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Edições Anteriores 211 PERFIL DA MULHER NEGRA NORTE-AMERICANA EM BELOVED
PERFIL DA MULHER NEGRA NORTE-AMERICANA EM BELOVED PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Wellington Neves Vieira   
Qua, 02 de Dezembro de 2009 00:00

RESUMO:

Este artigo mostra uma visão acerca da condição social da mulher negra na obra Beloved de Toni Morrison, traça as heranças culturais da raça negra, o desconforto da prisão expressiva e bloqueio do convivo social nos Estados Unidos. Ajuda também a entender o surgimento de uma nova perspectiva ideológica no solo norte-americano, através da literatura de autoria feminina negra.

 

 

Palavras – chave: Condição social da mulher negra, ideologia, opressão social.

 
ABSTRACT:
This article show an vision about the social condition of black women of Toni Morrison`s Beloved. Clothes moth the cultural heritage of the black race, the discomfort of  prison expressive and blockade of contact social in the United States. It It also helps to understand the emergence of a new ideological perspective on American soil, through the literature written by black women.


Key - words: social condition of black women, ideology, social oppression.
 
PRIMEIRAS COLOCAÇÕES,

 

 

A presente pesquisa é direcionada a estudiosos da literatura norte - americana e em especial para aqueles que se interessam pela literatura feita por mulheres negras, que marcam uma nova geração ideológica. O corpus de análise é a obra Beloved publicada em 1987 da escritora negra norte – americana Toni Morrison, o romance em questão é composto por três longas narrativas em vinte e oito capítulos, traz costumes religiosos e culturais, dos refúgios das mulheres negras pela liberdade, da esfera racial e machista, pois traça fielmente a cruel condição da mulher negra logo após a Guerra Civil norte – americana (1861 -1865).

 

Serão enfatizadas circunstâncias de opressões, violências sexuais e interceptações no espaço social, divididos em três tópicos, apresentando primeiramente o surgimento da visão ideológica, o segundo tópico mostra o perfil estético da autora e o terceiro expressa a precária realidade da mulher negra, cada item demonstrado será o suporte para verificar a bruta realidade da condição social da mulher negra nos Estados Unidos sob a ótica de Toni Morrison.

1.    VISÃO IDEOLOGICA: SER NEGRO NOS ESTADOS UNIDOS.

 

 

 

 Para entender a construção de uma nova visão feita por indivíduos aos quais seus antecessores sofreram na pele inúmeros açoitamentos, estupros, fome, frio e vários outros tipos de opressões produzidos pelo sistema escravocrata, se faz necessário resgatar os momentos históricos, para assim, compreender a liberdade expressiva de sentimentos amargos, da prostração da sua raça que foi interditada em seu espaço social e pressas somente nas suas comunidades. Segundo  Mintz & Richard (1992, p, 133.) diz que:

 

Os sistemas legais, os sistema econômicos, os sistemas de ensino, as instituições religiosas e muitas outras coisas puderam ser estabelecidas e desenvolvidas pelos europeus através de meios que não estavam ao alcance dos escravos.

 

Dessa forma os negros sentiram-se na obrigação de lutar contra os sistemas escravocratas, a fim de conquistar os seus direitos com dignidade, pois eram mantidos fora do alcance de muitas instituições, entre elas; as escolares e religiosas, ou seja, eram bloqueados do convívio social.

 

É nesta acepção de abatimentos de forças que ocasionam nas narrativas das mulheres negras, fortes repercussões, até mesmo, porque suas produções são vinculadas ao passado histórico, dos princípios que tiranizavam.

Mintz  & Richard, (1992, p. 133) chama atenção referente ao passado

 

O passado deve ser visto como a circunstância condicionadora do presente. Não cremos que o presente possa ser “compreendido” – no sentido de se explicarem as relações entre diferentes formas institucionais contemporâneas – sem referência ao passado.

 

.O passado é a base para entender o presente, a visão ideológica da literatura feita por escritoras negras expressa essas circunstâncias, lança no público alvo reflexões sobre o que elas eram, o que são hoje e o que pode ser amanhã. Isso funciona como uma tática para travar na arena o combate contra os sistemas de regras raciais. Mesmo depois da  abolição da escravatura, os negros nos Estados Unidos eram obrigados a obedecer a diversas leis, eram proibidos de entrarem em algumas lojas, restaurantes e bairros. Inúmeras eram as formas de discriminações.

