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Escrito por Marcos Gomes da Silva   
Qua, 03 de Junho de 2009 15:54
Marcos Gomes da Silva

 

O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) tem, segundo o MEC, “o objetivo de aferir o rendimento dos alunos dos cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos, suas habilidades e competências”. Mediante prova única contendo questões de conhecimento geral e específico, aplicada aos alunos ingressantes e concluintes (selecionados por amostragem) dos cursos de graduação presencial e a distância das Instituições de Ensino Superior, o Exame, a partir da aferição de três indicadores – Conceito Enade, Conceito IDD (Indicador de Diferença de Desempenho) e Conceito Preliminar de Curso de Graduação (CPC) –, se propõe traçar o perfil do nível de formação do graduando brasileiro.

 

Mas, não obstante os critérios e as circunstâncias que envolvem a realização do Exame e os debates em torno de sua pertinência ou irrelevância, o fato é que, pudesse a aferição individual dos concluintes (dentre os quais se incluem os formandos) ser de alguma forma comparada às suas médias finais de conclusão de curso, ou ainda às notas finais das disciplinas dos seus históricos escolares, a disparidade da formação acadêmica seria certamente maior do que a verificada pelo Enade (e anteriormente pelo Provão) junto aos cursos de graduação avaliados.

 

Não se trata de validar um dos critérios de avaliação em detrimento do outro, nem tão pouco de pressupor novo critério de aferição do desempenho do graduado brasileiro. Mas, fosse a média final de conclusão de curso (ou mesmo as notas finais do histórico escolar) critério seguro de verificação do nível de formação individual ou geral do graduado, certamente o Enade (e antes dele o Provão), no que diz respeito especificamente ao objetivo assinalado pelo MEC, se tornaria injustificável. A busca de um critério seguro revelava, neste sentido, aquilo que as aferições do Provão e do Enade acabaram, em todo caso, evidenciando: a crise do ensino de graduação como resultante do comprometimento do processo de ensino-aprendizagem em nível superior no Brasil.

 

Mas se, em razão da constância de tal crise, o Provão e mais recentemente o Enade foram concebidos não só para avaliar, mas também para o MEC lançar mão de medidas que elevem o nível de formação do graduando brasileiro (e, concomitantemente, que levem ao enfrentamento e superação da crise do ensino de graduação), o fato é que um elemento fundamental do processo de ensino-aprendizagem escapou às duas etapas previstas por ambos os modelos de avaliação: o da preparação pedagógica do graduando (e não somente do professor) para atuar, em nível de excelência, como aluno de ensino superior. 

 

Pode parecer inapropriado e contraditório empregar o termo “pedagógico” em alusão ao tema da prévia formação do graduando para atuar correspondentemente como aluno de ensino superior. Inapropriado, porque aparentemente não há no amplo contexto educacional e pedagógico brasileiro lugar para tal questão. Contraditório, porque se subentende o graduando como um ser naturalmente dotado das habilidades discentes para autonomamente adquirir uma formação acadêmica de excelência. Contudo, estudos publicados ao longo do século XX e início deste século têm se caracterizado pelo enfoque pedagógico dado ao fenômeno do despreparo discente em relação ao processo de ensino-aprendizagem em todos os níveis de ensino. Fenômeno esse que, na particularidade da educação superior, está manifestamente associado à crise do ensino de graduação.

 

Assim, enquanto o ensino superior brasileiro insistir em se alicerçar em uma concepção pedagógica que pressupõe todo discente de graduação preparado para atuar como aluno de ensino superior, apenas a garantia da qualificação pedagógica e profissional do corpo docente e da infra-estrutura física, administrativa e operacional da Instituição de Ensino Superior (pública e privada) não será suficiente para enfrentar o objetivo de superação da crise do ensino de graduação no Brasil. A excelência do processo de ensino-aprendizagem (seja na educação presencial ou na a distância), que se verifica no hífen da relação professor-aluno (e não apenas na primeira categoria, como costumeiramente se apregoa) demanda que a preparação pedagógica prévia do aluno (e não apenas do professor, como comumente se defende) se constitua no terceiro elemento fundamental de enfrentamento e superação da crise do ensino de graduação.

 

 

Marcos Gomes da Silva

Mestre em antropologia filosófica pela PUC-RS e docente de ensino superior.
 

Autor deste artigo: Marcos Gomes da Silva - participante desde Qui, 04 de Junho de 2009.

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