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A distância é cada vez maior PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Revista Gestão Universitária   
Ter, 13 de Dezembro de 2005 21:00
Estima-se que o ensino pela web no mercado corporativo cresce 40% ao ano, graças a vantagens como economia de tempo e dinheiro para as empresas

O mercado corporativo rendeu-se às inovações e facilidades do e-Learning. Com o uso cada vez mais disseminado da web, as empresas perceberam que os cursos virtuais são uma maneira eficiente de capacitar seus funcionários. Em termos gerais, o ritmo de crescimento do e-Learning no Brasil, que começou um tanto tímido em meados dos anos 90, hoje está acelerado. Porém, o desempenho do ensino a distância apresenta melhor performance entre as organizações de grande porte do que entre as instituições de ensino. Isso porque o avanço da informática ainda esbarra nas dificuldades sociais do País, onde grande parte da população sofre com a exclusão digital.

"Houve uma maior oferta de cursos on-line e o mercado corporativo é o grande responsável por esse crescimento", destaca Carlos Longo, diretor da FGV On-line, programa nacional de educação a distância (EAD) da Fundação Getúlio Vargas. E os números comprovam esse desempenho. Segundo dados do Portal e-Learning Brasil, o ensino pela web no mercado corporativo vem crescendo 40% ao ano.

Qual o motivo de tamanho fascínio pelos cursos virtuais? As vantagens e facilidades oferecidas pelo ensino via internet nos treinamentos. "A receptividade ao EAD tem aumentado por ser uma alternativa que reduz os custos e dispensa o deslocamento dos funcionários para participar dos cursos", analisa Márcia Maria Deotto, gerente de EAD do Ibmec. Trata-se de uma vantagem a ser considerada, ainda mais num país de dimensões continentais como o nosso. Não por acaso, as grandes corporações, que têm atuação em vários estados do Brasil, são as mais entusiasmadas com o e-Learning.

É o caso, por exemplo, do Banco do Brasil que, numa parceria com a Fundação Getúlio Vargas, oferece a seus funcionários um curso de MBA. "São 20 turmas compostas por mil alunos que residem em diferentes partes do país. Os que trabalham na fronteira do Uruguai e em Belém têm acesso ao mesmo conhecimento de quem mora nos grandes centros", explica Longo, da FGV On-line.

Outro banco que usufrui as vantagens do EAD é o Bradesco, que conta com 73 mil colaboradores em três mil agências espalhadas por todo o território nacional. "Alguns cursos levariam anos para atingir a todos os funcionários. Com o ensino a distância, oferecemos a mesma informação a todos com a mesma qualidade", diz Júlio Alves Marques, superintendente executivo do departamento de treinamento do Bradesco.

Desde janeiro de 2000, o TreiNet, programa de e-Learning do Bradesco, já registrou 570 mil participações nos seus cursos, uma média de oito por funcionário. São treinamentos técnicos (como matemática financeira, comunicação escrita), operacionais (que ensinam como preencher um cadastro de crédito e aberturas de contas) e comportamentais (liderança, coaching). O TreiNet também atenderá profissionais autônomos de corretoras e concessionárias que vendem Seguro Bradesco. Outra novidade é que os clientes universitários do banco também poderão ter acesso a alguns dos cursos oferecidos, como matemática financeira ou redação comercial, via web.

Outra vantagem do e-Learning é a possibilidade de o funcionário manter a freqüência nas aulas, mesmo estando em viagens. "O EAD permite a conclusão do curso sem interrupções. Isso é especialmente importante para alunos que antes perderiam um semestre devido a viagens e deslocamentos", enfatiza o professor Vicente Nogueira Filho, fundador da Associação Internacional de Educação Continuada (AIEC). Ele ressalta que a internet tornou a educação a distância uma opção viável e muito procurada por executivos, oferecendo informação e aprendizado a quem necessita otimizar o tempo. "Por não ter de cumprir horários, nem se deslocar todos os dias, o aluno aproveita melhor seu tempo, ganha em qualidade de vida e mantém suas responsabilidade de estudante, mas com maior aproveitamento do curso", considera o professor da AIEC.

O ensino a distância proporciona, ainda, vantagens econômicas para as corporações, pois seus custos são menores do que os dos cursos presenciais. Essa economia já foi contabilizada pela Datasul, que desde 2002 utiliza a tecnologia por meio da sua universidade corporativa. Dois mil profissionais da empresa tiveram mais de 32,5 mil participações em treinamentos on-line. A economia gerada por esses cursos virtuais, quando comparada aos presenciais, foi de mais de 7 milhões de reais no ano passado, e a acumulada no período de agosto de 2002 a dezembro de 2004 alcançou os 12,6 milhões de reais.

A empresa também ganhou em agilidade, tempo e qualidade do treinamento. "Antes do EAD, para treinar uma força de vendas de 200 profissionais, 2,5 mil consultores e 80 mil usuários, era necessário um esforço muito grande para se obter resultados questionáveis", compara Júlio Cunha, gerente de aprendizagem e conhecimento da Datasul Educação Corporativa. "Com o e-Learning, esses públicos passaram a aprender a vender, implementar e utilizar os produtos Datasul em questão de dias, em vez de meses. Somam-se a esses ganhos, as vantagens intangíveis de ter um catálogo de conhecimento com mais de dois mil cursos on-line prontos para serem acessados a qualquer momento, de qualquer lugar", ressalta Cunha. Ele acrescenta, ainda, que com o treinamento on-line, os indicadores de qualidade de atendimento melhoraram e os erros em função da falta de conhecimento do produto foram reduzidos sensivelmente.

