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TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS BRASILEIRAS: um olhar holístico PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Alexsandro Rosa Soares   
Qua, 04 de Novembro de 2009 22:32

 

 É necessário discutir a reformulação da visão de educação de todos aqueles personagens comprometidos com o ato de ensinar e o ato de aprender. (SOARES, p.19, 2003) 

Fundamentar um processo educacional é uma tarefa que exige historicidade, embasamento teórico e muita reflexão acerca de várias entrelinhas existentes no processo de evolução educacional brasileiro.

 

Sabe-se que a educação é um processo sócio-cultural que busca através da individualidade uma junção entre o Ser e o que está ao seu redor. Quão importante é, promover uma análise precisa do cenário educacional desde os últimos tempos e o reconhecimento do papel da universidade no que diz respeito a reconstrução de uma sociedade capitalista e neoliberal.

 

 

Procurou-se através deste texto tecer uma linha coerente da história educacional do país, até os dias atuais, onde a busca por uma educação de qualidade está atrelada às condições sócio-econômicas da população, bem como as vantagens adquiridas por uma elite dominadora.

Se levarmos em conta que o mundo vivia, à época, um momento de crescimento industrial e de expansão urbana e que a Escola Nova veio com o intuito de promover uma educação para todos, com a filosofia de igualdade entre os homens e do direito de todos à educação; podemos constatar várias entrelinhas no discurso de uma escola verdadeiramente nova. Além de raízes da Pedagogia tradicional, totalmente centrada no professor com a mera transmissão de conhecimento; ainda encontramos alguns pontos incomuns no processo de aquisição desta nova filosofia e/ou tendência educacional.

No que diz respeito a vantagens, podemos citar que a Escola Nova veio com o intuito de promover um processo de evolução educacional associado à evolução industrial da época, buscando um novo formato de educação, onde o ponto chave da prática educativa era o aluno e o seu cotidiano. Contudo, desvantajosamente percebe-se que ainda existe a questão da transmissão do conhecimento por si só, bem como a dicotomia entre a necessidade de aprender fazer e a desnecessidade de saber, deixando de lado o embasamento teórico que é necessário para o ato prático qualitativo.

Em relação à Pedagogia Tecnicista, o próprio nome já nos informa a negatividade desta Pedagogia. Com um ensino totalmente técnico, modelador do comportamento humano, não levando o indivíduo a criticidade de analisar as informações, esta pedagogia transforma o indivíduo em mero expectador do processo de aprendizagem, passivo a toda informação que lhe é transmitida. Como nessa concepção, o homem é considerado um produto do meio, a educação fica a mercê de teorias infundadas e que não acrescentam em nada no conhecimento humano. Nesta Pedagogia a educação é trabalhada de forma mecanizada e manipuladora, para que o indivíduo se integre na máquina do sistema social global.

Talvez pudéssemos dizer que a pedagogia crítico-social dos conteúdos seja uma tendência evolutiva da pedagogia libertadora, pois ambas tratam a educação como uma ferramenta de mobilização dos seres humanos para uma protagonização social e política. Ambas preocupam-se com a transposição dos muros escolares, levando a educação direcionada nas escolas para os espaços públicos. No entanto, a pedagogia crítico-social opõe-se no que diz respeito a falta de relevância da pedagogia libertadora ao lidar com o saber elaborado, que foi adquirido por toda a vida, diariamente, buscando respaldo não somente na atualidade, mas nas questões sociais da história sócio-política do país.

Como se comparou no parágrafo anterior, ambas tem semelhanças em suas filosofias pedagógicas. Discutem e enfatizam a necessidade de uma educação social, buscando sempre uma conscientização escamoteada das camadas sociais, mas ainda não se libertando por completo das raízes tradicionalistas. Uma enfatizando as questões sociais mais atuais, e a outra, indo além, buscando considerações em processos históricos e políticos passados.

Existe ainda a esperança de que a educação brasileira tenha um futuro mais promissor e pode-se crer que sim. Para que isso ocorra têm-se a necessidade do AGIR, no sentido pleno deste sintagma. Estudos já foram feitos, artigos científicos já foram escritos, embasamento teórico existe, no entanto de nada adiantará se não colocar-se em prática as teorias aprendidas. O ato de agir é imprescindível para que a educação brasileira seja verdadeiramente de forma igualitária à todos, sem qualquer distinção e privilégio. Já passamos por diversas tendências educacionais, que na maioria das vezes foram deturpadas e não concluíram o seu objetivo principal, e o mais incrível é que só passamos por estas, mas não participamos ativamente para que as mesmas tenham sucesso no processo de reconstrução educacional e conseqüentemente social.

Quando afirma-se que: O saber científico e técnico é um saber neutro; que o saber científico e técnico é um saber crítico; que o saber científico e técnico é um saber superior; que o papel da universidade é produzir e transmitir o saber técnico e que a universidade atende aos interesses da sociedade; mais do que um equívoco observamos uma manipulação elitizada do saber e a re-afirmação de que a educação desde os tempos passados é defensora de uma camada social elitista, dominadora da sociedade política. Ambas afirmações refletem a dominação das camadas sociais e expressam o verdadeiro interesse da classe dominante (centralizar o conhecimento).

