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Edições Anteriores 29 A Sociedade do Conhecimento com foco na Gestão do Conhecimento
A Sociedade do Conhecimento com foco na Gestão do Conhecimento PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Marco Túlio Rodarte Cardoso   
Qua, 08 de Setembro de 2004 21:00

O que é a sociedade do conhecimento?
Essa pergunta faz com que voltemos ao nosso passado próximo, no final do milênio passado, mais precisamente na década de 90, quando discutíamos o capital intelectual nas organizações.

Afinal o que é o capital intelectual?
Muitos disseram que era o antigo "recursos humanos da empresa". Outros foram um pouco mais longe, retratando-o como os melhores intelectuais, melhores cérebros dentro das organizações. Houve quem disse ser o talento das organizações. Todas essas afirmativas são válidas. Mas falta algo, falta o elo de ligação dessas informações. Falta o tratamento correto, pois não somos recursos, somos o diferencial, somos a adaptação, somos a inovação. O capital intelectual é a junção do capital humano e o capital estrutural.

Como descobrir então esse capital intelectual nas organizações? Para descobri-lo precisaremos rever alguns conceitos, como o da construção do conhecimento.

O desenvolvimento do capital intelectual de uma pessoa passa pela informação. Mais do que isso, passa pela velocidade, a relevância e o uso da informação na construção do conhecimento. Saber para que serve a informação e se ela agrega valor para o meu objetivo geral, é que é o cerne da questão.

Então, o que a informação, a construção do conhecimento e o capital intelectual tem haver com a gestão do conhecimento? Tudo! Elas são partes integrantes do sistema da gestão do conhecimento.

Com base nestas colocações pode-se construir um conceito de sociedade do conhecimento como sendo aquela que utiliza do conhecimento construído, por meio das informações sua velocidade e relevância agregando algum valor, em situações circunstanciais. Circunstanciais porque há necessidade de se saber em qual cenário esse conhecimento construído poderá atuar.

Definida a sociedade do conhecimento podemos, agora, fazer uma análise dessa sociedade. E para isso, devemos utilizar de novas indagações que vão aparecer, tais como: o que fazer com a gestão do conhecimento? Estamos preparados para esse tipo de gestão? Quais as ferramentas utilizar? Qual é o objetivo?

Bom vamos por etapas. Com a gestão do conhecimento se espera conseguir solucionar as várias questões administrativas e gerenciais das organizações, utilizando-se do conhecimento, que a partir de agora passa a ser tácito, para promover as mudanças necessárias com idéias criativas e inovadoras. Para isso, a quebra de paradigmas torna-se inevitável em alguns pontos, como a abertura da comunicação sem preconceitos, a administração do tempo, a hierarquia reverencial e o regime de compartilhamento do conhecimento.

Mas será que estamos realmente preparados para essas mudanças e qual a nossa base de formação para tal? Veja que não estamos falando de qualidade, nem titularidade e sim de formação. O que realmente temos como conhecimento, se gostamos e se o utilizamos para agregar valor. Temos que procurar no âmago o que gostamos de fazer, pois só nos dedicamos àquilo que gostamos.

Já detemos a informação, estamos transformando-a em conhecimento e gerindo a operacionalidade dos processos. Entretanto, ainda não definimos o nosso objetivo. Ao meu ver o objetivo de quem é integrante da sociedade do conhecimento é o de compartilhar o conhecimento. Sem essa premissa tudo se perde, porque a informação é volátil e o conhecimento é circunstancial.

Trazendo esse emaranhado de informações para o universo da educação brasileira, cenário em que já vivenciamos o drama do paradoxo educacional, o qual demonstra a fragilidade do nosso ensino em todos os níveis: o fundamental, sem a motivação e a instrumentalização necessária e por conseqüência de baixa qualidade; o médio, sem objetivo e preparação do indivíduo na transição escolar/profissional e o superior, que encontra-se engessado pelo excesso de processos administrativos burocráticos, apontando nosso despreparo por meio das lacunas que não conseguimos suprir em todos os setores do país. Diante disso, temos que saber sem falsa modéstia e sem hipocrisia, se realmente estamos preparados para gerir as mudanças necessárias à educação, saber qual a base de ensino atual e se ela é adequada ao novo paradigma sócio-educacional.

