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Escrito por Célia Maria Corrêa Pereira   
Qua, 11 de Agosto de 2004 21:00

A aula deve ser um momento para a reconstrução do conhecimento através dos mais diversificados e sempre atrativos recursos didáticos e de expressão de linguagens, tais como: exposições, oficinas, debates, relatórios, tutoria, trabalho de equipes, pesquisas de campo, apresentações, teatralizações, etc., onde o aluno possa desenvolver, de forma livre e criativa, a sua autonomia. A aula deve ser um palco, com espaço e ritmo para idéias que se apresentam mutantes e movimentam-se num encantamento contínuo e cúmplice entre atores e platéia, até que todos interajam e se complementem no espetáculo da aprendizagem.

A relação professor-aluno deve ser freqüente e comprometida entre as partes, de modo que o ensinar-pesquisando seja tão evidente quanto o aprender-fazendo, a partir de uma dada situação e, possa ser trabalhada em processos interativos entre professor,alunos, colegas, textos e materiais informativos diversos; inclusive audiovisuais e virtuais.

Uma aula não pode se limitar na transmissão de específico conhecimento na área de formação dos alunos; ela também se reveste de forma didática, ética, estética e, portanto, deve ser capaz de combinar conhecimento científico com literatura, artes, música, figura, expressão corporal, tecnologia educacional, razões geográficas e históricas, gosto, sentimento, prática, e tantas outras formas de expressão da vida quanto possa funcionar numa extensa rede interconectada nos campos de saberes multidisciplinares.

A sala de aula deve ser um cenário propício ao labor criativo e investigativo, de forma a permitir que todos os atores, estimulados por elementos fundamentais para o exercício do entendimento e da interpretação, façam-se operários na construção e, contínua reconstrução, do conhecimento. Esse cenário não pode perder de vista a própria identidade cultural e a pluralidade de significados que cada um tem acumulado na sua história pessoal, porque é na interpretação da identidade cultural e dos diferentes significados, linguagens e práticas, que se forma a base para o exercício da cidadania.

Um trabalho orientado para o entendimento e interpretação de informações e sinais leva os envolvidos a reconhecer o caráter constituinte, as tradições, as lembranças, as limitações e possibilidades de uma sociedade, em associações com a sua própria identidade para a valorização do presente. Daí, a concepção de que todo o trabalho escolar se concentra numa prática social, num contexto histórico e na realidade sentida de um lugar. Portanto, os textos e todos os materiais de estudos devem ser abertos à pluralidade de sentidos e de investigações, para que as interpretações e associações ocorram mediante fácil entendimento.

É nessa perspectiva de interpretação, principalmente no que se refere à utilização de materiais instrucionais como textos, figuras, recortes e tantos outros, que a recorrência à memória e vivências, mediada pelo estímulo a novas interpretações, pode possibilitar ao estudante criar significados e, por conseguinte, assumir novo posicionamento frente à realidade que tem a enfrentar. Pode dar-lhe o caráter de agente construtor de sua história; o que vai definir o seu preparo e disposição para a vida na sociedade e da sociedade para a sua vida. Cabe à sala de aula, no entanto, estabelecer uma metodologia dialógica e plural, em face dos diferentes olhares e da base teórica que se configura entre alunos & professor e alunos & colegas no bojo de processos capazes de combinar:
- estímulo para descobertas;
- identificação, investigação e avaliação do tema de estudo; entendimento dos fenômenos sociais;
- contextualização do tema em estudo; contextualização da situação-problema;
- identificação, decodificação e interpretação dos fenômenos para a construção de explicações;
- re-construção de significados e de sentidos para o passado, presente e futuro. Ressignificar e reconstruir para que se estabeleçam novas relações sociais e políticas tendo-se em vista a busca de uma vida melhor.
-exploração e apropriação simultâneas do quantitativo e qualitativo;
-expressão de descobertas e de resultados (temporários) com abertura para novas investigações.Aceitação e disposição para mudanças.

Pensemos, portanto, na importância do cenário da aula como um dos elementos estruturantes no espetáculo da aprendizagem, já que a imaginação e o comprometimento do aluno devem ser estimulados para a interpretação e reconstrução de significados. Os sentidos humanos devem ser considerados, principalmente quando da utilização de recursos didáticos capazes de romper os espaços narrativo e repetitivo para avançar na manifestação de idéias e criação de enunciados.

Todo o instrumental da aula deve permitir uma dialogicidade fluente entre o aprendiz, o objeto de estudo e o meio que os cercam. Em decorrência dessa reciprocidade, a produção e a utilização de textos e de todos os materiais instrucionais devem exprimir qualidade e organização direcionadas para garantir interesse e sinergia no cotidiano dos estudos. Nessa perspectiva, alguns elementos-chave merecem ser observados, como a saber:

- deve ser constante, agradável, recíproca e confiável a interação aluno-aluno e aluno-professor;
- o desafio para inter e multi-disciplinaridade deve estar incrustado na cultura da escola;
- a pesquisa (ensinando e aprendendo) deve ser praticada por todos; todo o tempo;
- o conhecimento científico deve ser associado a valores culturais, políticos, éticos e estéticos da aula;
- a utilização de ferramentas, técnicas e métodos deve considerar múltiplos recursos capazes de provocar estímulos positivos, despertar o gosto para descobertas e fomentar a formação de imagens e símbolos facilmente decodificáveis: textos, figuras, vídeos, jogos, animações etc...devem compor a narrativa da aula. A apropriação dos recursos deve ser avaliada em cada situação-problema e de acordo com o perfil (capacidade de assimilação e gosto) da classe.
- a avaliação de processos deve fluir, etapa por etapa, para identificar causa e efeito, para expressar obstáculos, progressos e possibilidades de novos caminhos;-- resultados parciais e gerais devem ser compartilhados e assimilados sob o prisma do senso comum;
- deve ser constante e natural o estímulo para que cada um, de modo próprio, faça-se corpo integrante da equipe de descobertas;
- processos e os seus resultados devem ser transparentes, sem aprisionamentos, de modo a se permitir que o conhecimento se amplie;
- descobertas e o conhecimento gerado devem ser tratados sob o enfoque da transformação; sob a ótica da diversidade e emancipação, da não linearidade; da não finitude.

A sala de aula, nessa perspectiva, passa a ter novo esboço, diferente das estruturas formais e conservadoras do ensinar e do aprender, para avançar em propostas participativas, nas quais a manifestação dos saberes resulta da interação teórico-prática; caótica; reconstrutiva; elástica. Portanto, tem multifaces, onde a linearidade se aplica em mergulhos numa específica investigação para, em seguida, incorporar-se em outras unidades organizadas sob enfoque sistêmico: num vice-versa entre as parte e o todo.

Bibliografia: Cortella, Mário Sérgio- A escola e o Conhecimento:fundamentos epistemológicos e políticos.4de.- São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2001.
Domingues,Ivan( Org)- Transdisciplinaridade na Educação.- Belo Horizonte; editora UFMG; IEAT,2001.
Demo,Pedro. Conhecer e Aprender: sabedoria dos limites e desafios. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
Freire, Paulo.- Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.-São Paulo: Paz e Terra,1996.
Gadotti, Moacir- Pensamento Pedagógico Brasileiro.- São Paulo: Ática, 2001.
Morais, Maria Cândida- O paradigma educacional emergente- Campinas, SP: Papirus,1997.
Moran, José Manuel;Masetto,Marcos T; Behrens,Marilda Aparecida.- Novas Tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus,2000.

 

Autor deste artigo: Célia Maria Corrêa Pereira - participante desde Ter, 10 de Agosto de 2004.

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