Login

Sugestões

Faça o login e visualize as sugestões

Usuários on line

Nós temos 2822 webespectadores online

Revista

Gestão Universitária

Edições Anteriores 210 GENI
GENI PDF Imprimir E-mail
Avaliação do Usuário: / 4
PiorMelhor 
Escrito por Samuel José Casarin   
Ter, 17 de Novembro de 2009 10:07

GENI

Samuel José Casarin[1]

 

Geyse Arruda, a aluna da minissaia cor de rosa da Uniban, foi nos momentos críticos na sua faculdade a Geni do ensino superior particular brasileiro. Lembram da Ópera do Malandro, de Chico Buarque? Geni e o Zepelim? “Joga pedra na Geni. Joga bosta na Geni. Ela é feita pra apanhar. Ela é boa de cuspir. Ela dá pra qualquer um. Maldita Geni!”

Geyse sofreu tanto quanto a Geni da Ópera E há de se perguntar: porquê? Embora agora ela esteja passando pela fase da celebridade momentânea (e descartável), o ocorrido com ela será uma mancha difícil de apagar na imagem da Uniban e de seus alunos.

 

Não vou discutir aqui a atitude da direção da Uniban que, em um primeiro momento expulsou a aluna divulgando amplamente nos jornais para o Brasil inteiro dando uma suposta lição de moral e bons costumes e, depois, revogou a expulsão. Mas isso dá um artigo à parte. Fica para outra.

O que quero discutir aqui refere-se a atitude dos alunos, colegas (?) ou não da Geni, digo da Geyse.

Vivemos num país latino americano, onde o machismo ainda impera em pleno século XXI. Se, por um lado, isso é um fato indiscutível, por outro, infelizmente, ainda vai levar anos e gerações para mudar (se mudar). Trata-se de uma questão cultural. O que intriga é o comportamento “neandertal” dos alunos (e alunas) que nos remeteu ao comportamento dos homens das cavernas que arrastavam as fêmeas pelos cabelos. Como explicar tal comportamento desses alunos numa época em que tanto se fala na sociedade do conhecimento, no capital intelectual e nas gerações Y, X ou Z, do Ipod, da internet, do celular etc etc? Que geração, afinal, é essa?

Se a sociedade do conhecimento será formada por alunos dessa geração, nosso futuro desenha-se por demais sombrio e comprometido.

O comportamento desses alunos só pode ser explicado sob a ótica da educação anteriormente recebida (em casa e na escola). Além disso, o baixo valor das mensalidades praticadas por muitas instituições de ensino superior, em parte devido a concorrência predatória e, em parte, devido a pretensa intenção de favorecer a inclusão social (a Unibam fica no ABC paulista, um reduto metalúrgico) compromete não só a qualidade dos cursos oferecidos como também a qualidade dos alunos matriculados e, por tabela, do profissional formado. Já comentei em artigos anteriores que educação custa caro e consequentemente fica difícil, senão impossível, cobrar barato sem comprometer a qualidade do ensino. Mas isso também é uma outra questão.

A raiz do problema está em um fato que é de conhecimento de todos: o esgotamento do modelo educacional brasileiro. Cursos de pedagogia ruins que formam professores ruins, que por sua vez ensinam mal e formam alunos incompetentes que, infelizmente, também serão profissionais incompetentes. Caímos num terrível ciclo vicioso. O problema é: como sair dele? A realidade mostra que esse é um problema que se agravou de tal maneira que a solução além de ser difícil, e se existir, só vai dar resultados a médio e a longo prazo. A sociedade pode esperar esse tempo todo?

Embora não seja psicólogo, uma possível explicação para o comportamento agressivo dos alunos com a aluna deve-se ao que a literatura chama de lado obscuro das pessoas. A obra “A parte obscura de nós mesmos – uma história de perversos[2] ilustra bem essa questão comportamental.

Só nos resta ficar alerta ao que já dizia a música da Rita Lee: “Por isso não provoque. É cor de rosa choque”!

 



[1] Consultor.

[2] ROUDINESCO, Elisabeth. A parte obscura de nós mesmos. Uma história de perversos. Rio de Janeiro: ZAHAR - Jorge Zahar Editor, 2008.

 

Autor deste artigo: Samuel José Casarin - participante desde Qui, 16 de Junho de 2005.

Veja outros artigos deste autor:

Please register or login to add your comments to this article.

Copyright © 2013 REDEMEBOX - Todos os direitos reservados

eXTReMe Tracker