O quê utilizar para ser o agente transformador na construção da gestão do conhecimento nas Instituições de Ensino e como? É fato que as instituições, sobretudo as privadas, estão se mobilizando para atender às exigências dos órgãos oficiais, no que tange às condições de infra-estrutura física e organização didático-pedagógica para o ensino e na qualificação do Corpo Docente, com mestres e doutores em seu quadro funcional. Não faço aqui apologia à desqualificação docente. Ao contrário! Quero sim, determinar qual a relevância desse docente para a instituição? Será ela, apenas a de aumentar a nota da avaliação das condições de ensino, ou realmente ele agrega valor institucional ao meu produto? Aproveito para definir o produto educacional, que sem dúvida é o conhecimento adquirido, onde novamente reportamo-nos ao objetivo principal da nova sociedade, compartilhar o conhecimento. E a preparação dos discentes como futuros talentos, que passa por uma preparação cognitiva, a qual nem nós temos. E não a temos porque não fomos preparados para tal. Vivíamos e em alguns casos ainda vivemos na sociedade da matéria e temos que gerir e ensinar para a sociedade do conhecimento.

Tem-se que valorizar os neurônios existentes nos "times institucionais". Investir na criatividade e inovação. Não adianta possuir em seu Corpo Docente um pós-doutor que é o único no Brasil que sabe construir a bomba atômica. Claro que ele detém muitas informações e vasto conhecimento, mas a pergunta é: de que isso serve para a Instituição? A Instituição fabrica bombas atômicas ou tem convênio com alguma empresa ou País que tenha essa necessidade? Se positivo, a justificativa de sua contratação dar-se-á no objetivo. E há também, os casos de professores que são exímios profissionais, mas essa competência não os acompanha na docência.

Nosso papel na sociedade é muito mais abrangente do que meros formadores de profissionais capacitados para atuar em cargos, funções, empregos e principalmente ocupações em extinção, ou já inexistentes.

Como quebrar esse círculo vicioso e sanar nossas fraquezas? Um diagnóstico profundo com base nos diversos cenários internos e externos faz-se primordial. Na gestão do conhecimento avalia-se e descobre-se qual conhecimento é necessário em determinado momento. Descobre-se, desenvolve-se e compartilha-se com todos, aumentando assim, o capital humano, em competência. O empreendedorismo, como outras, deve ser uma característica abordada pelas Instituições nesses cenários, tanto em seu Corpo Discente e seu Corpo Docente quanto no Corpo Técnico-Administrativo. As pessoas devem aprender a aprender e de maneira contínua, pois elas somente serão produtivas para as Instituições enquanto aprenderem. Mas nós temos a infra-estrutura física e pedagógica necessária ao aprendizado contínuo? Como fazê-lo sem passar por uma expansão quantitativa e qualitativa do ensino?

A expansão do ensino de nível superior, após um período de acusações de exploração financeira é vista hoje como argumento político de igualdade social. As chamadas cotas. Ledo engano! Caminhamos em todas as direções e acabamos voltando ao ponto de partida, como em um labirinto. Como gerir a sociedade do conhecimento se as bases do nosso pensamento ainda é o da sociedade industrial. Ao contrário do que muitos acreditam, por causa da inércia de alguns setores, as mudanças na globalização são muito rápidas. O uso da tecnologia acelerou esse processo engolindo e expurgando, como num processo de seleção natural, o mais fraco ou mais lento. Na educação não é diferente. Trata-se de um setor regulamentado e conseqüentemente a chamada lei de mercado não atua com a mesma intensidade que em outros setores. Nesse aspecto, configura-se como um gigante adormecido, ou melhor, entorpecido por normas equivocadas, dúbias e em alguns casos obsoletas, que amarram e emperram o seu crescimento.

Para caminharmos a passos largos em direção a sociedade do conhecimento temos que passar pela revolução da educação, que antes de mais nada deve, obrigatoriamente, passar pela revolução na educação. Isso porque aqueles que ensinam, os que detém o conhecimento, vem ao longo da história mostrando-se resistentes e/ou com medo das mudanças. A revolução na educação será o ponto de partida para a revolução na cultura organizacional e institucional e para a consolidação da sociedade do conhecimento.


 

Autor deste artigo: Marco Túlio Rodarte Cardoso - participante desde Qui, 19 de Fevereiro de 2004.

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