Sabe-se que a educação brasileira está há muito tempo vinculada a uma padronização tradicionalista de transmissão dos conteúdos. Formas reprodutivas, tecnicistas, mecânicas, que não acrescentam em nada na evolução humanística do indivíduo. Através da interdisciplinaridade o educador recebeu uma nova ferramenta com várias possibilidades de apresentação e contextualização dos conteúdos.

Como a interdisciplinaridade ocorre quando, ao tratar de um assunto dentro de uma disciplina, você lança mão dos conhecimentos de outra, pode-se observar que sua função é integrar e agregar cada vez mais conteúdos, de forma bem diversificada, possibilitando um aprendizado mais eficaz. Podemos dizer que a interdisciplinaridade é importante para que ocorra a articulação entre as disciplinas proporcionando que o conhecimento do aluno seja global, e não fragmentado.

A principal vantagem da contextualização de conteúdos é a motivação que o aluno adquire por dar praticidade ao que se aprende nos bancos escolares, promovendo uma relação direta com o que se vivencia.

A metodologia contextualizada serve como uma ferramenta de estímulo e interacionalidade na sala de aula, unido professor e aluno num compartilhar de experiências que podem facilitar o processo ensino-aprendizagem.

Paulo Freire (1996) diz que: “Me movo como educador, porque primeiro me movo como gente”, esta frase nos revela diretamente o porquê da importância do educador na reconstrução para uma educação cidadã. Baseado na primícia de autonomia e integração a escola cidadã surge para defender a democratização do ensino, de forma pedagógica e criativa.

Na Escola Cidadã os alunos têm liberdade de escolha e de decisão, discutindo coletivamente a forma de melhorar a vida escolar e defendendo a reconstrução da escola tradicionalista, para uma escola autônoma e participativa, onde todos têm voz; onde todos podem compartilhar de seus conhecimentos e de suas filosofias particulares, buscando uma hegemonia social em meio a tanta heterogeneidade e acima de tudo a evolução da passividade para a protagonização no espaço educacional.

Se constatarmos que o pensamento complexo tem como princípio a compreensão dos contrários sem a necessidade de exclusão, pode-se afirmar que este é um conhecimento sustentado na busca pelo “todo” e para as “partes” buscando relações entre elas, sabendo que o “todo” é diferente da soma das “partes” e estas por sua vez são diferentes do “todo”, chegando à reafirmação de que por mais interacionados que estejam, a individualidade não poderá ser deixada de lado.

Segundo Crema (apud Stigar, 2008) a complexidade pode ser definida e entendida como uma escola filosófica que vê o mundo como um todo, integral, indissociável e propõe uma abordagem multidisciplinar para a construção do conhecimento.

A complexidade pressupõe mudanças, em todos os âmbitos. Daí pode-se extrair a importância e a necessidade do pensamento complexo dentro da educação brasileira. Faz-se a cada dia mais necessário obter um olhar holístico sobre o “todo”, não descartando as “partes”, promovendo uma contextualização entre ambos, na busca de uma educação de qualidade, voltada para o ser humano enquanto indivíduo social, político e principalmente, psicológico.

Precisa-se sim, de se repensar a reconstrução da universidade brasileira, buscando habilitar, capacitar, especializar e socializar cada vez mais o profissional no mercado de trabalho.

 

CONCLUSÃO

Há muito tempo há uma discussão em torno do processo educativo existente no Brasil e as tendências pedagógicas que surgem com propostas tentadoras, a fim de se democratizar o ensino. Sabe-se que é de extrema importância estas discussões, para que consiga-se uma evolução notória e funcional do sistema educacional vigente.

Em contrapartida, se respaldarmos, nos diversos níveis de evolução educacional adquiridos até o momento, verificaremos que precisamos além da reflexão, partirmos para uma prática efetiva, para promover uma releitura da universidade brasileira totalmente voltada para o progresso do país, com um atendimento educacional igualitário à todos, o que é imprescindível para obtermos uma ruptura da elitização do acesso a educação de qualidade e funcional.

Enfim, podemos concluir que a busca por uma educação cidadã, realista e funcional é urgentemente e necessária para a reconstrução da universidade brasileira, e por conseguinte, da educação brasileira. E além disso, constata-se que as tendências pedagógicas são de extrema valia para que este processo evolutivo seja verdadeiramente em prol de benefícios à todos.

 

REFERÊNCIAS:

 

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. SP, 1996, Paz e Terra Coleção Leitura, 27ª ed. p.94.

 

SOARES, Dulce Consuelo R., 2003, Os vínculos como passaporte da aprendizagem: Um encontro D’EUS, RJ, Caravansarai, p.19.

 

 

 

 
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