 

As idéias feministas ganham espaço nos Estados Unidos a partir dos anos 60 com os movimentos em prol dos direitos civis, tais mobilizações deram suporte para desenvolver nas escritoras negras a consciência crítica em demonstrar as suas visões políticas - culturais entre o meio militante e os centros acadêmicos, com o intuito de serem auto-reconhecidas, colocaram-se como sujeitos militantes, disputando o poder de construção de imagens e narrativas auto-representativas, problematizando papéis que exerceram na vida social, para assim constituir o perfil de suas próprias feições sociais e culturais, que foram demonstradas no universo literário.

 

Warhol & Price, (1991, p.249) argumentam o modelo destas representatividades:

 

For what black women as writers have consistently provide for themselves and others has been a rendering of the black woman`s place in the world in which she lives, as she shapes and defines that from her own impulses and action. (1991, p.249).

 

 

Este modelo de escrita das negras de auto se retratarem é uma arma para atacar as classes superiores, o governo e principalmente abolir a política racista, cujos paradigmas literários são a representatividade de um único caminho eficiente para assegurar o desenvolvimento de uma cultura que foi aterrorizada e escravizada por séculos. 

 

A principal precursora a desenvolver a crítica feminista - negra na década de 1970 nos Estados Unidos foi a escritora negra, Alice Walker, com a publicação do romance The Color Purple, pois, com esta obra deu margem para uma nova dimensão de olhar crítico na literatura afro- americana, buscou desenvolver a consciência das mulheres negras, lançando cogitações sobre todos os tipos de opressões, posto que suas manifestações intelectuais revelam uma ruidosa problemática acerca da condição sobre liberdade, responsabilidade, e o lugar da mulher no âmbito de sua posição diante da sociedade,  como afirma Warhol & Price,

 

 

[...] That The Color Purple has sparked inside and outside of the black community,many will discover something new about the experiences of Black women in America. (1991, p.249).

 

 

 Como já foi frisada anteriormente, Alice Walker traz calorosos debates com o The Color Purple, portanto, identifica dentro e fora das comunidades negras a realidade da condição feminina; do isolamento das suas vidas e dos surpreendentes fatos  que ocorriam. Por conseqüência, faz surgir diversas correntes de pensamentos que tem em comum o intuito de melhorar a relação brancos / negros e até mesmo fazer com que entendam a busca de melhores condições de vida por terem tido um passado doloroso.

                                          

O que os teóricos do assunto assinalam com freqüência refere-se à assiduidade com que as mulheres teriam se dedicado ao gênero memorialístico. Como explicação para esse fato, as teorias de base histórico – sociológica são eficazes: as mulheres costumam preferir as escritas autobiográficas por ficarem confinadas ao lar, ao interior da casa, elas teriam encontrado nesse tipo de escrita o vinculo ideal para expressão de sua vida intima desejos e fantasias. (BRANCO, 1991, p, 30)

 

 

 No caso das mulheres negras, por serem inseridas em uma sociedade racista, machista e socialmente hierarquizada, não havia outros espaços, a não ser, viver escanteada em seus lares, por sua vez, esta sufocação vai contribuir para a produção de escritas autobiográficas, libertando-as desse abafamento e desabafando o seu imaginário. Essa especificidade peculiar da arte feminina traz à tona a sua visão de mundo partindo do universo interior, descobrindo o que havia por traz dessa condição feminina, no intuito de dar luz libertadora a cruel opressão vivenciada por estas mulheres.

 

 

2.    PERFIL ESTÉTICO DE TONI MORRISON.

 

 Agraciada com o prêmio Nobel, em 1993, iniciou suas atividades como professora no Texas Southern University e na Howard University. Posteriormente exerceu a mesma função na New York of University. Nesta época começou sua carreira de escritora. Em 1965, tornou-se editora da Random House onde demonstrou seu interesse pela história e pela cultura negras, através da quantidade de publicações surgidas sobre o assunto durante os vinte anos em que permaneceu na Random. Um dos diversos trabalhos produzidos foi o The Black Book pesquisa que reconstituiu cerca de trezentos anos da vida dos negros, desde o século XVII período em que chegaram aos Estados Unidos até o século XX.

 

 Esta obra registra as condições em que viviam e trabalhavam os africanos, desde o período da escravidão até depois da Guerra Civil, quando foram ”oficialmente” libertados. É enriquecido com importantes documentos, fotos de linchamentos, trechos de depoimentos de escravos, expressos folclóricas e notícias de Jornais, o The Black Book relata massacres, revoltas e força pela vida.

