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Edições Anteriores 40 20 de novembro - Dia Nacional da Consciência Negra
20 de novembro - Dia Nacional da Consciência Negra PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Duilio Duka De Souza   
Qua, 24 de Novembro de 2004 21:00

Novamente voltamos a falar, a discutir, a expor opiniões a respeito do 20 de novembro, dia em que foi assassinado o grande líder negro, ZUMBI, do Quilombo dos Palmares.

Zumbi não morreu, Zumbi imortalizou-se a partir daquele 20 de novembro de 1695. Portanto, 309 anos de imortalidade!

É importante que estejamos aqui, novamente discutindo sobre o 20 de novembro, porque "às vezes parecem apenas repetir o "já falado", mas creio que isso apenas demonstra que o que está proposto ainda não foi realizado."( )
Zumbi não foi apenas o líder negro dos negros da sua época. Zumbi implantou, em Palmares, uma forma diferente de cuidar da coisa pública, de organização dos trabalhadores explorados e excluídos; sem distinção de cor, origem, idade ou sexo, bastava que fosse um "sem": sem-liberdade, sem-trabalho, sem-moradia, sem-família e já tinha garantido a sua defesa, por aquele negro de espírito humanista e sempre preocupado com a liberdade de um povo para produzir, plantar, colher, morar, viver, naquele território que era uma verdadeira república, a República de Palmares. Palmares estava para a liberdade como o MST está para a reforma agrária.

Quanto custa uma criança? Um jovem? Um adulto? Um idoso? Homem ou mulher? Para Zumbi dos Palmares, custava muito pouco: custava um pouco de muito amor, coragem e fidelidade. E com esse amor por uma Nação livre ele edificou com coragem e fidelidade toda sua vida de luta e resistência contra os fazendeiros e o governo que insistiam em manter a escravidão às custas da desumana violência do cativeiro.

Hoje, passados mais de quinhentos anos da chegada dos portugueses ao Brasil e 116 anos da abolição da escravatura, deparamos ainda com muitos "fazendeiros, senhores de engenho", na cidade e no campo que vivem às custas da exploração do trabalho adulto ou infantil, do homem ou da mulher e não querem abrir mão dos seus exorbitantes lucros, nem querem reconhecer o valor daqueles que produziram e continuam produzindo suas riquezas e a riqueza desse país.

Quando o Movimento Negro Brasileiro, a partir da década de 1970, reivindicava o 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra, é porque queria colocar na agenda nacional a importância de se reconhecer o papel que Zumbi dos Palmares desempenhou para que pudéssemos entender de liberdade, de fraternidade e de democracia, tão carentes para nós brasileiros que vivíamos num regime militar ditatorial.

Esse espírito do Movimento Negro Brasileiro ganhou força na década de 1990 e no início desse novo século, em que cresceram as organizações negras: sindicatos, associações, conselhos, movimentos, institutos, ONGs. e até órgãos governamentais, juntos ou separados, porém, todos, buscando, o reconhecimento da importância da luta, da resistência e da necessidade de organização dos negros e negras, tendo Zumbi, não só o seu herói, mas o herói nacional, (reconhecido por ato do governo federal, em 1995, após a Marcha dos 300 anos da imortalidade de Zumbi dos Palmares), que pagou com a vida, para que seu povo pudesse ter direito a liberdade e a uma vida digna.

Hoje, continuamos essa luta herdada de Zumbi, para que nosso povo negro, tenha direito a igualdade de oportunidade na vida cotidiária, na terra, no emprego, no salário, na moradia, na saúde, na educação, nos meios de comunicação, na política e no poder; no campo e na cidade.

É preciso reconhecer o 20 de novembro, não como uma data a mais que se comemora alguma coisa. É preciso transformar o dia 20 de novembro em Feriado Nacional. Sim, um Feriado Nacional! Mas um feriado não para as pessoas não irem trabalhar. Não para ficarem em casa. Mas, para que as pessoas reflitam o significado histórico desse dia.
Alguns poderão dizer: - Já temos muitos feriados! - Principalmente aqueles que não querem ter "prejuízo" nos seus negócios.

E é com esses que queremos dialogar; um diálogo multirracial, multicultural para construirmos uma unidade nacional, baseada no respeito às diferenças étnicas, raciais e culturais, resgatando e mostrando a eles a nossa identidade histórica enquanto negros e negras e transformando esse diálogo num profundo e comprometido debate nacional sobre a discriminação racial no Brasil.

Se o Brasil reconhece que tem uma dívida para com a população afro brasileira, devido a barbárie do tráfico transatlântico e da escravidão, então uma forma de reparar essa dívida é através da adoção de políticas públicas com investimentos significativos nos programas de ação afirmativa na área de esporte e lazer, cultura, habitação, saneamento, emprego, saúde e educação. Lembrando da necessidade da universalização em médio e longo prazos de uma educação com qualidade social que garanta igualdade de oportunidade a toda a população afro brasileira ao acesso, a permanência e a terminalidade com sucesso e, definitivamente entender que ação afirmativa não se resume tão somente a cotas para negros na universidade, embora a política de cotas seja imprescindível para diminuir, num curto prazo, as desigualdades educacionais entre brancos e negros no ensino superior. É preciso que as políticas públicas atendam, também, além dos negros e negras, aos demais segmentos da população pobre e historicamente excluída.

Transformar o 20 de novembro em feriado nacional, é garantir a essa população pobre e historicamente excluída a oportunidade de se educar, de se promover, de se orgulhar e de se auto-estimar. Nas escolas, as crianças, adolescentes e jovens aprenderão a dar os devidos valores aos símbolos, ícones e heróis nacionais sob a ótica da justiça, onde poderão se espelhar. Numa mística de realidade concreta e verdadeira, e não falsa como tem sido com tantos feriados, cuja história é mal contada.

Um feriado para que a população se organize, através da solidariedade, como Zumbi em Palmares, para resgatar a auto-estima do povo negro e a dignidade da memória de seus ancestrais, buscando e construindo em cada um e em cada uma, a confiança no desenvolvimento da Nação brasileira com melhor distribuição de renda e de justiça social.

Um povo consciente produz muito mais do que um povo sem memória. É preciso resgatar a importância desse nosso herói nacional e entregar para a população brasileira esse patrimônio histórico-cultural que lhe pertence: ZUMBI DOS PALMARES, em dia de festa, de luta, de alegria, de reflexão e, fundamentalmente, de brasilidade; pois no Quilombo dos Palmares, Zumbi recebia a todos sem distinção, sem discriminação de origem, de idade, de sexo ou de raça. Assim era Palmares.
Assim queremos que seja o Brasil.

VIVA PALMARES! VIVA O BRASIL! VIVA A IGUALDADE DE OPORTUNIDADES!
VIVA ZUMBI E O DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA!
VIVA 20 DE NOVEMBRO, FERIADO NACIONAL!!!

 

Autor deste artigo: Duilio Duka De Souza - participante desde Qui, 18 de Novembro de 2004.

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