escritos em inglês. “Isso nos força de certa forma a aprender o inglês, caso contrário ficaremos excluídos de certa forma do mundo da internet.” È possível observar que as línguas quando sofrem mudanças através do tempo “não se tornam imperfeitas, estragadas, mas adquirem novos valores sociolingüísticos, ligados às novas perspectivas da sociedade que também muda.” (CAGLIARI, 1997:81). E, que na realidade não existe certo e errado, mas sim a maneira diferente de se falar, por que quando se define certo e errado, é explicitado em tal situação os preconceitos lingüísticos aos falantes das variedades do português padrão. Para exemplificar, tal situação aconteceu no “Big Brother Brasil 4 apresentado pela rede Globo onde os preconceitos lingüísticos podiam ser nitidamente verificados a cada “correção” feita por Juliana à participante Solange, quando esta pronunciava “probrema” no lugar de problema. A cada tentativa de acerto por parte de Solange, não raro, Juliana disparava mais uma correção e, dessa forma, julgava estar ajudando a frentista a falar “corretamente,” assim como ela julgava estar falando “corretamente”. Esse exemplo faz com que olhemos para nós mesmos, nossas atitudes a respeito de tal situação se inicia desde casa, passando para a escola e vai se tornando significativo de modo muitas vezes inconscientemente o preconceito lingüístico, e outros preconceitos que a própria sociedade incorpora, vai se arraigando dentro de cada um de nós, confirmando-se nas rotulações feitas aos alunos pelo modo diferente de falar, vestir ou portar-se, sendo possível enxergá-los apenas com um momento de tomada de consciência. A escola deveria não apenas reproduzir o conhecimento, mas, também, aprender a livrar as crianças de preconceitos adquiridos na escola. O intuito não é que o professor não ensine a norma padrão, muito pelo contrário, ela deve sim, ser ensinada, mas não como a única que é correta. È claro que o posicionamento do professor implica e muito na aprendizagem do aluno, para tanto, o professor terá que se dedicar o dobro para acrescentar o seu conhecimento e estar disposto a enfrentar maiores responsabilidades em seu cotidiano e prática política social. “... todo professor é professor de língua, já que ele serve da língua como meio de transmissão dos conteúdos que lhe cabe ensinar. Por isso, a transformação do modo de encarar as variedades não-padrão tem de ser feita em todos os campos da educação sendo uma tarefa de todos e não apenas dos professores de língua portuguesa.” (BAGNO, 2004:29). Sugiro, então que a escola traga aos alunos, a idéia que “a língua é uma forma de afirmar a identidade de um povo.” Sendo possível trabalhar a variedade lingüística regional, no nosso caso, em Cuiabá-MT- o cuiabanês, para que os alunos façam um resgate histórico cultural, e possam trazer para sala de aula o que é produzido no cotidiano. No cd “Sentimento Cuiabano” de Pescuma e Moisés Martins Vol.II, traz as músicas típicas cuiabanas e dentre essas escolhemos uma proveitosa sugestão de trabalho com a variedade lingüística regional. Qué sabe D’outra ( Tchapa I Cruz) (Autoria: Moisés Martins e Pescuma) Tomo banho de “ Corgo” Como petchê co maxixe Bolo de arroz, arroz cô pequi Sô larido por lambari Pescado lá na Prainha Gosto de festa, de procissão E bebê água na biquinha. (bis) Rebuço no rasqueado Tomo pinga co raiz Não perco uma pescaria Meu negócio é alegria Quero mesmo é ser feliz Qué sabe d’otra Chupo pitomba no morro da luz Sou devoto de São Benedito Sou cuiabano de tchapa i cruz Glossário: “corgo” pequeno riacho “petchê co maxixe”- culinária cuiabana ( peixe com maxixe) Bolo de arroz; arroz cô pequi - culinária cuiabana “Larido”-esfomeado “lambari”-peixinho “Prainha”-antigo córrego que cortava a cidade. “Biquinha”-antiga fonte de água que descia do morro da luz. “Qué sabe d’outra”- expressão cuiabana popular “pitomba”- fruta em extinção nos quintais cuiabanos “tchapa i cruz”-legítimo cuiabano.

 

Autor deste artigo: Julianne dos Santos Silva - participante desde Sáb, 21 de Novembro de 2009.

Please register or login to add your comments to this article.

Copyright © 2013 REDEMEBOX - Todos os direitos reservados

eXTReMe Tracker