Login

Sugestões

Faça o login e visualize as sugestões

Usuários on line

Nós temos 2702 webespectadores online

Revista

Gestão Universitária

Edições Anteriores 178 A Educação Estética na Procura do Equilíbrio Libertador
A Educação Estética na Procura do Equilíbrio Libertador PDF Imprimir E-mail
Avaliação do Usuário: / 14
PiorMelhor 
Escrito por Rosa de Lourdes   
Qua, 12 de Novembro de 2008 12:59
 Rosa de Lourdes Aguilar Verástegui. Doutor em Educação.Professora da FASUL. Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.  

Neste breve artigo pretendemos levantar algumas questões sobre a importância da educação estética para a formação do indivíduo. Abordamos a estética como um elemento fundamental para a procura do equilíbrio e da liberdade. Nosso principal referencial é Schiller, com sua proposta de educação estética.

 

Schiller, inspirando-se em Kant, programa uma educação estética do homem. Mas, enquanto Kant havia identificado a liberdade como o exercício da razão, para Schiller o impulso estético é fundamental para o exercício da liberdade. O cidadão ao qual Schiller apela é aquele que consegue sua felicidade através do exercício da liberdade.

 

O problema centra-se na educação. “A palavra liberdade só tem sentido enquanto é rompido o determinismo natural” (HARTMANN, 2001, p.87), enquanto não somos movidos nem feitos pelas coisas, mas, ao contrário, nós mesmos fazemos as coisas. O ser estético domina o seu físico porque: “o ser humano no seu estado físico apenas sofre o poder da natureza; liberta-se desse poder no estado estético e domina-o no estado moral” (SCHILLER, 1993, p. 84).

 

A liberdade está subordinada a uma condição fundamental: a educação. O homem precisa educar-se, formar a inteligência, para poder usar eficazmente as novas liberdades. A inteligência no sentido tratado não é algo pronto, mas algo cultivado, de novos hábitos que custa se adquirir e se aprender (TEIXEIRA, 1968).

 

Schiller vê no estado estético o estado mais valioso. Este estado não é unicamente um estado intermédio entre a necessidade e a liberdade, em uma atenuação do rigor da lei moral pela liberdade inerente às formas da beleza; o estético é a condição da moralidade, a forma que adota a conciliação do sensível e do moral. A “liberdade autêntica” (humana) não é como a “liberdade natural”, sem regras, mas consiste em fazer que o próprio ser humano seja o fundamento ou fonte de suas normas e leis. (RENAUT, 1995). A liberdade proposta por Schiller é um equilíbrio que a própria experiência estética permite, por isso podemos afirmar que a estética é anterior à ética como condição de liberdade.

 

Schiller vê que é necessário considerar o estado estético como um fundamento comum, como a possibilidade de uma conciliação que não exclui os contrários e que faz do homem um ser que procura a perfeição e que quer converter o sensível e limitado em infinito e eterno. Para Schiller, a liberdade estética é a condição da liberdade política. Este filósofo relaciona a liberdade com um processo interno de maduração do espírito na procura do estético. Assim, “para adquirir liberdade o homem tem que se tornar estético, porque beleza é liberdade”. (1993, p. 66). O distanciamento reflexivo dos estímulos na procura do estético coloca-nos num jogo de equilíbrio, num jogo estético que nos permite experimentar a liberdade, quando não estamos presos aos sentidos nem aos sentimentos.

 

A arte nos libera porque nos familiariza com a criação de formas livres, nos ensina também a existir livremente em sociedade. Schiller também vê na arte uma forma de harmonizar: “o gosto estético introduz harmonia no indivíduo, desta forma o homem chega a ser um todo harmônico, belo e protótipo da harmonia social” (HARTMANN, 2001, p. 88).

 

Schiller vê que na relação entre o sensível e o espiritual, no jogo as sensações se põem em harmonia com a lei da razão. Esta relação é uma figura harmônica, onde a vida procede do sentido e a figura do impulso espiritual. “Este pensador é um dois primeiros em ver com clareza a cisão dada na sociedade industrial entre a abstração intelectual (ciência) e o mundo concreto dos sentidos” (HARTMANN, 2001, p. 90). Ele antecipa muitas idéias de Marx sobre o trabalho alienado. Schiller propõe que o homem se realize num jogo de equilíbrio entre as formas intelectuais com a matéria sensível.

 

Nesta reflexão tentamos ressaltar a importância da educação estética para conseguir uma formação equilibrada do ser humano. Sendo assim, a arte não é unicamente um recurso didático, uma propedêutica. Alcançar a beleza através da arte deve ser um fim em se mesmo, porque permite o equilíbrio humano da maneira mais prazerosa, através da produção ou contemplação estética.

 

REFERÊNCIAS

 HARTMANN, Helio. Lições de Estética Filosófica. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2001.RENAUT, Alain. O Indivíduo: reflexões acerca da filosofia do sujeito. Rio de Janeiro: Difel, 1995.SCHILLER, Friedrich. Sobre a Educação Estética do ser Humano numa serie de cartas e outros textos. Lisboa: Imprensa Nacional casa da Moeda, 1993.TEIXEIRA, A. Educação é um direito. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1968. 
 

Autor deste artigo: Rosa de Lourdes - participante desde Qua, 05 de Novembro de 2008.

Veja outros artigos deste autor:

Please register or login to add your comments to this article.

Copyright © 2013 REDEMEBOX - Todos os direitos reservados

eXTReMe Tracker