Outra empresa que tem obtido bons resultados com o e-Learning é a SulAmérica, que criou recentemente a Universidade Corporativa Universas, portal educativo que tem como objetivo centralizar os conteúdos e treinamento de seus 5,6 mil funcionários. "Até o momento, quatro mil pessoas já acessaram a Universas e 3,5 mil estão inscritas em cursos", informa Carmem Sílvia Pereira, superintendente de treinamento e desenvolvimento da SulAmérica.

Apesar de todo esse sucesso, o EAD ainda enfrenta certa resistência no Brasil, pois muitas pessoas ainda crêem que a qualidade de um curso depende da presença física do professor. "A cultura latina gosta de estar perto, do olho-no-olho, de ver e contatar as pessoas", acredita Marques, do Bradesco. Por sua vez, Júlio Cunha, da Datasul, lembra que na história educacional do país, por vários motivos, criou-se uma imagem pejorativa para os cursos a distância. "Quando um profissional é considerado incompetente, costuma-se dizer que ele ?tirou diploma por correspondência?. Isso influencia negativamente a primeira experiência de aprendizagem a distância dos alunos", analisa.

Para combater tais preconceitos, empresas e governo investem em ações que avalizem a qualidade dos cursos on-line. Um passo importante nesse sentido foi dado pelo Ministério da Educação (MEC), que encaminhou à Casa Civil um projeto que, entre outras medidas, estabelece equivalência geral e irrestrita entre diplomas de cursos presenciais e a distância. "A EAD possui, em princípio, os recursos necessários para atender qualquer situação com a qualidade e o grau de sucesso desejado", assegura o secretário de EAD do MEC, Ronaldo Mota.

O projeto propõe, também, maior explicitação de critérios para o credenciamento dos cursos junto ao Ministério e cuida de coibir abusos como a oferta desmesurada do número de vagas na educação superior sem condições adequadas. Para a elaboração do documento, o MEC contou com o auxílio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para estabelecer critério de credenciamento nos cursos de mestrado e doutorado a distância. "Como de praxe na Capes, a exigência de extrema qualidade no processo avaliação será garantia adicionai de alto nível", salienta Mota. Ele ressalta que a regulamentação do decreto, cuja discussão está em curso, permitirá definir padrões de qualidade e níveis mínimos de exigência para credenciamento do EAD.

Para o secretário do MEC, a melhor forma de garantir qualidade nos cursos na modalidade a distância é o estabelecimento de um padrão mínimo, tomando como referência as ações das melhores universidades, sejam públicas ou privadas, que utilizam recursos como material impresso, internet, televisão, DVDs etc. Atualmente, para serem credenciados pelo MEC, os cursos superiores a distância passam por uma avaliação, sendo que o credenciamento é periódico (no máximo por cinco anos) e sujeito a novas avaliações.

Muitos dos que desconfiam da qualidade dos cursos a distância desconhecem os esforços que a tecnologia on-line impõe ao participante. O ensino virtual, por exemplo, exige mais a participação do aluno, o que nem sempre acontece nas salas de aula. "No e-Learning, o professor só percebe o entendimento do estudante com a sua participação nos fóruns, nas dúvidas e nos trabalhos apresentados", explica Teresa Jordão, coordenadora de EAD do Senac-SP.

Na verdade, os estudantes de EAD envolvem-se mais com os cursos, fato comprovado em pesquisas realizadas pelo MIT (Massachusetts Institute of Tecnology) e pela Harvard University. "Enquanto no [curso] presencial o aproveitamento é de 65%, no EAD é de 80%. Isso ocorre porque os cursos virtuais exigem mais dedicação, mais responsabilidade. O estudante passa a ser gerenciador do próprio aprendizado", justifica Marta Campos Maia, coordenadora acadêmica do Centro de EAD da Fundação Getúlio Vargas (SP).

Por essa razão, Marta faz um alerta aos desavisados que querem fazer um curso a distância por acharem ser essa uma maneira mais fácil para se obter um diploma. "Explicamos que o fato de ser a distância não quer dizer que será fácil. Ao contrário, a demanda é grande, os prazos para entrega de trabalho são respeitados e há exigência de que ele participe de no mínimo 80% das tarefas propostas", adverte Marta.

O fato de instituições como a FGV e outras de renome nacional oferecerem cursos pela web também tem contribuído para quebrar preconceitos. "As empresas ainda têm resistência em contratar alguém graduado, ou pós-graduado totalmente por EAD. Mas isso deve acabar por conta da credibilidade da instituição onde o executivo estudou", acredita Júlio Marques, do Bradesco. "O próprio Bradesco criou um MBA com a FGV On-line do Rio de Janeiro, com disciplinas customizadas", exemplifica Marques.

O coordenador de projetos da Associação Brasileira de Ensino a Distância (ABED) Marcos Telles, no entanto, já vislumbra uma redução nessa barreira. "Os profissionais estão percebendo que esses cursos dão empregabilidade. A universidade perdeu o receio porque as empresas estão adotando o e-Learning e, por isso mesmo, algumas já aceitam bem o profissional que tenha se formado a distância", avalia.

Enquanto a resistência ao e-Learning não é de todo vencida, empresas e universidades buscam alternativas para eliminar o preconceito. Uma das maneiras encontradas é elaborar o curso, alternando aulas on-line e presenciais. "Em conversas com diversos professores da área, estabelecemos que o melhor resultado é sempre um mix do presencial com o EAD", afirma Mairlos Barra Navarro, coordenador geral de pós-graduação da Faculdade IBTA.
 

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