Login

Sugestões

Faça o login e visualize as sugestões

Usuários on line

Nós temos 2243 webespectadores online

Revista

Gestão Universitária

Edições Anteriores 184 A crise e o ensino superior
A crise e o ensino superior PDF Imprimir E-mail
Avaliação do Usuário: / 9
PiorMelhor 
Escrito por Samuel José Casarin   
Sex, 06 de Março de 2009 00:00

Samuel José Casarin[1]

 

No final de setembro de 2008, surgiu a notícia que um grande agente financeiro norte americano tinha falido, o Lehman Brothers Holding, em função, entre outras coisas, de uma série de calotes de hipotecas de milhares de americanos que não conseguiram honrar seus financiamentos imobiliários e para cobrir os custos de papéis podres comercializados por bancos.

 

Aparentemente, para leigos, isso não tinha, à época, grandes significados, pois, a primeira vista, parecia que apenas mais uma instituição financeira americana desconhecida falia. No entanto, esse episódio foi uma espécie de catalisador para uma crise mundial sem precedentes. Tal crise, que também a princípio o próprio governo brasileiro classificou como sendo uma simples “marolinha” vem se mostrando ser um enorme “tsunami” que está afetando significativamente o mundo, incluindo o Brasil.

 

O principal efeito dessa crise está refletido no aumento impressionante de demissões de trabalhadores na indústria em geral.

 

Os números dessas demissões e das previsões de demissões futuras divulgadas pela mídia impressionam pela sua dimensão. Fala-se em milhões de desempregados no mundo, incluídos trabalhadores brasileiros.

 

Até onde essa crise afeta e afetará o ensino superior no Brasil, em particular o ensino superior privado? Com certeza irá afetar muito!

 

No início deste ano o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP[2], órgão do Ministério da Educação – MEC, divulgou a síntese do Censo 2007 da educação superior, com base em dados coletados em 2008, sendo que os resultados apontam para uma queda no ritmo de criação de novas instituições e um pequeno aumento da oferta de vagas.

 

De acordo com o INEP, segundo a categoria administrativa, observa-se o aumento de 1,7% de instituições municipais, 1% de instituições federais, e 0,5% de instituições privadas. Houve uma queda de 1,2% no número de instituições estaduais, decorrente de integrações.

 

Os resultados indicam que as instituições privadas foram responsáveis pelo maior aumento no número de vagas: 196.189 novas vagas. No entanto, o aumento número de vagas não resultou em aumento proporcional no número de ingressos – resultando em aumento de vagas ociosas. Em todo o Brasil foram registradas 1.341.987 vagas ociosas, 1.311.218 delas nas instituições privadas.

 

Esse quadro revelado pelo Censo 2007 mostra uma situação preocupante quando associado à crise econômico-financeira que o mundo (incluindo o Brasil) está atravessando. O excesso de vagas ociosas, por si só, trás prejuízos significativos para as instituições de ensino, tanto financeiros como de imagem, pois uma IES que oferece um curso que não consegue formar turma tem sua qualidade questionada. Some-se a esses fatores índices de inadimplência que tendem a aumentar com o avanço dessa crise.

 

Ainda, se levarmos em conta que a grande maioria dos alunos das instituições particulares de ensino superior é de alunos trabalhadores, ou seja, aqueles que trabalham de dia e estudam a noite, sabemos que uma parcela de seus salários serve para pagar seus estudos, incluindo mensalidades, material escolar (livros, cadernos etc), transporte e alimentação.

 

Se a crise de desemprego aumentar e atingir uma parcela desses alunos, desempregados, esses não terão como sustentar seus estudos e, consequentemente, desistirão temporária ou definitivamente de cursar uma graduação em uma instituição de ensino superior (IES) particular.

 

Portanto, o ensino superior privado, no ano de 2009, tende a se caracterizar por dois fatores:

1.                       Uma fase de transição, com a já refletida desaceleração do crescimento do setor, que servirá para que somente as IES competitivas permaneçam no mercado, e;

2.                       Uma fase de profunda crise no que diz respeito à inadimplência (devido a crise de desempregos) e suas conseqüências maléficas: demissão de professores, diminuição de salários (hora-aula), fechamento de turmas, não preenchimento de turmas em processos seletivos etc.

 

No primeiro semestre de 2009, por sua vez, as IES não deverão sofrer de imediato as conseqüências dessa crise, porém, o segundo semestre de 2009 mostra-se demasiado nebuloso e as IES devem ficar “com a barba de molho”. Quem poderia imaginar que gigantes como a Ford, General Motors, City Bank e outras pudessem chegar à beira da falência, como ainda permanecem, apesar dos bilhões de dólares de auxílio do governo americano? Quem poderia imaginar que o Google (modelo de gestão e de crescimento) e a Microsoft pudessem passar por dificuldades? Se tudo isso está acontecendo com essas empresas, e muitas outras, o que esperar que possa acontecer com as nossas instituições de ensino superior privadas?

 



[1] Consultor

[2] http://www.inep.gov.br/

 

Autor deste artigo: Samuel José Casarin - participante desde Qui, 16 de Junho de 2005.

Veja outros artigos deste autor:

Please register or login to add your comments to this article.

Copyright © 2013 REDEMEBOX - Todos os direitos reservados

eXTReMe Tracker