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Edições Anteriores 204 A menina que vendia fósforos
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Escrito por Samuel José Casarin   
Sex, 18 de Setembro de 2009 00:00

Há algumas semanas atrás o professor Cláudio de Moura Castro escreveu em sua coluna na revista Veja[2] um artigo intitulado “Os meninos-lobo”, artigo este inspirado pelo autor no personagem “Mogli - o menino lobo” de um desenho animado da Disney[3].

 

Para quem está acostumado, principalmente em desenhos animados, a ver um conto terminar com final feliz, como acontece no desenho do Mogli, ficará, como eu fiquei, muito perturbado com o final do curta metragem também da Disney “A menina que vendia fósforos”[4]. E não é para menos, o filme animado (animado?), toca com a sensibilidade de qualquer um. A exemplo do artigo do professor Castro, este desenho me inspirou a escrever este texto.

 

Em resumo, o filme mostra uma menina de seis ou sete anos, órfã, que no rigoroso inverno europeu (me parece ser ambientado na Rússia) tenta, inutilmente, vender fósforos para as pessoas que circulam pela cidade. Algo equivalente às nossas crianças abandonadas que vendem doces, nas esquinas com semáforos, para as quais ninguém (ou pouquíssimos) dá bola. No caso da menina do desenho ela estava vendendo um produto que não interessava a ninguém por que havia outros mais eficazes (seja para acender os lampiões dos postes das ruas, seja para acender os cigarros etc). Em outras palavras, sensibilidade a parte com a personagem do desenho, ela vendia um produto defasado, daí seu insucesso e triste destino.

 

Isso me lembrou, de imediato, nossas escolas e suas recorrentes crises. Na minha modesta opinião há uma enorme similaridade entre a menina que vendia fósforos e as nossas IES: ambas querem vender produtos defasados. No caso das IES a insistência da oferta do “mais do mesmo” é a principal causa da atual crise pela qual atravessa o setor.

 

Crise essa que tende a piorar, mesmo com a disposição do BNDES em oferecer linhas de crédito seja para infra-estrutura, seja para capital de giro.

 

A revista Ensino Superior[5] apresenta uma matéria segundo a qual, na opinião do professor Hermes Figueiredo (presidente do SEMESP) as IES estão em uma situação insustentável. Não é para menos. Segundo a revista, no primeiro bimestre de 2009 a taxa de inadimplência atingiu o patamar recorde de 24,5%. Se somarmos esse índice de inadimplência ao índice de evasão (que envolve desistência, transferência de alunos para outras IES, trancamento de matrícula etc) a sustentabilidade de qualquer curso ou IES torna-se impossível.

 

Se por um lado a inadimplência é resultado (principalmente) da crise econômica, a evasão é resultado (principalmente) do descontentamento do aluno que cansou do “mais do mesmo”. E não adianta estratégias de marketing para “fidelizar” o aluno. Queiram ou não concordar, aluno algum é fiel. Aliás, fidelidade é uma coisa que deixou de existir entre os consumidores/clientes de qualquer produto/marca/instituição. Cliente algum, hoje em dia, exita em mudar de marca ou produto, quando vê que não está sendo atendido adequadamente. O aluno não é diferente.

 

A saída, talvez, resida em uma mudança radical das IES, seja nas modalidades de cursos oferecidos, seja na forma como esses cursos são ministrados, seja nas inovações (e não enganações) que surjam e tornem os cursos mais atraentes, seja no modelo de gestão, alternativas de integralização dos cursos (flexibilização) etc. Fora isso, a grande maioria das IES terá o mesmo destino da pobre menina que vendia fósforos. Meus pêsames!

 

 

Samuel José Casarin

[2] CASTRO, C.M. Os meninos-lobo. Revista Veja, edição 2120, ano 42, no. 27. São Paulo: Editora Abril, 8 de julho de 2009.

[3] Mogli – O menino lobo. Disney DVD. (www.disney.com.br/mogli)

[4] A pequena sereia. Disney DVD. Extras. (www.disney.com.br/pequenasereia)

[5] Revista Ensino Superior. Editora Segmento. Ano 10, no. 130, julho de 2009.

 

 

Autor deste artigo: Samuel José Casarin - participante desde Qui, 16 de Junho de 2005.

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