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O campus sem fronteiras

Escrito por Revista Gestão Universitária

Sáb, 29 de Abril de 2006 21:00

1,27 milhões de pessoas utilizam o EAD no Brasil

Está em curso uma revolução que já atinge um em cada quatro estudantes de Ensino Superior no Brasil. Implementada a partir de 1998, a educação à distância alcançou no ano passado 1,27 milhão de estudantes, um crescimento de 62,8% em relação ao ano anterior. No Rio Grande do Sul, segundo o recém divulgado Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e à Distância (Abead), o número de alunos que trocaram as aulas diante do quadro-negro por classes na frente do computador triplicou no período, atingindo 7,2 mil matrículas.

Essa revolução está permitindo o acesso à universidade de estudantes como Laura Severo Carneiro, 42 anos, que vivem longe de instituições de Ensino Superior. Desde agosto passado, Laura é uma das alunas do curso de licenciatura em Educação Especial oferecido pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Funcionária de uma escola municipal de Livramento, ela freqüenta o pólo instalado pela UFSM na cidade, onde acessa por computador o conteúdo das disciplinas.

- Sempre quis fazer um curso superior, mas não havia opção de universidade pública na cidade - diz.

Essa modalidade de ensino avançou nos últimos dois anos, quando começaram a funcionar os primeiros cursos de graduação e pós-graduação aprovados pelo Ministério da Educação. No Estado, a maior universidade pública, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, lançará este ano 12 cursos do tipo.

- Além da facilidade de acesso, essa forma de educação multimídia é mais adequada à geração atual - diz o diretor científico da Abead, Waldomiro Loyolla.

O método é criticado por educadores. Para Esther Grossi, presidente do Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia da Pesquisa e Ação, os 20% de aulas presenciais previstos no ensino à distância são pouco:

- A interação entre colegas de classe é fundamental.

Em fevereiro, cinco estudantes de Santa Maria receberam diplomas em um curso de graduação à distância da Universidade Norte do Paraná. Reunida na Escola Medianeira, a turma do Curso Normal Superior - licenciatura para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental assistiu em um telão à cerimônia transmitida de Londrina, sede da universidade. ( Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. )

Tire suas dúvidas Os cursos à distância ocorrem apenas pela Internet? Não. A internet é apenas uma das ferramentas utilizadas. As aulas à distância reúnem todos os recursos multimídia disponíveis, como vídeo, DVD e teleconferência, entre outros. Grande parte do conteúdo dos cursos ainda é impresso. O diploma de um curso à distância tem o mesmo peso no mercado ou é visto com restrições? O decreto que regulamentou o ensino à distância no país determina que o diploma de um curso superior seja igual ao de um curso tradicional. Ou seja, no diploma não aparece qual a modalidade de ensino utilizada. Na opinião de Gilberto Guimarães, diretor da multinacional francesa BPI no Brasil (consultoria em recursos humanos e recolocação profissional), o mercado não vê restrições a essa alternativa de ensino. O que vale, afirma, é a credibilidade da instituição de ensino e a experiência do profissional. Como o sistema de ensino à distância se previne de fraudes? Geralmente, os ambientes virtuais de aprendizagem, desenvolvidos pelas universidades, têm ferramentas que permitem a professores e tutores controlarem a freqüência com a qual o aluno acessa o conteúdo das aulas e realiza os exercícios. Caso o aluno não faça os exercícios em casa ou peça para alguém fazer em seu lugar, ele não será aprovado nas provas, que são sempre presenciais, garantem os especialistas. Quanto custa um curso à distância? Nas universidades públicas, ele é gratuito. Nas privadas, chega a ser 70% mais barato do que o tradicional. Segundo Ligia Leindecker Futterleib, coordenadora da tutoria do ensino à distância da Ulbra, os cursos tornam-se mais baratos porque há mais alunos. Na universidade virtual da Ulbra, chamada de UlbraOrbe, são mais de 26 mil estudantes em 600 pólos presenciais espalhados pelo Brasil. Como é o ensino à distância nos outros países? Grande parte das universidades de ensino à distância surgiu no início da década de 70. Uma das mais conceituadas é a Open University, da Inglaterra, que já formou mais alunos do que a centenária Universidade de São Paulo (USP) e tem parceria com o Ministério da Educação. Outras conceituadas na Europa são a Universidade Nacional de Educação à Distância (Uned), da Espanha, com quase 200 mil alunos. Na Ásia, uma das principais é a universidade da Turquia (567 mil ). Projetos em andamento nas universidades federais do Interior Universidade Federal de Santa Maria (UFSM): curso de graduação em Educação Especial, Projetos de graduação (previstos para 2007) em Pedagogia, Agricultura Familiar e Sustentabilidade, Projetos de pós-graduação/especialização (previstos para 2007) em Gestão em Arquivo, Gestão em Educação,Tecnologia da Informação e da Comunicação Aplicadas à Educação e Educação Especial. Universidade Federal de Pelotas (UFPel): curso de graduação de Licenciatura em Matemática, projetos de graduação em Pedagogia e outro curso. Fundação Universidade Federal de Rio Grande (Furg): projetos de graduação (para 2007) em Administração de Empresas e Pedagogia, Projetos de pós-graduação/especialização (previstos para 2007) em Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação, Educação Ambiental e Aplicativos da Web, Projetos de especialização para professores (previstos para 2007) em Matemática, Química e Biologia.