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Educação a Distância: muito espaço e pouca mobilidade |
Escrito por Magno de Aguiar Maranhao |
Qua, 20 de Outubro de 2004 21:00 |
A necessidade ensina. A falta de capacitação adequada e a lacuna de 250 mil professores no quadro de docentes da rede pública, em especial no ensino médio, levaram o MEC à criação de um sistema de graduação a distância formado por universidades públicas que, a partir de 2005, disponibilizarão 17.585 mil vagas em licenciaturas, com prioridade para Matemática, Biologia, FÃsica e QuÃmica, disciplinas nas quais a carência é mais acentuada. Cerca de R$ 14 milhões serão repassados para que seja montada a infra-estrutura inicial. O Inep, por sua vez, implementará o programa "Escola de gestores", visando à atualização profissional de diretores de escolas de educação básica. O curso terá 120 horas/aula, 80% on line e 20% presenciais - participarão da primeira etapa 160 diretores de São Paulão, Rio Grande do Sul, Bahia e Ceará participarão; da segunda, 4.320 de todos os estados; da terceira, 43.200; da quarta, 104.400. A avaliação será por meio da aplicação de projetos nos estabelecimentos dirigidos pelos diretores-alunos. Desde o governo FHC os educadores do ensino fundamental e médio constituem o alvo dos programas de governo, na esfera federal como em redes estaduais, de educação a distância calcados nas tecnologias da informação - por força das circunstâncias e da Lei de Diretrizes e Bases do Ensino, que, além de exigir de todos o diploma de nÃvel superior, determina que lhes seja garantida a capacitação em serviço. Assim, a EAD, ou e-learning, foi o grande "achado" da década da educação - qualificam-se professores e diretores sem obrigá-los ao desgaste gerado por deslocamentos freqüentes e sem que se ausentem dos estabelecimentos. Mais: quebra-se o "gelo" ainda existente entre professores e computadores. Eles se sentem estimulados a ingressar em futuros cursos de extensão e especialização on line e, sobretudo, familiarizam-se com uma ferramenta pedagógica que, cada vez mais, vão utilizar com seus próprios alunos. Ao menos, é o que podemos concluir com o novo impulso dado ao Proinfo (programa de informatização das escolas públicas, implantado em 1997 pelo MEC), que está distribuindo cinco mil computadores para 260 escolas e 240 núcleos de tecnologia educacional, os quais vão se somar aos 59 mil já em uso. Pouco, é verdade, mas um sinal de que o programa pode estar saindo do limbo. Como vemos, a urgência de promover o salto qualitativo no ensino público gerou intensa mobilização do MEC no sentido de financiar pesquisas sobre o uso da informática na EAD e implantar cursos a distância sem delongas. Contraditoriamente, porém, a utilização da EAD com o fim de democratizar o acesso ao ensino superior fora do âmbito da formação de professores, assim como o uso das tecnologias da informação a fim de enriquecer e agilizar o processo de aprendizagem, mesmo quando se dá através do sistema presencial, caminha com um vagar que vem desanimando os defensores mais entusiastas desta modalidade, aliás, nem tão nova assim: do envio de livrinhos pelo correio aos alunos, passando pelo uso do rádio e televisão, lá se vão mais de cem anos de educação a distância. E mais de cem anos de desconfiança em torno desta alternativa educacional que, em um paÃs onde as desigualdades regionais são proporcionais à s suas dimensões, deveria estar mais que consolidada. No entanto, mesmo que os problemas causados pelo distanciamento fÃsico entre alunos, colegas e professores tenham sido minimizados por recursos como correio eletrônico, chats, videoconferências etc, e mesmo com a possibilidade de construção de ambientes virtuais de aprendizagem, que contextualizam conteúdos e constituem um divisor de águas na história da EAD, ela sofre com o imobilismo. Em um universo de 56 milhões de estudantes brasileiros, somente um milhão a utilizam. No ensino superior, são 80 mil matrÃculas em cursos de graduação, seqüenciais e pós-graduação (em um universo de quase quatro milhões) e, segundo a Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), somente 4% das nossas 2,2 mil IES são autorizadas pelo MEC a oferecer cursos a distância. Os envolvidos em EAD no Brasil queixam-se, em coro, das travas impostas pelo governo e da falta de regulamentação na área, regida por portarias. Enquanto isso, empresas investem no e-learning e universidades corporativas onde inexistem salas de aula, sem que seja necessário pedir autorização a quem quer que seja. Nos últimos quatro anos, os investimentos em tecnologia para educação corporativa cresceram 60% e movimentaram R$ 190 milhões no Brasil, gerando R$ 270 milhões em benefÃcios - 20% na geração de receita e o restante por conta da economia realizada com o treinamento de pessoal in loco e maior rapidez no aprendizado, já que a liberdade de gerir seu tempo diminui a pressão sobre o indivÃduo e contribui para melhoria seu desempenho. No mundo, o e-learning movimentou US$ 6,6 bilhões, só em 2003, e a previsão é de que este valor seja quadruplicado em dois anos. O que demonstra o sucesso das tecnologias da informação como instrumento de aprendizagem e atualização profissional. O que barra, então, o avanço do e-learning por aqui? A primeira e óbvia resposta está no custo do instrumento e sua manutenção, ou seja, do computador (e o aparato que o cerca), fazendo com que qualquer programa de inclusão digital caia nas malhas do assistencialismo. A segunda: a falta de incentivo oficial. O MEC, recentemente, criou um grupo de trabalho cuja missão é realizar pesquisas que forneçam subsÃdios para projetos de graduação a distância. Em quatro meses, o documento final deverá ser entregue à Secretaria de Educação Superior, mas se isso resultará na facilitação do acesso ao ensino superior - e a idéia é essa - é uma incógnita. A terceira resposta está na dificuldade de adaptação dos educadores a inovações. Embora eles próprios participem de cursos a distância, não dominam as novas tecnologias e pisam em ovos quando convidados a fazer uso delas no cotidiano escolar. Contudo, a assimilação dos recursos disponibilizados pela nova EAD por parte dos professores deveria ser prioridade em qualquer curso de preparação para o magistério, não só por instigarem a curiosidade e a vontade de aprender de crianças e jovens, mas porque, se estes forem acostumados desde cedo à s tecnologias da informação, futuramente usufruirão uma nova gama de oportunidades de formação e aprimoramento profissional, saberão navegar com habilidade no mundo da EAD e estarão aptos a distinguir, bem mais que a geração atual, o que, dentro dele, é joio, e o que é trigo. |
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