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Escrito por Angelo Fonseca Nogueira Junior   
Qua, 14 de Julho de 2004 21:00

A cada avaliação do ensino básico brasileiro chega-se à mesma conclusão: embora a maioria das crianças esteja na escola, apenas uma minoria aprende. Agora vamos mudar o foco desta conclusão: embora a maioria das crianças esteja na escola, esta só consegue ensinar a uma minoria. Estamos chegando mais próximo da realidade, não é mesmo? Afinal, o insucesso do estudante nada mais é do que o fracasso da escola.

Durante séculos, no Brasil, a escola pública foi elitista e seletiva. A exemplo do que ocorre hoje nas universidades públicas, oferecia um excelente ensino básico, porque selecionava os melhores alunos através dos exames de admissão. Universalizá-la teve um preço: o massacre da qualidade.

Oferecer escola para 98% das crianças depende de vontade política, ensiná-las depende de método. O aprendizado deriva de um conjunto de fatores e da atuação de diversos atores em seus variados papéis.

Um imenso contingente de crianças ingressa, a cada ano, no sistema escolar, sem trazer de casa nenhum lastro cultural, sem ter tido contato com livros, jornais ou revistas. O desafio de lidar com a diversidade se impõe e a maioria dos professores não está devidamente capacitada para enfrentá-lo. Como se isso já não bastasse, quantos estão aptos a trabalhar com o sistema de progressão continuada? E com a inclusão?

Além do mais, sucessivos governos investiram na expansão e na gestão dos sistemas educativos, esquecendo do professor. Valorizar a carreira do magistério, deixando de lado a pieguice de compará-la ao sacerdócio, é fundamental para torná-la tão atraente quanto outras, antes que ela se transforme no reduto dos que não tiveram melhores oportunidades. Professor desmotivado e saturado da sala de aula é o que não falta.

Os resultados do Saeb demonstram que os alunos encontram dificuldade para decifrar um texto escrito. Pudera! A estratégia usada no ensino da leitura está errada. Emaranhados em teorias mal compreendidas, muitos professores contentam-se com uma compreensão superficial do texto e, em nome da criatividade, incentivam a imaginação antes que se complete a cognição do que está escrito. Assim, as crianças passam a divagar sobre o que pensam ou o que o autor poderia estar pensando. Não é função do professor formar poetas mas sim cidadãos com competência em leitura que se usa no mundo real, a que migra da escola para a vida.

O resultado é que 55% dos alunos da 4ª série conseguem entender apenas frases simples - a isso se chama analfabetismo funcional. Os que concluem a 8ª série apresentam a performance que seria adequada aos da 4ª. Ao final do ensino médio, os alunos, que teoricamente estão aptos a cursar uma universidade, sabem apenas o que deveriam saber os da 8ª.

A educação é o mais importante fator para explicar por que alguns países se desenvolvem e outros não. No momento, quase todas as atenções se voltam para a universidade quando o primeiro e principal problema está na base.

Até quando vamos continuar fazendo diagnósticos, se não pretendemos tratar os pacientes?

 
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