 

Em busca de material para produzir o The Black Book, Toni Morrison achou um artigo de jornal com o titulo “A visit to the Slave Mother Who Killed her Child”.  É a tragédia de Margareth Garner, escrava fugida que, estando prestes a ser recapturada, mata uns dos filhos, pretendendo também matar os outros três para não os ver terem uma vida de sofrimento e humilhação, prefere matar do que vê serem escravos. Ocorreu em 1855. Este artigo tornou-se a fonte para o seu quinto romance, Beloved, Porém, em obras anteriores, elementos históricos houvessem se integrado ao contexto ficcional, foi aqui que eles se manifestaram mais intensamente.

 

A construção da narrativa das vidas dos personagens em Beloved acontece de forma não linear, não tem pontos firmes de espaço e tempo, há a presença de diferentes vozes que compõe fragmentos de memória, histórias vivenciadas e recontadas algum tempo depois. Constroem e reconstroem acontecimentos do passado com pontos obscuros e incompreensíveis nos fatos das trajetórias das pessoas.

2.1 BELOVED

 

O enredo em Beloved inicia-se ano de 1873 em Cincinnati, Ohio, onde a mãe, Sethe, uma das protagonistas do romance foi escrava e no tempo presente da história, vive com a sua filha caçula de 18 anos, Denver, em uma casa completamente assustadora e perturbada, a 124 Bluestone Road.  Os outros dois filhos de Sethe, que se chamam Howard e Buglar, fugiram com medo do fantasma que assombra a casa. A filha mais nova, Denver, adora o fantasma, pois como a maioria das pessoas, acredita que é o espírito da sua irmã mais velha. A mãe, Sethe era escravizada na Sweet Plantation, local onde se via todo tipo de maltrato, massacre, estupro castigos onde os escravos viviam em condições sub-humanas. Sethe grávida de Denver fugiu deste inferno, já cansada com os pés maltratados todos feridos não agüentava mais andar, por sorte uma menina ruiva, Amy, encontra Sethe na floresta tentando atravessar o rio para chegar à casa de Baby Suggs, sua sogra, Amy  a garota branca ao ver a situação dos pés inchados de Sethe causada pela fuga compara com os pés de um cadáver afogado em um rio, e diz: “Olhe só. Uma preta cada uma que agente vê”. E encontra nas costas de Sethe as  profundas cicatrizes no formato de uma laranjeira, Dizendo:”Você é a coisa mais horrorosa que já vi”.  Por conseguinte, Sethe sente dores fortíssima na barriga chegou o momento de dá a luz a filha que estar por vim. A garota vendo todo o sofrimento daquela escrava ajuda no parto de Denver. Com o sucesso do parto e da dificultosa fuga, chegou Stamp Paid, dono do barco que ajuda Sethe chegar até a casa da sogra Baby Suggs. A fuga e o nascimento de Denver são descrito muitas vezes sendo apresentado de formas distintas, mas reformulam um mesmo fato. Primeira versão é uma lembrança de Denver, pois esta é a história que ela mais gostava do passado da mãe. Depois Sethe conta para Paul D,fornecendo novas informações e opiniões pessoais.Denver mais tarde narra o acontecimento para Beloved de forma mais detalhada. Após a fuga e o nascimento de Denver Sethe passa 28 dias de contente tranqüilidade encontrando os três filhos e se recuperando da fuga e do nascimento de Denver. No entanto, o atual senhor da Sweet Plantation, schoolteacher, a encontra e quer levá-la de volta. Para evitar a escravidão de seus filhos, Sethe resolve matá-los, porém, somente a filha mais velha é assassinada. Prefere vê os filhos mortos do que vê –los sendo escravos.  Essas histórias eram contadas na narrativa de maneiras desconexa, o enredo não é composto por eventos que acontecem enquanto são narrados; ele é realizado por imagens da memória de diferentes personagens, que se juntam para retratar um passado que eles não desejam guardar,mas que não conseguem apagar. Dezoito anos, se passaram e uma misteriosa mulher aparece na 124 Bluestone Road, chamada Beloved – nome escrito no túmulo da filha -, e passa a viver com Seth, Denver e Paul D. A personagem transforma a vida  da família ao desenvolver uma admiração obsessiva por Sethe, que se sente culpada pelo infanticídio cometido anos antes e as lembranças de um passado que sempre tentou esquecer. A narrativa de Beloved é contada no presente por um narrador em terceira pessoa. Quando o narrador intercala os flashbacks contados pelos personagens, a narrativa passa a ser em primeira pessoa. Os relatos e lembranças do passado na fazenda Sweet Plantation e a violência da escravidão são revelados aos poucos e de forma dolorosa pelos personagens.

 
[...] lá estava a Sweet Home rolando, rolando diante de seus olhos, e, embora não houvesse uma única folha naquela fazenda que não lhe desse ganas de gritar, Sweet Home desenrolava-se diante dela numa beleza desavergonhada. Nunca parecia tão terrível como de fato era, o que fazia Sethe se perguntar se o inferno não seria um lugar bonito também. (Morrison, 1987, p. 14 /15)
 
 As lembranças, aos poucos eram revividas, de forma completamente árdua, relembrar fatos passados é viver para esse cenário, que dificilmente será apagado de suas mentes, Portanto, a Sweet Home era vista por todos que passavam por lá como um local massacrante.

3.    CONDIÇÃO DA MULHER NEGRA EM BELOVED.

 

As principais características dos ideais feministas é a forma como as escritoras negras envolveram-se no seu peculiar papel de auto-representação, com intuito de causar reflexão no público e fazer com que entendam a sua posição ideológica. Em Beloved, Toni Morrison usa a literatura para expressar a consciência da sua raça na cultura americana e levar o leitor a examinar minuciosamente assiduidade do apreço opressivo incorporada na condição da mulher negra.

A opressão sofrida pelas negras revela uma visão de crueldade e desrespeito pelo o ser humano.

                               

Me seguraram no chão e tiraram meu leite contei tudo para a senhora Garner. Aquele caroço não a deixava falar, mas as lágrimas escorreram por seu rosto. O s garotos descobriram que eu os denunciei. O professor fez um deles abrir minhas costas e, quando a pele cicatrizou, tomou a forma de uma árvore. Ela continua aqui. – usaram o açoite em você? – E tiraram meu leite. – Surraram você grávida? – E tiraram meu leite! (Morrison, 1987, p. 27).

 

Estes tipos de violações eram constantes no corpo das negras, eram tratadas como se fossem objetos sem valores, os opressores não mediam as circunstâncias açoitavam mulheres grávidas, novas e velhas.  O tipo de abusos mais comum era os estupros, feito por seus capatazes. A violação sexual sempre foi um pesadelo para essas escravas que geraram filhos sem amor, “os filhos de Baby eram de seis pais diferentes”. (Morrison, 1987, p.35). Essas gerações de filhos indesejados aconteciam com esses paradigmas:

 
[...] o fato de ter dormido com um capataz por quatro meses em troca da permissão para ficar com o terceiro filho – só para vê-lo trocado por madeira na primavera do ano seguinte e se descobrir grávida do homem que lhe fizera promessa não cumprida. Ela não podia amar aquela criança, e o resto ela não podia amar. (Morrison, 1987, p. 35).

 

As mulheres negras sem querer doavam seus corpos ao sexo não desejado, faziam isso em troca da proteção de seus filhos que eram feitos por seus legítimos maridos, mas os filhos que eram gerados pelos capatazes, esses não eram amados da mesma forma que os outros. Essas iniqüidades aconteciam com tanta assiduidade que causavam revoltas e ódio, isso demorou anos para ser excluído da vida delas. Sem falar que o preconceito pela cor era enorme “Uma mocinha suja e esfarrapada, dizendo: Olhe só. Uma preta cada uma que agente vê” (Morrison, 1987, p. 45). E discriminava cada vez mais, acrescentando: ”Você é a coisa mais horrorosa que já vi”. (Morrison, 1987, p. 45). Mesmo com a abolição da escravatura aconteciam muitas perversidades nas comunidades negras, mas as mulheres negras  não se cansaram de lutar pelos seus ideais, cujas discussões eram sobre:

 
 [...] “A taxa de assentamento, os desejos de Deus e os bancos de igreja só para negros; sobre movimentos antiescravagistas, alforria, eleições, republicanos, alfabetização, a Associação de senhoras Negras de Delaware, no Estado de Ohio, e outros assuntos importantes que os mantinham presos em cadeiras” [...] (Morrison, 1987, p. 202).
 

 

Esses objetivos não foram conquistados de forma imediata foi necessário muitas lutas contra o Estado as associações das Senhoras negras prezava pela abolição de muitas iniqüidades que ainda permaneciam em seus lares.

 

Cidades inteiras varridas de negros; oitenta e sete linchamentos em um ano, só em Kentucky; quatro escolas de negros totalmente queimadas, adultos açoitados como crianças; crianças açoitadas como adultos; mulheres negras estupradas pela turba; propriedades tomadas, pescoços quebrados. (Morrison, 1987, p. 210).

 

 

 Tornou-se de costume esses tipos de vandalismo nas comunidades negras. Cuja perversidade tinha o intuito de manter os negros em condições de inferioridade e não conceder que a supremacia branca fosse abalada.  Para legitimar o poder dos brancos sobre os negros, foram construídas associações ocultas entre Elas a que mais se destacou foi a Ku - Klux- Klan, essa é a decodificação feita de uma das várias organizações racistas que era a favor da supremacia branca, esses grupos se reuniam à fim de planejar novos massacres e ataque aos negros e, portanto, foi localizada intensamente na região dos Estados Unidos. Seus integrantes saíam encapuzados nas ruas a procura de negros para mutilar e estuprar Eles não escolhiam as vítimas, pegavam a primeira que cruzasse seu caminho. Dessa forma deixavam esses indivíduos impossibilitados de viver uma vida em comunidade e de desenvolver relacionamentos sociais.

 

Entre tantas lutas que foram acirradas, ainda eram necessárias manifestações de protestos, sob várias formas; violência sexual contra a mulher, locais que não permitiam a entrada de negros, a conquista de empregos e de melhores locais para se viver e trabalhar. Pois os locais onde residiam e os serviços das mulheres negras eram tal qual como:

 

Um fedor que vinha do canal, das carnes penduradas, das entranhas apodrecendo em tinas; de pequenos animais mortos no mato, esgotos e fábricas. O fedor, o calor, a umidade – um ambiente perfeito para o diabo. Fora isso, parecia um dia comum. As mulheres poderiam estar se dirigindo para qualquer tipo de trabalho: lavar roupa, debulhar milho no moinho, limpar peixe, raspar couro de porco, embalar lingüiças ou se esconder em conzinhas de tavernas e restaurantes para que os brancos não precisassem vê-las preparando sua comida. (Morrison, 1987, p. 301).

 

 

Os ambientes onde moravam eram totalmente desestruturados, não tinham saneamentos básicos, a podridão circulava aos seus redores, portanto a escritora compara o local como o inferno. Os trabalhos das negras eram os piores que existiam, infelizmente as condições de empregos eram rudimentares, nos restaurantes tinha que se esconder dentro das conzinhas para que os clientes brancos não o vissem preparando a comida. Esse e tantos outros empecilhos foram superados por essas guerreiras que também constituíram associações lutando em prol dos seus direitos civis, sonhando com os desejos de ter bancos na igreja só para negros, alfabetização o direito de participar das eleições, serem republicanos e conquistar com dignidade a sua participação na sociedade.

 

4.    CONSIDERAÇÕES FINAIS.

 

 

Pesquisar sobre a condição social da mulher negra na literatura dos Estados Unidos é adentrar sua percepção na visão ideológica e transgressiva dos trabalhos das escritoras negras norte-americanas, é entender que com seus discursos revelam um ataque à sociedade estadunidense, estabelecendo fundamentos de mudanças, Por conseguinte, a literatura afro-americana é produzida com marcas identidarias e culturais que transbordam expressões de insatisfações, portanto, em Beloved, de Toni Morrison faz uma exuberante retrospectiva do período da escravidão anunciando seu descontentamento sob a ótica contemporânea.

 

 REFERÊNCIAS

 

BRANCO. Lúcia Castello. O que é escrita feminina. Coleção primeiros passos. São Paulo, SP. Brasilense. 1991.

 
WARHOL Robyn r. & PRICE Diane herndl. Feminisms: an anthology of literary theory and criticism. United States of America: British, 1991.
 

MINTZ Sidney & PRICE Richard, O nascimento da cultura Afro – Americana. Uma perspectiva antropológica. Edição revista de 1992, trad, Vera Ribeiro, Rio de Janeiro, Pallas – Universidade Cândido Mendes, 2003.

 

MORRISON, Toni. Beloved. New York: Knopf, 1987.

 
MORISSON, Toni. Amada. São Paulo, SP: Nova Cultura LTDA. Tra, Evelyn Kay Massaro,1987.


[1] Trabalho de iniciação Cientifica orientado pelo professor (Doutorando em Literatura e Cultura) Sávio Roberto da Faculdade Sete de Setembro- FASETE – Paulo Afonso - BA

 

[2] Aluno do V período do curso de Letras da Faculdade Sete de Setembro- FASETE – Paulo Afonso - BA

 

Autor deste artigo: Wellington Neves Vieira - participante desde Seg, 16 de Novembro de 2009.

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